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PEPE, O PODEROSO CANHÃO DA VILA, comemora hoje 87 anos, nascido no sábado de Carnaval, 25 de fevereiro de 1922, às 8 da noite, em casa, na Rua João Pessoa 255, no Centro de Santos, a mesma que passou a se chamar Rua do Rosário, quando o Santos F.C. foi fundado no domingo, 14 de abril de 1912. Pepe viria a ser o 2º artilheiro e o recordista de títulos do único clube em que jogou durante 15 anos.

PEPE ENTROU PELA PRIMEIRA VEZ na Vila Belmiro, na 6ª feira, 4 de maio de 1951, aos 16 anos, a convite do goleiro Cobrinha, com quem jogava no time amador do São Vicente, da Baixada Santista, para onde a família se mudou quando ele tinha sete anos. Cobrinha já era do infantil do Santos e o apresentou a Lula, que só o dirigiu nos juvenis, em 52 e 53, mostrando-se animado com seus treinos e jogos.

PEPE ESTREOU NA EQUIPE PRINCIPAL do Santos, no domingo, 23 de maio de 1954, no estádio do Pacaembu. Teve boa atuação, o Santos fez 1 x 0, gol do meia Vasconcelos, mas perdeu de virada para o Fluminense por 2 x 1, gols do ponta-esquerda Quincas. Em 55, Pepe firmou-se como titular, cobrador de faltas e de pênaltis, e ganhou o 1º título de campeão paulista.

ALÉM DE TER SIDO O 1º, o título teve sabor especial para Pepe, que marcou o gol da vitória na final com o Taubaté por 2 x 1, e dividiu com Jair Rosa Pinto, as 12 assistências para os 23 gols do artilheiro Del Vecchio. E mais: o Santos acabou com o jejum, e voltou a ser campeão, 20 anos depois que ele nasceu em 1935. Era o início da longa série vitoriosa do maior campeão paulista do Santos com 12 títulos.

PEPE FOI TITULAR DO SANTOS de 1954 a 1969. Do tipo alegre e brincalhão, sempre de bem com a vida,  costuma dizer brincando: “Eu sou o maior artilheiro do Santos”, emendando com um sorriso: “O Pelé era de outro planeta”. Pepe marcou 403 gols em 741 jogos, e além de Pelé, com 1.091 com a camisa do Santos, só Roberto Dinamite, com mais de 600, e Zico, com mais de 500, fizeram mais gols que ele.

FOI O CHUTE VIOLENTO, que chegava à incrível velocidade de 122 km/hora, que lhe valeu o apelido de Canhão da Vila. Dos 11 títulos paulistas, Pepe foi duas vezes bi, em 55-56 e em 64-65, e duas vezes tri, em 60-61-62 e 67-68-69, e lembra: “Poderíamos ter sido tetra, mas o São Paulo montou um bom time e foi campeão em 57, com o Zizinho, quase aos 40, ainda jogando uma barbaridade”.

NO JOGO 500 DE PEPE, na noite da 4ª feira, 5 de dezembro de 1962, sob muita chuva no Pacaembu, ele ganhou o 7º título de campeão paulista, com a goleada de 5 x 2 no São Paulo. Outra noite inesquecível, a de 3 de maio de 69, quando deu a volta olímpica na Vila Belmiro, sob aplausos de 23 mil torcedores, antes de Santos 0 x 1 Palmeiras. O presidente Athié Jorge Cury entregou-lhe uma placa de prata pelos 25 títulos de campeão e pela carreira brilhante de 741 jogos e 403 gols, recém-encerrada.

PRIMEIRO BRASILEIRO campeão duas vezes consecutivas da Libertadores e do Mundial de clubes, em 62-63, o Santos contou sempre com os gols de falta de Pepe, como os dois da virada de 4 x 2 no Milan, no Maracanã, com 132.728 pagantes, devolvendo os 4 x 2 do Milan, em San Siro, e levando ao desempate, sem Pelé, com distensão na coxa, Santos 1 x 0, gol do lateral Dalmo, de pênalti, com 120.421 pagantes.

O MORUMBI HAVIA sido inaugurado em outubro de 60, mas era no Maracanã que o Santos se sentia em casa, recorda Pepe. Na final do 1º Mundial, com 3 x 2 e 5 x 2, no 2º jogo em Lisboa, o Maracanã registrou 85.459 pagantes, na noite da 4ª feira, 19 de setembro. O Santos era tão incentivado e aplaudido quanto se estivesse em sua Vila Belmiro. Os cariocas gostavam da escola de bola do alvinegro praiano.

