Més que un club. A frase, em catalão, que o advogado Narcis de Carreras disse há 53 anos, no discurso de posse da presidência do FC Barcelona, na quarta-feira, 17 de janeiro de 1968, não estava ligada só ao sucesso do futebol, seus ídolos, suas conquistas, mas ao sócio-político, bem de acordo com a tradução: Mais que um clube. É o que milhões veem, quando a televisão mostra a imagem do Camp Nou, e todos os continentes reverenciam um dos maiores clubes do mundo.
O PRESIDENTE Maurício Galiotte, paulistano de 51 anos, administrador de empresas, iniciou fevereiro, dois dias depois de o Palmeiras, maior campeão brasileiro, ganhar pela segunda vez a Copa Libertadores, anunciando que parte da premiação de R$123 milhões será destinada a oferecer um salário extra a todos os funcionários, que em 2021 terão o décimo quarto, antes do décimo terceiro. Serão em torno de oitocentos beneficiados com o gesto grandioso do presidente campeão da Libertadores.
POUCOS SABEM, mas o Palmeiras foi dos raros clubes brasileiros, se não o único, a não demitir nem reduzir o salário de nenhum funcionário, mesmo no período mais agudo da crise provocada pelo novo coronavirus. E mais: Galiotte promoveu uma reunião com os jogadores, que concordaram, por unanimidade, com o corte de 25 por cento no salário, mas vão receber agora o reembolso, prometido pelo presidente, se o clube ao menos chegasse à semifinal da Libertadores ou da Copa do Brasil.
É NESSE CLIMA de harmonia e de cumprimento da palavra, algo tão raro nos tempos atuais, que o Palmeiras viaja hoje (2) para o Catar, onde estreará no próximo domingo (7) no Mundial de clubes, como grande representante de sua tradição e também da história do futebol brasileiro. Tanto quanto à frase que define o Barcelona, que o Palmeiras também possa ser mais que um clube, e resgate, como legítimo campeão sul-americano, o prestígio do Brasil no cenário da próxima Copa do Mundo.
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