Segunda-feira, 9 de agosto de 2021, dia especial dos 90 anos do supercampeão Mario Jorge Lobo Zagallo, nascido no domingo, 9 de agosto de 1931, em Atalaia, município da região noroeste de Alagoas, a 48 km da capital Maceió, e criado desde os cinco anos na Tijuca, bairro elegante da Zona Norte carioca. O pai, Aroldo, queria que fosse contador para ajudá-lo na fábrica de tecidos da família, mas a paixão pelo futebol o levou ao América para o início da carreira em 1949.
TORNEIO INÍCIO – De 1918 a 1965, o Torneio Início era a festa da abertura do Campeonato Carioca, com jogos de vinte minutos, com troca de campo aos dez e decisão em pênaltis, em caso de empate. Só o jogo final era em meia hora, com dois tempos de quinze. O Torneio Início de 1949, um ano antes da inauguração do Maracanã, foi o único do América, com Zagallo, aos 18 anos, vencendo o Bangu por 1 x 0, na final do domingo, 23 de junho de 1949, nas Laranjeiras.
PRIMEIRO TRI – Depois de prestar o serviço militar no Exército, quando viu o Brasil perder a Copa de 50 como soldado no Maracanã, Zagallo foi para o Flamengo, e fez parte da história do primeiro tricampeonato, no então maior estádio do mundo. No primeiro título, só participou de um dos 27 jogos, na vitória (3 x 1) sobre o Bonsucesso, no estádio da Avenida Teixeira de Castro, na quarta-feira, 18 de março de 1953.

agachados: Garrincha, Arlindo, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.
ESCALAÇÃO – Na estreia de Zagallo no Flamengo, no Carioca de 53, o ponta paraense Esquerdinha foi deslocado pelo técnico paraguaio Fleitas Solich para a ponta-direita, para que Zagallo atuasse na esquerda, embora ambos fossem canhotos. A escalação: Chamorro (argentino), Marinho (pai adotivo de Paulo Cezar Caju) e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Esquerdinha, Rubens (a torcida chamava de Dr.Rúbis), Indio, Benitez e Zagallo.
TRÊS GOLS – Em 54, ano do bi, Zagallo entrou em 17 dos 27 jogos e fez 3 gols. Em 55, ano da consagração do tri, a cota aumentou para 26 dos 30 jogos, mas só voltou a fazer 3 gols. O paraguaio Garcia foi o goleiro do bi, em 54, mas a equipe do tri, em 55, teve outras mudanças: Chamorro, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Indio, Evaristo (Dida, maior artilheiro antes de Zico) e Zagallo, que diz ter sido Solich o técnico com quem mais aprendeu. Zagallo fez 205 jogos, com 128 vitórias, 38 empates, 39 derrotas e 29 gols, entre 1950 e 1958 no Flamengo.
BOCA DO TÚNEL – Bicampeão no Botafogo em 67-68 e campeão no Fluminense em 71, Zagallo ganhou o primeiro título de campeão carioca no Flamengo em 72, com 17 vitórias nos 27 jogos, e recorda a técnica refinada do zagueiro paraguaio Reyes como a de um dos melhores estrangeiros que dirigiu. A escalação: Renato, Moreira, Chiquinho, Reyes e Rodrigues Neto; Liminha e Zé Mario; Rogerio, Caio, Doval e Paulo Cezar.

SAÍDA DO FLAMENGO – Ao voltar da Copa do Mundo de 58, campeão e titular em todos os seis jogos, Zagallo saiu do Flamengo porque o clube demorou em atendê-lo: “Eu não queria sair e ofereci meu passe, em troca de um emprego na Caixa, que era o meu futuro. O Palmeiras me ofereceu 5 milhões; a Portuguesa, 3 milhões, que foi o valor também oferecido pelo Botafogo. Eu não podia ir para São Paulo porque minha esposa era professora e perderia as aulas no Rio”.
RAÍZES NO BOTAFOGO – Zagallo criou raízes no Botafogo, que defendeu de 58 a 65, ganhando o bicampeonato carioca 61-62 e o Rio-São Paulo 62-64. Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo era o próprio ataque da seleção. Em 66, assumiu o time juvenil e em 67-68 foi o técnico do bicampeonato carioca. Todos do ataque – Rogerio, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo Cezar – foram convocados e comandados por ele na Copa de 70.

