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29 de junho 1958, estádio de Solna, em Estocolmo, Brasil campeão do mundo. Entre o zagueiro Orlando e o meia Didi, Gylmar abraça Pelé, que não resistiu ao choro.

Gylmar, o melhor goleiro brasileiro e um dos melhores do mundo de todos os tempos, completaria 89 anos nesta quinta 22 de agosto de 2019. Único bicampeão mundial que participou de todos os doze jogos, em 1958 e 1962, quando a Copa do Mundo era com 16 seleções, sofreu quatro gols em 58 e 5 gols em 62, a melhor média de todos os goleiros campeões do mundo.

104 JOGOS, 73 VITÓRIAS – O santista Gylmar dos Santos Neves, do último dia do signo de Leão, nascido em 22 de agosto de 1930, disputou 104 jogos pela seleção, desde a estreia – 8 x 1 na Bolívia, em 1 de março de 1953 – até os 2 x 1 na Inglaterra, em 12 de junho de 1966. Nos 104 jogos, com 73 vitórias, 15 empates e 16 derrotas, não sofreu gol em 43.

DOIS ÚLTIMOS JOGOS –Na primeira Copa do Mundo que o Brasil ganhou em 1958, Gylmar só sofreu gol nos dois últimos jogos. Depois de 3 x 0 na Áustria, 0 x 0 Inglaterra, 2 x 0 na União Soviética (hoje Rússia) e 1 x 0 no País de Gales – primeiro gol de Pelé em Copa -, ele foi vazado na semifinal (5 x 2 na França) e na final (5 x 2 na Suécia).

NA CAMPANHA DO BIaos 32 anos, Gylmar só não sofreu gol nos dois primeiros jogos – 2 x 0 no México e 0 x 0 Tcheco-Eslováquia -, mas foi bicampeão sem levar mais de dois gols: 2 x 1 na Espanha, 3 x 1 na Inglaterra, 4 x 2 no Chile e 3 x 1 na final com a Tcheco-Eslováquia. Gylmar foi o goleiro referência do russo Lev Yashin, um dos melhores da história, primeiro a enfrentar Pelé e Garrincha, que jamais perderam juntos pela seleção.

A TRAJETÓRIA DE GYLMAR começou vitoriosa no Corinthians, que em verdade queria o meia Ciciá, mas o Jabaquara, bom time de Santos na época, só aceitava vender se Gylmar fosse, como se dizia naquele tempo, de contrapesoGylmar foi do Corinthians de 1951 a 1961, e em 395 jogos, campeão paulista em 51, 52 e 54, título histórico do ano do Quarto Centenário de São Paulo. Ganhou também o Rio-São Paulo de 53 e 54, e é considerado o melhor goleiro do Corinthians de todos os tempos.

15 TÍTULOS NO SANTOS – Gylmar não resistiu à proposta do Santos e fez parte da geração de ouro de Pelé, simplesmente 11 anos consecutivos artilheiro do Campeonato Paulista! De 62 a 68, cinco vezes campeão paulista; tetra da Taça Brasil – 62, 63, 64, 65 -, bicampeão da Libertadores e do Mundial de clubes – 62-63; do Rio-São Paulo 63, 64, 66 e da Recopa dos campeões mundiais em 68. Gylmar disputou 330 jogos pelo Santos, de 1962 a 1969.

CAMISA 3 – Na Copa de 58, a então CBD – Confederação Brasileira de Desportos -, hoje CBF -, perdeu o prazo de inscrição dos números das camisas da seleção. Um funcionário da FIFA, que não conhecia jogador algum, registrou nome e número como bem entendeu. Garrincha foi 11, Zagallo, 7; Didi, 6, e Gylmar, o goleiro, camisa 3…

O PRÊMIO – Gylmar ganhou em 1966, ano em que disputou dois jogos da Copa do Mundo na Inglaterra, o prêmio Belfort Duarte, conferido a todos que completassem 200 jogos sem ser expulso. Antes dele, Telê, Didi e Vavá já haviam sido agraciados. O prêmio foi criado em homenagem ao maranhense Belfort Duarte – 1883 – 1918 -, zagueiro e capitão do primeiro título carioca do América, em 1913, depois técnico e presidente do clube, por ser considerado símbolo da disciplina.

Belfort Duarte – prêmio que Gylmar tinha em lugar de destaque em sua sala de troféus -, apesar de ser do bem, teve morte trágica, assassinado em 27 de novembro de 1918, no dia em que completava 35 anos de idade.

TRISTE COINCIDÊNCIA – Gylmar e o lateral De Sordi, que era do São Paulo e foi barrado na véspera da decisão da Copa de 58, saíram lado a lado do vestiário para o jogo com a Rússia. Gylmar disse que era jogo de vida e morte, ao que De Sordi respondeu: “Então vamos morrer juntos”.

Por uma dessas tristes coincidências do destino, o pacto de ambos se concretizou: Gylmar e De Sordi morreram, 55 anos depois, no mesmo dia: 25 de agosto de 2013. Gylmar, aos 83 anos; De Sordi, paulista de Piracicaba, aos 82. 

Foto: AP