NESTE SÁBADO, 20 de janeiro de 2024, faz 57 anos da morte de Garrincha, que o notável poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade definiu assim: “Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo farsante, e Garrincha foi um de seus delegados a zombar de tudo e de todos nos estádios”.

GARRINCHA não tinha nada para dar certo: estrábico, corrigiu a visão dupla com tratamento; tinha desequilíbrio da pelve, com a perna direita seis centímetros mais curta que a esquerda. Teria nascido assim, mas houve depoimentos de médicos de que tal caracteristica tenha sido sequela de uma poliomielite durante a infância.

FUNCIONÁRIO da Nova América, fábrica de tecidos de Ademar Bebiano, então presidente do Botafogo, Garrincha havia sido recusado no Vasco e no São Cristóvão. No primeiro treino no Botafogo, “entortou” Nilton Santos, que resumiu: “Quero ele no meu time, não contra mim”. Garrincha ficou por dois mil cruzeiros…

GARRINCHA estreou no Carioca, com três gols dos 6 x 3 no Bonsucesso, domingo, 28 de junho de 1953, no estádio da Avenida Teixeira de Castro. O time, no 2-3-5 da época: Gilson, Gerson e Nilton Santos; Arati, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Dino, Ariosto e Vinicius, sob a orientação do técnico Gentil Alves Cardoso.

O BOTAFOGO começou a lucrar com Garrincha, dois anos depois, em excursão à Europa, quando ele “entortava” os marcadores e deixava Dino e Vinicius “na cara do gol”. Dino foi vendido para a Roma e Vinicius para o Napoli. Campeão carioca em 57/61/62, Garrincha marcou 277 gols em 702 jogos.

O PSICÓLOGO paulista João Carvalhaes, então aos 41 anos, primeiro da história da seleção brasileira, desaconselhou o técnico Vicente Feola a levar Garrincha e Pelé à Copa de 58, “porque não suportariam a pressão: Garrincha, por falta de equilíbrio; Pelé, por inexperiência”…

CASO ÚNICO DO FUTEBOL MUNDIAL, Garrincha e Pelé nunca perderam jogando juntos pela seleção: 36 vitórias, 4 empates, 55 gols (44 de Pelé, 11 de Garrincha), de 18 de maio de 58 a 12 de julho de 66. Estrearam juntos na Copa em 15 de junho de 1958, 2 x 0 na União Soviética, gols de Vavá, em jogadas de Garrincha.

2 x 0 NA BULGÁRIA, na estreia da Copa de 66, em 12 de julho, foi o último e o único em que cada um fez gol: Garrincha, de falta, e Pelé, com bola rolando. O Brasil foi eliminado com derrotas por 3 x 1 para a Hungria, sem Pelé, e 3 x 1 para Portugal, sem Garrincha.

FORA DE CAMPO, Garrincha também sempre bateu uma bola redonda: teve 14 filhos: oito com a esposa Nair, primeira namorada, em Pau Grande, distrito de Magé; um com Elza Soares; quatro sem parceiras reveladas, e até o sueco Ulf Lindberg, com a namorada da excursão de 1959 do Botafogo.

Fotos: Site Cruzou é Gol