Hoje, 27 de maio de 2020, faz 86 anos que o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo, ao perder (3 x 1) para a Espanha, na estreia, diante de 40 mil torcedores, no estádio Luigi Ferraris, na cidade portuária de Genova, no Noroeste da Itália. Os espanhóis já saíram para o intervalo com 2 x 0, gols de Iraragorri, de pênalti, aos 18, e Langara, aos 27. O gol de Leônidas da Silva, aos 6 minutos, deu esperança de reação, mas outra vez Langara, aos 32 minutos, marcou o terceiro gol. Árbitro – Alfred Birlem, da Alemanha.

A SELEÇÃO do único jogo do Brasil na Copa de 1934, escalada no sistema 2-3-5 da época: Pedrosa (Botafogo), Sylvio Hoffman (São Paulo) e Luiz Luz (Americano); Tinoco (Vasco), Martin Silveira (Botafogo) e Canali (Botafogo); Luisinho (São Paulo), Waldemar de Brito (São Paulo), Leônidas da Silva (Vasco), Armandinho (São Paulo) e Patesko (Nacional do Uruguai). Técnico –Luis Augusto Vinhais, campeão do único título carioca do São Cristóvão, em 1926, e do primeiro campeonato profissional do Rio de Janeiro, em 1933, ganho pelo Bangu.

A COPA DE 1934 foi a primeira na Europa, e com eliminatórias, inclusive para a Itália, país sede, quase eliminada pela Grécia. Classificaram-se 16 das 32 seleções, que se enfrentaram em mata-mata até o final. O Uruguai, campeão da primeira Copa, que promoveu em 1930, com 13 seleções, não foi à Itália, em represália aos europeus, que não foram a Montevidéu. Bom dizer: o mundo sabia dos resultados, através das agências de notícias, com base nos telegramas que recebiam da Itália…

PROTESTOS – Em São Paulo, a notícia da derrota do Brasil, recebida dois dias depois, provocou protestos violentos. A sede do Palestra Itália – hoje Palmeiras – seria destruída se a polícia não houvesse chegado. Houve várias prisões. Bom saber: o hoje Palmeiras, escondeu seus jogadores em uma fazenda em Matão, no interior, cercada por guardas, com carabinas. Quando a Federação descobriu onde estavam, o clube os levou, de madrugada, para uma casa de praia no litoral de Santos…

ÚNICA VEZ – Na história das 21 Copas do Mundo, de 1930 a 2018, pela primeira e única vez, as oito finalistas foram da Europa: Itália (campeã), Tcheco-Eslováquia (vice), Alemanha (terceiro lugar), Áustria (quarto), EspanhaHungriaSuíça e Suécia, que deveria ter sido a sede da Copa de 1934, mas desistiu, alegando dificuldades financeiras. Na final, Itália 2 x 1 Tcheco-Eslováquia, e na decisão do terceiro lugar, Alemanha 3 x 2 Áustria.

RECORDE – A campeã Itália sofreu só três gols em cinco jogos, recorde só igualado pela Iugoslávia, em seis jogos em 1966, e pelo Brasil, em sete jogos em 1994, até que a França, campeã em 1998 pela primeira vez, estabeleceu o novo recorde, ao sofrer só dois gols. Bom lembrar: Brasil e Argentina disputaram a Copa de 1934 sem entrar nas eliminatórias porque Chile e Peru desistiram. A última vaga foi decidida entre Estados Unidos e México, em Roma, três dias antes da abertura da Copa.

COINCIDÊNCIA – Foram registrados 70 gols nas duas primeiras Copas do Mundo. Na de 1930, com 13 seleções e 18 jogos, e na de 1934, com 16 seleções e 17 jogos. O ditador Benito Mussolini usou a Copa de 34 para promover o fascismo. Ele disse aos jogadores e ao técnico Vittorio Pozzo antes da estreia: “Ganhem a Copa ou arcarão com as consequências”. Houve comentário de que ele tinha vários sósias, que iam aos jogos. Ele mesmo, garantem os da época, só foi na abertura e no final.

AMISTOSOS – Na viagem de volta ao Brasil, de navio, a seleção fez escala em Belgrado, capital da Iugoslávia, para dois amistosos: perdeu de 8 x 4 da seleção iugoslava e ficou no 0 x 0 com o time do Grad Janski. Desde então, a seleção brasileira só não disputou jogos em 1935, 1941, 1943 e em 1951, ainda sob o abalo da perda da Copa de 1950 para o Uruguai (2 x 1, de virada), no domingo, 16 de julho, no Maracanã.

BOM LEMBRAR – O goleiro da Copa de 1934, Roberto Gomes Pedrosa, foi homenageado após a morte, nos anos 50, quando o torneio Rio-São Paulo ganhou seu nome. Ele também foi presidente da Federação Paulista de Futebol. Waldemar de Brito, meia do São Paulo, foi quem descobriu Pelé, no início dos anos 50, quando o levou para o Noroeste de Bauru.

BRASILEIRO CAMPEÃO – Poucos sabem: o primeiro brasileiro campeão do mundo foi Filó, atacante paulista da Lazio – 134 jogos, 43 gols, entre 1931 e 1937 -, que antes de ir para Roma jogou na Portuguesa, que teve seu pai, o português Manuel Augusto Marques, como segundo presidente, em 1922. Na volta da Itália, Filó foi do Corinthians e do Palestra Itália (hoje Palmeiras). Anfilogino Guarisi Filó – só fez um jogo na Copa de 1934, o da estreia: Itália 7 x 1 Estados Unidos. Sua mãe era italiana. Ele nasceu e morreu em São Paulo (26/12/1905 – 8/6/1974). 

RECORDANDO – Quando Filó foi para a Itália, teve a companhia de onze brasileiros contratados ao mesmo tempo. Por isso, o time da capital italiana era chamado de La Brasilazio. Entre outros, os irmãos Fantoni – Ninão, Nininho e Nigino -, que jogaram no Cruzeiro, na época Palestra Itália – e eram tratados como Fantoni I, II e III. Eram irmãos de Orlando Fantoni, técnico campeão carioca no Vasco em 1977. Na mesma época, a Lazio contratou o zagueiro Benedito Menezes, do Botafogo e da seleção brasileira na primeira Copa do Mundo em 1930. 

Foto: Divulgação/Fifa, Visão Cidade