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Maracanã e Pelé, tudo a ver. A história marcante, do futuro Atleta do Século no Maior Estádio do Mundo, começou quando ele, aos 16 anos, fez o gol de empate na Argentina, onze minutos após entrar no lugar de Del Vecchio, aos 20 do segundo tempo, seu companheiro no Santos. Quem lançou Pelé na seleção foi o gaúcho Sylvio Pirilo, artilheiro do primeiro tricampeonato do Flamengo – 42-43-44 -, e técnico do primeiro Rio-São Paulo ganho por um time do Rio, o Fluminense, campeão invicto em 1957.

OS 11 MINUTOS – Pelé desceu as escadas do túnel à direita da tribuna, para um breve aquecimento de três minutos no corredor de acesso ao vestiário, depois que o técnico o orientou. O alto-falante anunciou sua entrada, às 17h23m, e às 17h34m, com a camisa 13, ele passou pelos zagueiros Pizarro e Vairo, sem que o lendário Amadeo Carrizo, melhor goleiro argentino da história, nada pudesse fazer. Era o primeiro gol do futuro Rei no Maracanã e o primeiro dos 95 gols em 114 jogos pela seleção.

BOM LEMBRAR a escalação da estreia de Pelé na seleção, no 4-2-4 da época:  Castilho (Fluminense),  Paulinho (Vasco), Bellini (Vasco), Jadir (Flamengo) e Oreco (Corinthians); Zito (Urubatão, ambos do Santos) e Luisinho (Corinthians); Maurinho (São Paulo), Mazzola (Palmeiras) depois Moacir (Flamengo), Del Vecchio (Pelé) e Tite, os três últimos do Santos. O gol da vitória da Argentina (2 x 1), aos 38 minutos, foi do meia Miguel Juarez.

A PREVISÃO – Após o jogo, o técnico Guillermo Stábile declarou: “O futebol brasileiro tem uma joia a lapidar. Esse camisa 13 é um jovem de muito futuro”. A previsão foi correta, feita por um especialista. Stábile, artilheiro e vice-campeão da primeira Copa do Mundo, em 1930, saiu da Argentina em 1932 para jogar na Europa, e ao voltar assumiu a seleção, batendo o recorde de 23 anos consecutivos. Está entre os mais reconhecidos, como jogador e técnico, da história do futebol argentino.

A DESPEDIDA SEM GOL E COM LÁGRIMAS

Na tarde calorenta do domingo, 18 de julho de 1971, o Rio de Janeiro tributou a Pelé a homenagem especial de despedida da seleção, com 138.575 torcedores suplicando para que continuasse, quando deu a volta olímpica no Maracanã, no empate com a Iugoslávia. Durante os três minutos, em que tirou a camisa para acenar à multidão, que o aplaudia de pé, ouviu o coro aumentar: Fica, Pelé! Fica, Pelé! Fica, Pelé! Deu a volta chorando e levando a camisa ao rosto para enxugar as lágrimas.

TRÊS CAMPEÕES – Na festa só não estavam três campeões da Copa de 70: Carlos Alberto Torres, substituído pelo reserva Zé Maria; Tostão, substituído pelo atleticano Vaguinho, e o artilheiro Jairzinho, substituído por outro botafoguense, Zequinha. Pelé foi substituído por Claudiomiro, artilheiro do Internacional. O amistoso, muito equilibrado, terminou 2 x 2. Rivelino empatou após o gol de Dzajic (1 x 0 primeiro tempo), e Gerson fez 2 x 1, mas Jerkovic estabeleceu o placar final.

BOM LEMBRAR a escalação da despedida de Pelé, no 4-3-3 de ZagalloFélix (Fluminense), Zé Maria (Corinthians) depois Eurico (Palmeiras), Brito (Botafogo), Piazza (Cruzeiro) e Everaldo (Grêmio) depois Marco Antonio (Fluminense); Clodoaldo (Santos), Gerson (São Paulo) e Rivelino (Corinthians); Zequinha (Botafogo), Vaguinho (Atlético Mineiro) e Pelé (Santos) depois Claudiomiro (Internacional). Bom dizer: o árbitro Vital Loraux, da Bélgica, não aplicou um só cartão.

  • Com mais de 1000 gols e de 50 títulos, único três vezes campeão do mundo, desde 7 de setembro de 1956, quando estreou, Pelé mereceu a atenção das maiores personalidades mundiais que fizeram questão de conhecê-lo: os presidentes dos Estados Unidos Richard Nixon e Bill Clinton; a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e os os papas Paulo VI e João Paulo II.
  • Único jogador de futebol eleito Atleta do Século, por um juri internacional selecionado pelo jornal francês L’Equipe, Pelé recebeu o troféu em 15 de maio de 1981 e deu a volta olímpica, no Parque dos Príncipes, em Paris, antes do amistoso França 1 x 3 Brasil. Pelé obteve 178 votos, mais nove que Jesse Owens (169), maior atleta da história dos Estados Unidos.
  • Dezoito anos depois, em eleição do Comitê Olímpico Internacional, que incluiu os atletas mais premiados de todas as modalidades, Pelé voltou a ser eleito Atleta do Século. A eleição foi em 9 de novembro de 1999, sob a presidência do espanhol Juan Antonio Samaranch.
  • Com a camisa do Santos, seu único clube no Brasil, o Rei do Futebol marcou 1.090 gols, foi 10 vezes campeão paulista, seis vezes campeão brasileiro, cinco vezes campeão da Copa do Brasil, 11 vezes artilheiro do campeonato paulista, sendo 10 consecutivas, e primeiro bicampeão da Libertadores e do Mundial de clubes, em 1962-1963.
  • A camisa de um jogador de futebol mais valorizada do mundo – a 10 que Pelé usou no segundo tempo da final da Copa de 70 -, foi arrematada por 250 mil dólares, dia 27 de março de 2002, em leilão da Christie’s, em Londres. Fundada em 1766 pelo escocês James Christies, é a empresa mais importante de arte do mundo.

Foto: CBF, Arquivo Nacional / Correio da Manhã, Lance,