Em pé, o técnico Vicente Feola, Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar. Agachados, Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagalo e o preparador físico Paulo Amaral.

NESTA 5ª FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2023, faz 65 anos que o Brasil ganhou pela primeira vez a Copa do Mundo, com a virada por 5 x 2 na Suécia, diante de 49.737 pagantes, em tarde nublada, no Estádio Rasunda, da capital Estocolmo. Na campanha de seis jogos, 3 x 0 na Áustria; 0 x 0 com a Inglaterra; 2 x 0 na União Soviética, hoje Rússia; 1 x 0 no País de Gales; 5 x 2 na França e 5 x 2 na Suécia, que fez 1 x 0 aos 4 minutos, mas o Brasil virou com 2 de Vavá no 1º tempo.

FOI A 6ª COPA DO MUNDO, única que uma seleção sul-americana ganhou na Europa, com 16 seleções, 35 jogos, 126 gols, média de 3.6 gols por jogo. A Copa em que o Brasil teve o craque Didi; a revelação Pelé, o mais jovem a fazer gol e campeão, aos 17 anos 239 dias, e em que o francês Just Fontaine, em sua única Copa, aos 25 anos, bateu o recorde de gols, com 13, em 6 jogos, marca ainda não igualada até a Copa de 2022, última das sete com 32 seleções.

Orlando, Pelé chorando no ombro de Gilmar, e Didi

UMA DAS CENAS MARCANTES da final de 29 de junho de 1958 quando a do meia Didi, após o gol da Suécia, aos 4 minutos, ir ao fundo das redes, pegar a bola e caminhar até o centro do gramado, com toda calma do mundo, para a nova saída. O autor do gol, Nils Liedholm, tetracampeão italiano no Milan, tornou-se o mais velho a marcar em final de Copa do Mundo, aos 35 anos 263 dias. Tempos depois comentou: “Era impossível ganhar de uma seleção de gênios”.

O capitão Bellini ergue a taça, ao lado do rei Gustavo VI

FOI A 1ª COPA DE PELÉ E GARRINCHA, que juntos na seleção em três Copas consecutivas, nunca perderam em 40 jogos: 36 vitórias, 4 empates, 44 gols de Pelé, 11 gols de Garrincha. Na última Copa que disputaram, Pelé e Garrincha fizeram os gols dos 2 x 0 na estreia com a Bulgária. No jogo seguinte, Pelé não jogou na derrota (3 x 1) para a Hungria, e Garrincha não jogou na derrota (3 x 1) para Portugal, quando foi eliminado na fase de grupos.

A SELEÇÃO DA GRANDE FINAL, no 4-2-4 da época: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo.  Vicente Feola, paulistano de 49 anos, ex-meia e técnico, até os dias atuais, recordista de jogos do São Paulo, com 532, comandou o time bicampeão paulista de 48-49. Dirigiu a seleção de 1964 a 1966 em 44 jogos, com 32 vitórias, 5 derrotas, 7 empates. 

A volta olímpica da seleção com a bandeira da Suécia

DJALMA SANTOS só entrou na final, substituindo De Sordi, que se contundiu na semifinal com a França. Dos 11 da decisão, seis participaram de todos os jogos: Gilmar, Bellini, Orlando, Nilton Santos, Didi e Zagalo. Zito, Garrincha, Pelé e Vavá iniciaram na reserva de Dino Sani, Joel, Dida e Mazzola. 

  • A CAMISA 10, que Pelé usou pela primeira vez, e tornou referência de artilheiro, foi escolhida de casualidade. A delegação do Brasil mandou a relação dos jogadores, mas não o número da camisa, o que foi feito por um funcionário da Fifa, tanto que o goleiro Gilmar foi 3, Zagalo 7, Didi 6, Nilton Santos 12 e Garrincha 11. Nos 3 x 0 da estreia com a Áustria, Nilton Santos fez o único gol das quatro Copas de que participou: 1950 (reserva), 1954, 1958 e 1962.
  • O BRASIL só havia levado camisa amarela e perdeu o sorteio da final em que jogou de camisa azul escuro, que o roupeiro Francisco Assis conseguiu encontrar em uma loja a dois kms do hotel onde a seleção estava concentrada. Pagou 35 dólares por 13 camisas, e tirou o escudo da então CBD, hoje CBF, para colocar na nova camisa.

Zagallo marcou o 4º gol dos 5 x 2 na final de 1958

  • A SELEÇÃO BRASILEIRA não era bem informada na Copa de 58. Depois do 0 x 0 com a Inglaterra, no segundo jogo, os jogadores ainda ficaram alguns minutos em campo. Sem orientação, eles pensaram que poderia haver prorrogação.
  • O PAULISTANO Paulo Machado de Carvalho, então aos 59 anos, chefe da delegação, sentiu que alguns jogadores supersticiosos não gostaram, mas falou alto no vestiário: “Vamos ser campeões com a camisa da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroteira do nosso Brasil”. Paulo, dono da Rede Record, foi presidente do São Paulo.

Pelé (10) abraçado por Nilton Santos, entre Garrincha (11) e o goleiro Gilmar

  • ASSIM QUE A SELEÇÃO chegou à Suécia, era servida por belas garçonetes louras de olhos azuis. Paulo Machado de Carvalho chamou o gerente do hotel e o convenceu a que as refeições das seleções fossem servidas por garçons, e pagou para que as garçonetes entrassem em férias. Depois, ele resumiu: “Conheço bem a minha tropa”…
  • A PEDIDO do doutor Paulo, como era tratado, o massagista Mario Américo aproveitou a distração do francês Maurice Guigue, árbitro do jogo, para tirar-lhe a bola das mãos e correr para o vestiário. A bola está no Museu do Futebol, no Pacaembu, que passou a ser Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. Mario Américo foi dos primeiros massagistas a levar instruções dos técnicos aos jogadores, e ganhou o apelido de pombo-correio.
  • OS TIMES DE CADA UM: Gilmar (Corinthians), Djalma Santos (Portuguesa de Desportos), Bellini (Vasco), Orlando (Vasco) e Nilton Santos (Botafogo); Zito (Santos) e Didi (Botafogo); Garrincha (Botafogo), Vavá (Vasco), Pelé (Santos) e Zagalo (Flamengo, saindo para o Botafogo após a Copa). Os que iniciaram titulares: De Sordi e Dino Sani (São Paulo); Joel e Dida (Flamengo) e Mazzola (Palmeiras).
  • HISTORINHA FINAL: Garrincha pediu a Didi que comprasse um rádio para ouvir notícias do Brasil. No dia seguinte, depois de pagar os 15 dólares, reclamou: “Eu não entendo nada do que falam nesse rádio, Didi”, ao que o meia respondeu: “Quando a gente voltar ao Brasil, você vai ligar e vai entender”…