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No país de dimensões continentais como é o Brasil, aprendi muitas expressões, quase todas com colegas do meu tempo de rádio. Em Porto Alegre, por exemplo, com João Carlos Belmonte e os irmãos Lupi e Lasier Martins, hoje senador. Uma delas, muito curiosa: “Bá! Tá um frio de renguear cusco”. Traduzindo: “Um frio de aleijar cachorro”. Bá, abreviatura de barbaridade, é uma expressão que também significa espanto, surpresa, admiração.

TRÊS DOS QUATRO – Nas semifinais da Copa do Brasil, três dos quatro técnicos são gaúchos, dois praticamente da mesma idade – Mano Menezes, do Cruzeiro (57) e Renato Portaluppi, do Grêmio (56) – e o mais novo, Tiago Nunes (39), do Atlético Paranaense. Odair Hellmann (42), do Internacional, é o único que não nasceu nos Pampas, mas já se sente adotado. Ou seja, há muita chance de a Copa do Brasil 2019 ter um técnico gaúcho como campeão.Bá! Que felicidade, tchê!

MANO MENEZES – Antes de avançar na carreira de técnico, recuou como jogador: começou atacante, foi para o meio-campo e terminou zagueiro, sem nunca ter sido profissional. Geminiano, 57 anos, nasceu em 11 de junho de 1962, em Passo do Sobrado, a 134 km da capital Porto Alegre. Dirigiu Grêmio, Corinthians, Flamengo, seleção brasileira, medalha de prata dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. Estava no Shandong Luneng, da China, quando o Cruzeiro pagou a multa e o trouxe de volta: bicampeão da Copa do Brasil (17-18) e bicampeão mineiro (18-19). Belo retorno.

Luiz Antonio Venker Menezes, o Mano, vai disputar com o Internacional sua quarta semifinal consecutiva e quer ser o primeiro a ganhar a Copa do Brasil, pelo mesmo clube, a terceira seguida: “Primeiro, pensar no Inter, que eliminou o Palmeiras em dois jogos iguais. Depois, saber se será o Grêmio ou o Atlético na final. Não tem escolha, é parada dura, briga de foice”.

RENATO GAÚCHO – O melhor jogador da história do clube, único a ganhar estátua em tamanho natural, na entrada principal da Arena Grêmio, Renato Portaluppi marcou os dois gols mais importantes da vida do tricolor gaúcho, os da vitória (2 x 1) sobre o alemão Hamburgo, na final do Mundial de clubes de 1983, no Estádio Nacional de Tóquio. Depois, tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar a Copa Libertadores como jogador (1983) e técnico (2017). Na carreira, 489 jogos, 194 gols.

Renato Portaluppi, detalhista como todo virginiano, 56 anos, nasceu em Guaporé, município das joias e lingeries, a 200 km da capital Porto Alegre.Mania, ganhar títulos: ponta-direita bicampeão gaúcho em 85-86, campeão carioca em 95 no Fluminense, único a fazer um gol de título, de barriga, em final de Fla-Flu no Maracanã. Indicado pelo supervisor Bris Belga, parceiro e amigo, começou como técnico no Madureira em 2001-2002 e cinco anos depois comandava o Fluminense, campeão da Copa do Brasil de 2007.

TIAGO NUNES – Único dos técnicos semifinalistas que não foi jogador, a não ser nas peladas de fim de semana com os amigos. Entrou no futebol pela porta da frente dos técnicos, em 2005, dirigindo o Esporte Clube São Luis, da cidade universitária de Ijuí – Capital da Cultura -, a 395 km de Porto Alegre. O treinador do Atlético Paranaense, que eliminou o Flamengo no Maracanã, gosta muito do futebol de toque de bola e sempre a caminho do gol, sem retranca, sabendo se defender e sem medo de atacar.

Tiago Nunes, o mais jovem das semifinais, tem 39 anos, aquariano de 15 de fevereiro de 1980, nasceu em Santa Maria da Boca do Monte, a 290 km da capital Porto Alegre. Há dois anos teve a primeira grande chance no Furacão, como o Atlético é tratado no Paraná, e aproveitou bem: com o time sub-23 foi campeão paranaense em 2017. Em 2018, quando Fernando Diniz – hoje no Fluminense – saiu, assumiu o time principal e foi bicampeão paranaense e campeão da Copa Sul-Americana. “A primeira Copa do Brasil da história do Furacão não é apenas sonho; é um desejo que compartilho com a determinação de todos os jogadores” – resume, com a firmeza de quem quer ser campeão.

ODAIR HELLMANN – Único dos semifinalistas não-nascidos no Rio Grande do Sul, o catarinense Odair Hellmann, do Internacional, já se sente adotado: “Fui recebido com muito carinho e sou muito bem tratado pelos gaúchos”. Ele próprio diz ter sido um meia-atacante apenas esforçado, revelado e campeão em 97-98 no próprio Inter. Poucos sabem e se lembram, que teve passagens pelo Fluminense, campeão brasileiro da Série C, em 99, e América,  foi campeão brasileiro da Série C,  em 2005, pelo Clube do Remo, de Belém do Pará, e que também jogou no Enkopings, da Suécia, e no Eastern, de Hong Kong.

Odair Hellmann iniciou como assistente-técnico em 2010 e seis anos depois fez parte da comissão técnica da seleção brasileira, a primeira a ganhar a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Do segundo dia do signo de Aquário, Hellmann tem 42 anos, é de Salete, município a 260 km da capital Florianópolis, onde nasceu em 22 de janeiro de 1977. Dirige o Internacional desde 2018.