Hoje, 17 de julho de 2019, faz 25 anos que o Brasil ganhou pela quarta vez a Copa do Mundo, que entrou para a história por ter sido a primeira conquistada sem Pelé – campeão em 58, 62 e 70 – e a primeira decidida em pênaltis, após 120 minutos sem gol. Foi a primeira final das quinze Copas entre duas seleções três vezes campeãs e que haviam decidido em 1970, no México, primeira sede fora da América do Sul e da Europa. A Copa de 1994 foi a décima quinta e a primeira nos Estados Unidos.
O LONGO JEJUM – Único em todas as 21 Copas, de 1930 a 2018, o Brasil estava sem o título no mais longo período de sua história: cinco Copas sem ser campeão. E teve, outra vez, a participação fundamental de Zagallo, primeiro campeão como jogador (1958 e 1962, titular em todos os jogos) e técnico, o mais jovem, dois meses antes de completar 39 anos em 1970. O suporte de Zagallo a Parreira, então aos 51 anos, foi da mais alta importância para a trajetória da campanha invicta nos sete jogos da seleção de 1994.
SÓ TRÊS GOLS – O Brasil sofreu só três gols em sete jogos, no 1 x 1 das oitavas com a Suécia e nos 3 x 2 das quartas com a Holanda, jogo que o lateral Branco decidiu com a mais perfeita cobrança de falta, em sua estreia na Copa, após a expulsão de Leonardo no jogo anterior com os Estados Unidos, em que Bebeto, abrindo os braços, disse a Romário, “Eu te amo”, após receber o passe para marcar o gol do jogo. A seleção fez onze gols, equilibrando os desempenhos defensivo e ofensivo.
EMBALA NENÉM – Uma imagem que correu o mundo foi a do embala neném, com Bebeto, ladeado por Mazinho e Romário, na beira do gramado do estádio Cotton Bowl, em Dallas, comemorando o segundo gol na Holanda, dedicado ao filho Mateus, nascido no Rio dois dias antes (7 de julho). Nenhum momento foi tão ternura e tão família na Copa de 94. Mas, o que Bebeto, na época jogador do Deportivo La Coruña, nem imaginava, é que sua criação seria copiada por muitos jogadores mundo afora.
OS CAMPEÕES – Na final de 17 de julho de 94, em tarde de muito sol e calor insuportável na Califórnia, o estádio Rose Bowl, em Pasadena, recebeu 94.194 pagantes. O x 0 teimoso nos 90 e na prorrogação de 30 minutos, com o árbitro húngaro Sandor Puhl usando três toalhinhas para enxugar o rosto e o cangote. Brasil 3 x 2 nos pênaltis – Romário, Branco e Dunga converteram – e Bebeto nem precisou bater o último porque depois que Franco Baresi e Marcio Santos perderam os primeiros, Daniele Massaro perdeu o terceiro, de nada valendo que Albertíni e Evani houvessem convertido.
“QUATRO BRASILEIROS” – A saída de jogadores aumentava a cada temporada e só quatro que jogavam no Brasil – dois entraram no decorrer do jogo – estavam na seleção da final, como mostra a escalação: Taffarel (Reggiana), Jorginho (Bayern) depois Cafu (Roma), Aldair (Roma), Marcio Santos(Bordeaux) e Branco (Fluminense); Mauro Silva (Deportivo La Coruña), Dunga (Stuttgart), Mazinho (Palmeiras) e Zinho (Palmeiras) depois Viola(Corinthians); Bebeto (Deportivo La Coruña) e Romário (Barcelona).
AYRTON SENNA – A seleção homenageou o supercampeão da Fórmula 1 e foi muito aplaudida pelos torcedores, que ficaram até o fim da premiação – medalhas e a taça -, ao exibir a faixa SENNA, aceleramos juntos! O Tetra é nosso! Ayrton Senna, paulistano de 21 de março de 1960, havia morrido dia 1 de maio, aos 34 anos, na curva do Tamborello, no Grande Prêmio de Ímola, na Itália.
RECORDE ABSOLUTO – Em um país sem tradição no futebol, mas insuperável na organização de espetáculos, a Copa do Mundo de 1994 bateu todos os recordes de público da história das Copas, a quarta e última com 24 seleções. Nos 52 jogos, o total de pagantes foi de 3.587.538, com a média de 68.991 por jogo. Deslumbrante, simplesmente inesquecível, o show de Diana Ross – diva de soul, jazz e pop, com mais de 100 milhões de cópias vendidas -, na abertura da Copa, no Soldier Field, belo estádio de Chicago.
QUASE 250 CARTÕES – A Copa de 94 registrou 232 cartões amarelos e 15 vermelhos, o primeiro do atacante boliviano Marco Etcheverry, logo no jogo de abertura, após agredir o alemão Jurgen Klinsmann, que havia feito o gol único do jogo. Ele saiu ouvindo a maior vaia de sua carreira. O lateral Leonardo foi o oitavo dos onze brasileiros expulsos em 21 Copas, após a cotovelada no atacante americano Tab Ramos, aos 43 do primeiro tempo, no 4 de julho da Independência dos Estados Unidos.
ROMÁRIO ARTILHEIRO – Dos 141 gols, média de 2.71 nos 52 jogos, Romário fez cinco e foi o artilheiro do Brasil e vice da Copa, a um gol do búlgaro Hristo Stoichkov e do russo Oleg Salenko, com seis, porque na maior goleada, Salenko fez cinco nos 6 x 1 da Rússia sobre Camarões. Mas, no pódio da premiação, Romário foi o craque; o belga Michel Preud’homme, o melhor goleiro; o meia-atacante holandês Marc Overmars, a revelação, e o Brasil ganhou o troféu Fair Play.
Foto: Shaun Botterill / Allsport