PEPE MARCOU O GOL DA VITÓRIA por 1 x 0 sobre o Fluminense, pelo Rio-São Paulo, no primeiro jogo da volta ao Maracanã, após o bi Mundial de clubes, no domingo, 22 de março de 64. O Santos foi elegante e reconhecido: cada jogador vestia a camisa de um time carioca, e lado a lado, retribuía os aplausos dos torcedores. Pepe usou a camisa 11 do Vasco, time da preferência de seu pai, o espanhol José Macía.

PEPE MARCOU 22 GOLS em 40 jogos, com 29 vitórias pela seleção brasileira, desde o 0 x 0 da estreia em 8 de julho de 56 pela Taça do Atlântico, em Buenos Aires, dirigido pelo técnico Flávio Costa, aos 5 x 0 sobre Israel, no amistoso do último jogo em Tel Aviv, em 19 de maio de 63, comandado por Aymoré Moreira. Fez parte da seleção bicampeã do mundo em 58 e 62, suplente de Zagallo em todos os jogos.

A SELEÇÃO DA ESTREIA DE PEPE: Gilmar (Corinthians), Djalma Santos (Portuguesa), Edson (América), Zózimo (Bangu) e Nilton Santos (Botafogo); Formiga (Santos) e Didi (Botafogo); Canário (América) depois Maurinho (São Paulo), Zizinho (Bangu) depois Luisinho (Corinthians), Leônidas (América) e Ferreira (América) depois Pepe (Santos).  Buenos Aires, 8 de julho de 1956, Argentina 0 x 0 Brasil. 

A SELEÇÃO DA DESPEDIDA DE PEPE: Gilmar (Santos) depois Marcial (Atlético Mineiro), Djalma Santos (Palmeiras) depois Eduardo (Corinthians), Roberto Dias (São Paulo) e Rildo (Botafogo); Zequinha (Palmeiras) e Gerson (Flamengo); Marcos (Corinthians), Quarentinha (Botafogo) depois Ney Oliveira (Corinthians), Amarildo (Botafogo) e Zagalo (Botafogo) depois Pepe (Santos). Tel Aviv, 19 de maio de 63, amistoso, Israel 0 x 5 Brasil, Quarentinha (2), Amarildo (2) e Zequinha.

O JOGO INESQUECÍVEL DE PEPE com a seleção foi o que marcou o gol de falta no lendário goleiro inglês Gordon Banks, empatando em 1 x 1 o amistoso da 4ª feira, 8 de maio de 1963, diante de 92 mil torcedores, no Estádio Imperial de Wembley. Pelé e Zito não participaram, devido às escoriações na batida do táxi em que voltavam para o hotel, após a manhã livre da véspera para passear em Londres. 

PEPE INICIOU COMO TÉCNICO em 69 na base do Santos e assumiu o time principal em 72, consolidando-se com mais títulos de campeão paulista, em 1973, o último de Pelé. Pepe foi o 3º técnico com mais jogos no Santos (371); no São Paulo, em 45 jogos, com 22 vitórias, campeão brasileiro de 86, ano em que também foi campeão paulista com a Internacional de Limeira.

PEPE FOI TÉCNICO DE GUARDIOLA, meio-campo do Al-Ahli do Catar, em 2004-2005. Foi campeão japonês em 91-92 no Verdy Kawasaki. Antes, campeão cearense em 85 com o Fortaleza, e campeão da Série B com a Internacional de Limeira em 88 e com o Athletico Paranaense em 95. Os sucessores de Pepe na ponta-esquerda do Santos foram Abel, comprado do América em 66, e Edu, formado na base, que o substituiu no 2º tempo de Santos 2 x 1 América de Rio Preto, em 19 de março de 69.

PEPE TEM TODAS as súmulas dos jogos, que começou a fazer desde infantil, em 1951. Ganhou o prêmio Belfort Duarte de disciplina, em 21 de setembro de 1967, ao completar 10 anos sem ser expulso. A Federação Paulista o homenageou em 2021, com o prêmio Pepe para o autor do gol mais bonito do campeonato. Seu nome é igual ao do pai, José Macía, porque, ao registrá-lo, o tabelião não acrescentou Filho.

Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC, Ensp, CBF, Twitter, O Curioso do futebol,