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Alegra-me registrar, nesta primeira sexta-feira de abril de 2021, os 50 anos de Edmundo, campeão e artilheiro no Vasco e no Palmeiras, clubes em que soube valorizar os 16 anos de atividade, como um dos profissionais que fizeram história, e cuja carreira tive a alegria de acompanhar, enquanto repórter da época de ouro do rádio. Entre 92 e 2008, Edmundo marcou 137 gols e ganhou 115 dos 244 jogos pelo Vasco, e no Palmeiras, fez 99 gols em 125 vitórias nos 223 jogos. 

FUTSAL – Edmundo ganhou toda a habilidade, que o tornou um dos jogadores mais técnicos do futebol brasileiro, no futsal do Fonseca, bairro de Niterói, onde nasceu em 2 de abril de 1971. Pouco depois de breve passagem pelos juvenis do Botafogo, de onde saiu porque andava nu na concentração, o professor de judô, namorado de sua tia, levou-o ao Vasco. Destacou-se nos juniores, e estreou no time principal, no domingo, 26 de janeiro de 92, na goleada de 4 x 1 no Corinthians, no Pacaembu.

SELEÇÃO – Seis meses depois, revelação do Campeonato Carioca e com a sequência de gols, Edmundo estava na seleção brasileira, que ganhou em agosto de 92 a Copa da Amizade, no Coliseu de Los Angeles, com 5 x 0 no México e 1 x 0 nos Estados Unidos. Entre 92 e 2000, foram 25 vitórias em 39 jogos, 10 gols e vice-campeão do mundo em 98, quando esteve para ser titular na decisão com a França, mas Ronaldo Fenômeno voltou de exame em hospital pouco antes do início do jogo.

TRICAMPEÃO – Edmundo ganhou três estaduais consecutivos: no Vasco em 92 e no Palmeiras em 93 e 94, anos em que também foi bicampeão brasileiro como uma das figuras notáveis da equipe, que tinha Rivaldo, Roberto Carlos, Zinho, Cesar Sampaio, Mazinho e seus parceiros de ataque Edilson e Evair. No Vasco, em 97, campeão brasileiro e artilheiro com 29 gols em 28 jogos, com destaque para os seis gols que marcou nos 6 x 0 no União São João de Araras, em que ainda perdeu pênalti.

CARREATA – Em 1995, ano do centenário do Flamengo, Edmundo subiu no caminhão do Corpo de Bombeiros, acompanhado de carreata em um desfile que ocupou todo o espaço da mídia. Estava formado o que o Flamengo imaginou ser o ataque dos sonhos: Romário, Sávio, Edmundo, mas não funcionou. Magoados, os vascaínos usaram a música da antiga Varig e faziam coro: pior ataque do mundo, pior ataque do mundo. Irritado, Edmundo exibiu a genitália para os torcedores do Vasco.

TRÊS GOLS – Em 96, na volta ao Vasco, a torcida foi ao delírio quando Edmundo fez três gols nos 4 x 1 no Flamengo. No título brasileiro de 97, ele voltou a fazer dupla com Evair, e a equipe tinha outros notáveis: Ramon, Felipe, Juninho, Mauro Galvão e Carlos Germano, campeões da Libertadores em 98, título que Edmundo não ganhou porque estava na Itália. Comprado por 9 milhões de dólares, formou dupla com o artilheiro argentino Batistuta, e a Fiorentina terminou o campeonato em terceiro.

DE 9 POR 15 – Edmundo desentendeu-se com o técnico Giovanni Trapattoni e foi curtir o Carnaval de 99 no Rio. Na volta, ficou pouco e o Vasco aproveitou para repatriá-lo. Vendido por 9, voltou por 15 milhões de dólares, e o Vasco teve que fazer empréstimo no Nations Bank. No Mundial de clubes de 2000, após 120 minutos de 0 x 0 com o Corinthians, Edmundo perdeu pênalti e o Vasco, o título. “Nem gosto de lembrar. Foi o pior momento de toda a minha carreira”.

FICOU LIVRE – Edmundo cobrava todo santo dia o atraso de pagamento, e o Vasco o emprestou ao Santos, onde não foi diferente. Desgastado, entrou com ação na justiça e ficou livre, acertando com o Cruzeiro, onde também, e já naquela época, o mês tinha mais de 30 dias… Após nova saída, para o Napoli e Tokyo Verdy e Urawa Red, em 2006 voltou ao Palmeiras após 11, mas não renovou porque o salário era alto (R$120 mil). 

50 POR CENTO – Sem acordo com o Palmeiras, Edmundo demorou a acertar a volta ao Vasco porque havia entrado na justiça pedindo R$14 milhões. Para encurtar a conversa, aceitou receber a metade. Os problemas de atraso voltaram e restou o jogo de despedida, que pediu para ser com o Barcelona do Equador, revivendo a final da Libertadores que não ganhou por estar na Fiorentina. Fez dois gols, o Vasco disparou 9 x 1 em São Januário superlotado e a torcida o aplaudindo de pé. 

O CORAÇÃO – Pouco depois de sair do Palmeiras, bicampeão paulista e brasileiro, Edmundo admitiu: “Deveria ter seguido o Marcos (goleiro), que só jogou no Palmeiras”. No entanto, o coração do artilheiro estava dividido e ele repetiu mais adiante: “O melhor que eu deveria ter feito foi não ter saído do Vasco”. Com 136 gols no Campeonato Brasileiro, Edmundo é o terceiro maior artilheiro, depois de Romário (155) e Roberto Dinamite (190). Parabéns, Edmundo, pela carreira e pelo aniversário! 

Fotos: Gazeta Esportiva, 101FM, Lance, Wikipédia, Torcedores, Galácticos Online, Reprodução