HOJE É O DIA DO CENTENÁRIO de Luis Alonso Perez, o Lula, nascido na 4ª feira, 22 de fevereiro de 1922. Primeiro técnico brasileiro bicampeão da Libertadores e do Mundial de clubes em 62-63, ele dirigiu o Santos durante 12 anos consecutivos, em escalas pelo mundo, com aulas itinerantes da escola de bola de um gênio chamado Pelé. De 1954 a 1966, Lula: 943 jogos, 619 vitórias, 38 títulos.
PADEIRO E MOTORISTA DE TÁXI, Lula entrou no Santos aos 27 anos, em 1949, para ser subdiretor do futebol amador, e no mesmo ano de 1952, em que passou a técnico dos amadores, assumiu a equipe principal, com a saída de Aymoré Moreira. O Santos venceu o São Paulo por 1 x 0, em amistoso no sábado, 14 de junho, no Pacaembu, ele foi técnico em mais cinco jogos, e voltou a treinar os amadores.
VITÓRIA HISTÓRICA DO SANTOS, a 1ª no Maracanã, no 1º jogo oficial de Lula, no sábado, 5 de junho de 1954, por 3 x 2 no Botafogo pelo Rio-São Paulo, o grande torneio da época. Santos 1 x 0, gol de Tite. No 2º tempo, Botafogo 2 x 1, Dino e Garrincha, e Santos 3 x 2, Joel e Tite. O Santos havia sofrido seis derrotas Botafogo 2 x 1, Bangu 3 x 2, Vasco 3 x 1, Fluminense 3 x 2, Flamengo 3 x 2 e América 2 x 1.
O TIME DA 1ª VITÓRIA DE LULA, no 2-3-5 da época: Manga, Helvio e Feijó; Urubatão, Formiga e Zito; Joel, Walter, Alvaro, Vasconcelos (Hugo) e Tite. O Botafogo: Amauri, Tomé e Floriano; Arati, Bob e Juvenal; Garrincha, Dino, Carlyle, Jaime (Neivaldo) e Vinícius. Público: 5.905 pagantes. Árbitro: Carlos de Oliveira Monteiro, que só era tratado pelo apelido de Tijolo porque morava no bairro de Olaria.
LULA GANHOU COM O SANTOS os Rio-São Paulo de 59, 63, 64 e 66. Os Campeonatos Paulistas de 55, 56, 58, 60-61-62, 64-65. As Libertadores e os Mundiais de clubes de 62-63. Os torneios internacionais foram 12, com destaque para os dois no Parque dos Príncipes. No de 1960, 4 x 1 na final com o Racing – Coutinho (2), Pelé e Pepe -, e no de 1961, 6 x 3 no Benfica, pela 1ª vez campeão da Europa, 15 dias antes.
SANTOS DE LULA 4 x 0, com Lima, Pelé, Coutinho e Pepe, que fez 5 x 0 com 1 minuto do 2º tempo. Bela Guttmann, técnico húngaro, campeão paulista de 57 com o São Paulo, lançou Eusébio, aos 19 anos, que fez três gols, e Pelé fechou os 6 x 3. O Benfica seria base da seleção, e Eusébio, o artilheiro da Copa de 66, em que Portugal ficou em 3º, sua melhor classificação, dirigido pelo carioca Oto Glória.
LULA SEMPRE PRIORIZOU o futebol ofensivo: “O time pode sofrer quatro gols, mas se fizer cinco, o torcedor vai sair feliz” – disse ele ao comentar os 6 x 3 da final do Torneio de Paris de 61: “Um jogo com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe sempre vai ter muito gol”, lembrando que o ataque do Benfica também era excelente: José Augusto, Santana (Eusébio), Águas, Coluna e Cavém.
LULA DAVA DE OMBROS quando diziam que ele jogava as camisas para o alto no vestiário e quem as pegasse jogava. Preferia pôr na conta de uma brincadeira que fazia parte do folclore do futebol. Além de Pelé, Coutinho, que viu em Piracicaba e levou para a Vila Belmiro, Clodoaldo e outros notáveis, Lula também promoveu Del Vecchio e Pagão, ídolo de Chico Buarque, artilheiros notáveis.
LULA TEVE AMIGOS ESPECIAIS, entre eles Pablo Picasso – 1881 – 1973 -, pintor, escultor, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol, que viveu a maior parte de seus 91 anos na Costa Azul francesa. Figura marcante da arte do século XX, Picasso ofereceu a Lula cinco gravuras, ao recebê-lo em sua casa de Mougins, no Sul da França.
PABLO PICASSO FOI O 1º ARTISTA VIVO, ao completar 90 anos em 1971, a ter suas obras expostas na grande galeria do Louvre, o maior museu de arte do mundo e monumento histórico de Paris. Admirador de Lula e do futebol do Santos, Picasso visitava a delegação, sempre que o Santos ia a Paris, e ganhou de Lula a camisa 10, autografada por Pelé, pelos jogadores e por ele.
CASADO COM YVETE Simões Alonso, esposa e mãe exemplar, Lula teve Luis, Marcos e Leonor, que formavam o quarteto de sua paixão. O filho Marcos sempre lamentou que o pai nunca tenha sido convidado a dirigir a seleção, estranhando a preferência da CBD (hoje CBF) pelos técnicos cariocas. Lula morreu na 5ª feira, 15 de junho de 1972, aos 50 anos, devido às complicações de um transplante de rim.
Fotos: Terceiro Tempo, Acervo Histórico do Santos FC, ESPN e Gazeta Press