O TRI DE 2001 – Zagallo viveu intensamente o último domingo (27) de maio de 2001, no Maracanã. No domingo anterior, o Vasco havia vencido o Flamengo por 2 x 1 e tinha a vantagem de resultados iguais no agregado para ser campeão, mas aos 43 do segundo tempo, o Flamengo vencia por 2 x 1 e precisava de um gol para ser tri. A cobrança de falta do sérvio Petkovic, no ângulo esquerdo de Helton, que se esticou todo, foi perfeita. Zagallo explodiu de emoção!
CINCO MESES NO BANGU – Zagallo dirigiu o Bangu entre janeiro e maio de 1988, com 8 vitórias, 10 empates, 8 derrotas. A equipe contava com jogadores de bom nível técnico: o goleiro Gilmar, o zagueiro Marcio Rossini e o meia Arturzinho, que figuravam entre os destaques. O sexto lugar na campanha do Campeonato Carioca foi considerado satisfatório pelos torcedores, que acompanhavam com frequência os treinos no estádio da estação de Guilherme da Silva.
DUAS VEZES NO VASCO – Zagallo teve duas passagens pelo Vasco, com 99 jogos – 49 vitórias, 34 empates, 16 derrotas -, estreando em agosto de 1980 na Itália, em amistoso com o Bologna: 1 x 0, gol de Paulo Cezar Lima. Ganhou o Troféu Colombino, em torneio quadrangular internacional em Huelva, cidade portuária no Sudoeste da Espanha. Saiu em menos de um ano, e voltou para as temporadas de 1990 e 1991.
PAIXÃO INTENSA – Zagallo foi sempre contestado, enquanto técnico da seleção, por boa parte da crônica paulista, mas assim mesmo não recusou o convite da Portuguesa. Assumiu a equipe no Campeonato Paulista de 1999, e sempre recorda os bons momentos que passou no Canindé: “Fiquei quase um ano em São Paulo, muito bem tratado. Vivi intensamente a paixão dos torcedores pela Lusa”. Ele dirigiu o time em 44 jogos: 20 vitórias, 10 empates, 14 derrotas.















MARCAS HISTÓRICAS DE ZAGALLO
- Primeiro campeão do mundo como jogador (1958-1962) e técnico (1970).
- Titular em todos os doze jogos das primeiras Copas do Mundo que o Brasil ganhou (1958-1962).
- Técnico da primeira seleção a vencer todos os jogos da terceira Copa do Mundo que o Brasil ganhou (1970).
- Técnico campeão do mundo mais jovem, aos 39 anos, da história de todas as 21 Copas do Mundo.
- Técnico que mais dirigiu a seleção, em 135 jogos – 99 vitórias, 26 empates, 10 derrotas -, entre 19/9/67 e 12/7/98. Único a participar de cinco finais em sete Copas: três títulos, um vice e um quarto lugar.
- Técnico campeão da Copa Roca 1971 / Campeão da Taça Independência 1972 / Campeão da Copa América e da Copa das Confederações 1997.
- Coordenador técnico campeão do mundo em 1994 e com atuação em 72 jogos, com 39 vitórias, 25 empates e 8 derrotas.
- Ponta-esquerda da seleção em 34 jogos, com 28 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, entre 1958 e 1964.
- Estreou na seleção em 4/5/58, no Maracanã, Brasil 5 x 1 Paraguai, Taça Bernardo O’Higgins. Fez 2 gols e Dida, Vavá e Pelé completaram a goleada. Gilmar, De Sordi, Bellini, Zózimo e Oreco; Dino Sani e Didi; Joel, Vavá, Dida (Pelé) e Zagallo.Técnico – Vicente Feola.
- Último jogo na seleção em 7/6/64, no Maracanã, Brasil 4 x 1 Portugal, Taça das Nações. Gilmar, Carlos Alberto, Brito, Joel Camargo e Rildo; Carlinhos e Gerson; Jairzinho, Airton, Pelé e Rinaldo (Zagallo). Técnico – Vicente Feola.
PREFERÊNCIA PELO NÚMERO 13
- Zagallo nunca foi supersticioso. Adotou o número 13 por ser o preferido da esposa Alcina Castro Zagallo, devota de Santo Antonio, comemorado em 13 de junho. Casaram-se em 13 de janeiro de 1955 e viveram felizes 57 anos.
- Zagallo achava sempre um jeito de encaixar o 13 em suas contas: a primeira Copa que ganhou como jogador foi no Reino da Suécia (13 letras).
- Zagallo completava 13 anos como jogador profissional, ao ganhar a segunda Copa.
- Zagallo fez o primeiro jogo pelo Botafogo em 13 de julho de 1958: 2 x 1 no Fluminense.
- Zagallo estreou como técnico do Botafogo em 1967. 6 + 7 = 13.
- Zagallo e a Copa América de 2004. Brasil campeão (13 letras). Argentina vice, também.
- Zagallo e a Copa do Mundo de 1994. Estados Unidos, 13 letras. Bandeira americana, 13 listras.
- Zagallo e a final da Copa do Mundo de 1994. Roberto Baggio, que perdeu o último pênalti da Itália, tem 13 letras.

Fotos: Ari Gomes, Pinterest, These Football Times, UOL, O Gol, Goal.com, Muzeez, De Letra na Copa, Tribuna no Norte, Youtube, Trivela, Não Acredito Blog, Lance, Maranhão Hoje, CBF e Folha – UOL e Arquivo pessoal de Deni Menezes.