O PONTA-DIREITA CANÁRIO, vice-campeão carioca em 1955 no América, foi o primeiro brasileiro campeão da Liga dos Campeões, quando o Real Madrid ganhou, em 1959-60, o 5º dos 13 títulos de recordista, com 7 x 3 no Eintracht Frankfurt, a maior goleada de uma final do mais importante torneio de clubes do mundo. Aos 88 anos, que completou na última 3ª (24), Canário é sócio de uma rede de hotéis em Zaragoza.
REVELADO NO OLARIA, Canário jogou de 55 a 59 no América e foi comprado pelo Real Madrid, indicado pelo paraguaio Fleitas Solich, técnico tricampeão carioca no Flamengo (53-54-55). Na época em que futebol tinha cinco atacantes, o do Real Madrid era notável: Canário, Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento. O Real Madrid, tetracampeão, ganhou duas finais com o Reims, uma com o Milan, outra com a Fiorentina.
OS OBSERVADORES achavam que a 5ª final consecutiva, com o Eintracht Frankfurt, seria diferente porque o campeão alemão havia feito 12 gols nos dois jogos das semifinais com o escocês Glasgow Rangers. E foi. O Real Madrid aplicou a maior goleada da história das finais: 7 x 3. Quatro gols de Puskas, 3 de Di Stefano. “É surreal, parece filme de ficção, mas estamos vendo que são de carne e osso”, disseram os analistas.
BILL SHANKLY, durante 15 anos técnico do Liverpool, que o homenageou com uma estátua no estádio de Anfield Road, inspirou-se no Real Madrid, todo de branco, e o Liverpool passou a usar, desde então, uniforme vermelho: “Uma só cor, como o branco do Real Madrid, dá mais personalidade e impõe mais respeito”. As histórias do futebol remontam épocas e a cada dia se aprende sempre mais uma.
CANÁRIO, DEL SOL, DI STEFANO, PUSKAS e GENTO foi o ataque de ouro do Real Madrid. Canário desfaz a versão de que Didi, campeão mundial em 58, foi boicotado por Di Stefano, e garante: “Didi não se adaptou ao frio de Madrid. Tive pena dele, após um jogo que ganhamos na neve. Ele correu em desespero para o vestiário e ficou bons minutos tomando banho quente. Ele realmente não se sentia bem com o frio”.
REAL MADRID 7 x 3 EINTRACHT FRANKFURT, na 4ª feira, 18 de maio de 1960, no Hampden Park, em Glasgow, não registrou só a maior goleada de uma final da Liga dos Campeões, mas também outro recorde, de todos os tempos, de uma final europeia: 127.621 pagantes, em jogo de nove faltas (três do Real Madrid), apitado pelo escocês John Mowatt, em noite de 14 graus na cidade portuária de Glasgow, segunda maior da Escócia.
BOM LEMBRAR: Rogelio Dominguez, Marquitos, Santa Maria e Pachi; Zárraga e Vidal; Canário, Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento – o time do 5º título consecutivo de campeão europeu do Real Madrid, do técnico Miguel Muñoz, que já na época utilizava três zagueiros. O argentino Alfredo Di Stefano, único presidente de honra da história do clube, foi também pai técnico e tático do holandês Cruyff, o que ajuda a explicar o brilho de outro entre os maiores do mundo.
Foto: Imortais do Futebol