Um dos fatos marcantes do século 20, no Maracanã, foi milésimo gol de Pelé, na noite de 19 de novembro de 1969, diante de cem mil torcedores, embora os pagantes tenham sido 65.157. A noite do recorde dos caronas. O Santos saiu para o intervalo perdendo o Vasco, com o gol do meia Benetti aos 17. A expectativa aumentou quando os times voltaram, e todos, queriam ver o gol histórico, que aconteceu aos 33 minutos, sob intensa emoção e vibração. O gol da virada (2 x 1), depois que Renê, zagueiro deslocado para o meio-campo, empatou com o gol contra aos 10 minutos.

PELÉ disputou o lance com o zagueiro Moacir, que o tocou levemente, mas o suficiente para que caísse. Era o que também queria Manuel Amaro de Lima, da Federação Pernambucana, ansioso para entrar na história como o árbitro do milésimo gol. Criou-se um ritual em torno da cobrança. O lateral Fidélis fazendo buraco na marca da cal com a ponta da chuteira e Andrada muito tenso porque não queria ser o Arqueiro (termo também muito usado na época). Muitos anos depois, rindo, Pelé disse: Se tivesse VAR, não seria pênalti

SETE MINUTOS – O pênalti, de Moacir em Pelé, foi marcado às 23:04, mas só sete minutos depois, às 23:11, Pelé correu na direção da bola, bateu com o lado interno do pé direito, no canto esquerdo, Andrada chegou a tocar levemente e deu dois socos no gramado, depois que a bola entrou. O jogo parou porque Pelé foi cercado pelos repórteres, eu entre eles, e lançou o apelo: “O Natal está chegando, pensem nas criancinhas”. E logo completou: “Dedico esse gol às criancinhas do Brasil”.

DIA DA BANDEIRA – Quando o jogo foi reiniciado, valendo pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a Banda do Corpo de Fuzileiros Navais, que havia antes do jogo executado o Hino Nacional e o Hino da Bandeira, fez a homenagem: “Pelé Gol 1000”, com seus integrantes em evolução. Pelé tinha acabado de dar a volta olímpica, sob aplausos, nos ombros do goleiro Agnaldo. Uma noite da história do futebol, com a marca de quem se tornou o melhor e mais famoso de todos os tempos! O eterno e único Rei Pelé!

BOM LEMBRAR – VASCO – Andrada, Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Buglê e Benetti; Adilson, Acelino (Raimundinho) e Danilo Menezes (Silvinho). Técnico – Célio de Souza. SANTOS – Agnaldo, Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima e Manuel Maria; Edu, Pelé (Jair Bala) e Abel. Técnico – Antoninho. E bom dizer: na época, só eram permitidas duas substituições. 

Fotos: Jornal de Brasília, Lance, Pleno.News, SportsManaus, Diarinho, Correio do Povo.