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Deni Menezes, então repórter de rádio, vai na direção de Gerson, contido pelo zagueiro Brito. À direita, o massagista Nocaute Jack, na noite de 9 de abril de 1969, no Maracanã.

A noite de 9 de abril de 1969 foi marcada por uma autêntica batalha campal no Maracanã. Brasil e Peru obrigaram 80 mil torcedores a esperar mais de 40 minutos para o reinício do jogo, anunciado como amistoso. Aos 41 do primeiro tempo (2 x 2), Gerson fez falta duríssima em De La Torre, provocando a reação de Gonzalez, que o atingiu, e levou o revide, que deu início ao corre-corre e à confusão. De La Torre teve que sair de maca.

COVARDE – O Peru fez 2 x 0, gols de Gallardo e Baylon, em oito minutos. Pelé marcou aos 9 e Tostão empatou aos 35. O Brasil só conseguiu a virada aos 35, gol de Edu. No vestiário, no fim do jogo, Gerson me disse: “Seria covarde se não reagisse. Levei soco no pescoço e nas costas. Quando levantei, parti pra cima do primeiro, sem saber quem era”. Arnaldo Cesar Coelho, um dos bandeirinhas, me disse: “A sola foi dura. Pensei que tivesse quebrado a perna”.

O goleiro Félix, à esquerda, Carlos Alberto (4), Pelé (10), Piazza (5) e o árbitro Tejada, na batalha campal de
Brasil x Peru, na noite de 9 de abril de 1969, no Maracanã. E era um amistoso…

DE NOVO – Depois que João Havelange, presidente da então CBD (hoje CBF), desceu ao gramado, com Gustavo Escudero, presidente da Federação Peruana, e deu garantias ao árbitro, Alberto Tejada reiniciou o jogo, mas a trégua foi curta. No primeiro lance, Jairzinho acertou Chumpitaz e a confusão não recomeçou porque o capitão Carlos Alberto Torres interveio. No final, o bicampeão mundial Didi – 1928 – 2001 -, técnico do Peru, me disse: “Vendo o que vi, após a entrada maldosa do Gerson, confesso que senti vergonha de ser brasileiro“.

PROBLEMA – No primeiro amistoso, uma semana antes (2/4/69), no Beira-Rio, em Porto Alegre, não houve problema:  Brasil 2 x 1 Peru (Jairzinho e Gerson, e Gallardo). As seleções se preparavam para as eliminatórias da Copa do Mundo, em que, por coincidência no sorteio, voltariam a se enfrentar nas quartas de final (Brasil 4 x 2), em 14/6/70, no estádio Jalisco, em Guadalajara. Só que o Brasil, já sob o comando de Zagallo.

Tostão (11) e Carlos Alberto (4), tentando atingir um peruano, na noite em que mais de 80 mil torcedores viram
a violência tornar um clássico sul-americano deplorável no então maior estádio do mundo.

EX-COMPANHEIROS – Em intervalo de um ano, Didi enfrentou, no amistoso, João Saldanha, seu técnico no primeiro título carioca do Botafogo no Maracanã, em 1957, e na Copa, Zagallo, seu parceiro no ataque bicampeão mundial, em 58-62. Embora o segundo tempo da batalha campal, tenha sido mais calmo, De La Torre jurou vingar-se de Gerson: “Na próxima, ele não vai ficar 15 minutos em pé”. Ficou só na ameaça. O jogo da Copa foi leal, limpo.

BOM LEMBRAR – O Brasil da batalha campal com o Peru: Félix (Fluminense), Carlos Alberto (Santos), Brito (Vasco) Djalma Dias (Atlético Mineiro) e Rildo (Santos); Piazza (Cruzeiro) depois Joel Camargo (Santos), Gérson (Botafogo) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos) e Tostão (Cruzeiro) depois Edu (Santos). O jogo foi diante de 80.302 pagantes, em noite de muito calor no Maracanã. Gerson e De La Torre foram expulsos.

FOTOS – As fotos que ilustram esta matéria foram enviadas de Rio Branco, capital do estado do Acre, pelo carioca Maurício Henrique da Costa, carioca, rubro-negro, amigo e incentivador do nosso trabalho, a quem renovamos o agradecimento pelo apoio constante. A foto da entrevista com Zico, na abertura do nosso blog, publicado pelo rubro-negro Marcelo Santos, também nos foi enviada pelo Maurício.