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Sábado, 27 de outubro de 1956, Maracanã, 15h15m, abertura da segunda rodada do segundo turno do Campeonato Carioca, sétimo do então maior estádio do mundo. Primeiro tricampeão – 53-54-55 -, o Flamengo empenhou-se o quanto pôde para ser tetra, na época em que o título era decidido por pontos perdidos e a vitória só valia dois pontos, mas terminou em quarto, com o Vasco campeão pela terceira vez no estádio (50-52-56), no canto do cisne do fabuloso Expresso da Vitória.

PLACAR MANUAL – Seis anos depois da inauguração, em junho de 1950, o placar do Maracanã ainda era manual e só apareciam as iniciais dos clubes. Aos sábados e domingos, os jogos eram sempre às 15h15m, mesmo sob o calor intenso do verão, como na final Brasil 1 x 2 Uruguai. E foi no sábado, 27 de outubro de 1956, que o Flamengo disparou a maior goleada de toda a história do Campeonato Carioca: 12 x 2no São Cristóvão, em tarde de muita inspiração de Evaristo e Índio, cada um com quatro gols.

Evaristo, meia notável, capitão do Flamengo aos 23 anos, troca flâmula com o volante Benedito, capitão do São Cristóvão. Revelado no Madureira (50-52), ídolo no Flamengo (53-57, 190 jogos, 103 gols), no Barcelona (57-62) e no Real Madrid (62-65).

O FEITICEIRO – O paraguaio Fleitas Solich, técnico que o Flamengo contratou assim que venceu (3 x 2) o Brasil, na final do Sul-Americano de 53, no Peru, era chamado de Feiticeiro, capaz de criar coisas incríveis. Nesse jogo, sem Dequinha – o fino da bola -, escalou Luis Roberto, meia que marcou o terceiro gol, único dos doze de fora da área, aos 31, depois do 1 x 0 de Índio, encobrindo o goleiro Rui, logo aos 5, e de Evaristo, de calcanhar, aos 18. Evaristo também fez o quarto gol, aos 36 minutos.

MAIS OITO – Esporte Ilustrado, única revista esportiva da época, escreveu que “o São Cristóvão era corajoso e não se encolheu na volta do intervalo”, e foi aí que errou. O Flamengo chegou a fazer 7 x 0 em nove minutos, com Índio aos 7, Joel aos 9 e Índio aos 16, e mais três gols em três minutos: Nonô, aos 17 e Neca, de pênalti, aos 20, e Evaristo fez 8 x 1 aos 18. Os últimos quatro gols em 13 minutos: Índio aos 32 (9 x 2), Evaristo aos 38, Paulinho aos 41, e Joel fechando os 12 x 2 aos 45.

Evaristo fez quatro gols na maior goleada do Maracanã. Outra grande marca sua, a de cinco gols em um jogo da seleção – 9 x 0 na Colômbia, em 23/3/57, no Sul-Americano de Lima, capital do Peru, até hoje, 63 anos depois, sequer foi igualada. 

MARIO VIANNA – O mais famoso e polêmico árbitro dos anos 40 e 50, na juventude foi engraxate e trabalhou em fábrica de vela. Corpulento, foi oficial da PE – temida Polícia Especial do Exército -, criada no Estado Novo por Getúlio Vargas. Gostava do vôlei de praia na Urca, onde viveu até morrer aos 82 anos, em 1989. Fiz com ele, comentarista de arbitragem, as Copas de 70 e 74, quando criou expressões simples que marcaram, tipo Gol legal!!! Banheira!!! Errrou!!!. Mario Vianna apitou o jogo da maior goleada do Maracanã.

FLAMENGO – Ari, Tomires e Pavão; Milton Copolilo, Luis Roberto e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Evaristo (cap) e Zagalo. Técnico –Fleitas Solich.

SÃO CRISTÓVÃO – Rui, Jorge e Ivan; Benedito (cap), Osmindo e Décio; Paulinho, Nonô, Ademar, Neca e Olivar. Técnico – Índio.