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Mesmo sem aceitar, até se poderia entender o destempero, se fosse de outro técnico, não de Mano Menezes. O treinador do Bahia foi deseducado, grosseiro, e passou do limite, ao chamar o árbitro de vagabundo, repetindo o adjetivo usado por um ex-ministro, também mal-educado, ao se referir aos integrantes da mais alta cúpula do respeitável poder judiciário do país.

Mano Menezes tem um currículo que o credencia entre os técnicos mais capazes do futebol, por tudo o que já conseguiu com trabalho de qualidade, reconhecido pelos observadores e pelos críticos, em clubes e na seleção, como a medalha de prata de 2012 nos Jogos Olímpicos de Londres e as duas vitórias consecutivas no Superclássico das Américas.

Tanto quanto refletir, os títulos valorizam e exaltam a carreira de um profissional, e os que compõem o currículo vitorioso de Mano Menezes atestam isso. Três vezes campeão no Grêmio, gaúcho e da Copa do Brasil; três vezes campeão no Corinthians, paulista, brasileiro e da Copa do Brasil, e quatro vezes campeão no Cruzeiro, mineiro e da Copa do Brasil, têm a marca da sua competência, além do trabalho de bom nível, ainda que sem títulos, em vários outros clubes de ponta.

Do alto de seus 58 anos, 23 vividos na sinuosa estrada de técnico, iniciada em 97, no modesto Guarani de Venâncio Aires, Mano Menezes não poderia ser tão deseducado e grosseiro. Mais que um simples cartão amarelo, merece punição mais dura e não simples advertência. O futebol é parte significativa da cultura e formador de exemplos. O que Mano Menezes deu ontem (11), no Maracanã, triste e lamentável, foi bem diferente dos que merecem ser lembrados.

Foto: SERGIO MORAES / REUTERS