Foto: PETER CZIBORRA REUTERS

Brasil 1 x 0 Uruguai, na noite desta sexta (16), em Londres, foi a primeira vitória da história de 104 anos da seleção brasileira, que perdeu o primeiro jogo para a Argentina (3 x 0), em 20/9/1914, em Buenos Aires, com um gol de pênalti marcado por um bandeirinha. Ian Hussin, assistente do árbitro Craig Pawson, levantou a bandeirinha para marcar a falta do lateral-esquerdo Laxalt no lateral-direito Danilo, aos 28 do segundo tempo, que cometeu toque antes de entrar na área.

Neymar, com paradinha, chutou rasteiro de pé direito, no canto esquerdo do goleiro Martin Campaña, que saltou para o lado direito. O Brasil poderia ter feito o segundo gol aos 37, mas Richarlison – ex-Fluminense -, do Everton, de Liverpool, perdeu a chance na pequena área. Os uruguaios reclamaram muito da marcação do pênalti e foram advertidos com seis dos oito cartões amarelos, cinco só no primeiro tempo de um jogo de pouca técnica e sem lances marcantes.

DOMÍNIO INÚTIL – O Brasil exerceu domínio na maior parte do primeiro tempo em que o Uruguai se limitou aos contra-ataques, mas os goleiros Alisson – todo de verde – e Martin Campaña – todo de vermelho – não chegaram a ser exigidos. O assistente Steve Child anulou bem um gol de Neymar, por impedimento, após cruzamento de Filipe Luis. Um chute de Suarez sobre o travessão e uma defesa de Alison a escanteio em chute de Cavani foram as duas finalizações do Uruguai.

POUCO MELHOR – O Uruguai voltou do intervalo com postura mais ofensiva e logo aos quatro minutos Suarez obrigou Alison a saltar no canto esquerdo para desviar a bola a escanteio. O Brasil reequilibrou o jogo e teve duas chances, antes de Laxalt fazer pênalti em Danilo, que Neymar converteu no único gol. O Uruguai ainda tentou se adiantar para tentar o empate, mas não teve poder de penetração e foi dominado pela marcação.

Foto: Allan comemora estreia / site diarioonline.com.br

BRASIL – Alison, Danilo, Marquinhos, Miranda e Filipe Luis; Walace, Arthur e Renato Augusto (Allan, 14 do segundo tempo); Douglas Costa (Richarlison, 22 do segundo tempo), Neymar (cap) e Firmino. Contundidos, o lateral Marcelo e o apoiador Casemiro (Real Madrid) foram desconvocados. O carioca Allan, ex-Vasco, do Napoli, estreou e deu mais movimentação ao meio-campo. O baiano Walace, 23 anos, ex-Grêmio, do Hannover (Alemanha), substituiu Casemiro com boa atuação.

URUGUAI – Martin Campaña, Mathias Suarez (Maurício Lemos, 35 do segundo tempo), Bruno Mendez, Caceres e Laxalt; Torreira, Vecino (Valverde, 39 do segundo tempo), Betancur e Pereiro (Jonathan Rodriguez, 31 do segundo tempo); Luis Suarez (cap) e Cavani. Contundidos, José Gimenez e Godin, zagueiros na Copa do Mundo 2018 e que jogam no Atlético de Madrid, obrigaram o técnico a improvisar Caceres na zaga com o estreante Bruno Mendez. O lateral Mathias Suarez também estreou.

OITO CARTÕES – Dos 23 aos 42 minutos do primeiro tempo, o árbitro inglês advertiu cinco jogadores com cartão amarelo, pela ordem: Torreira, falta em Neymar. Aos 35, Mathias Suarez, falta em Walace. Aos 39, Douglas Costa, falta em Laxalt. Aos 41, Vecino, falta em Neymar. Aos 42, Walace, falta em Luis Suarez. No segundo tempo, aos 30, Luis Suarez, reclamação da marcação do pênalti. Aos 35, Caceres, reclamação de marcação de falta. Aos 40, Cavani, falta em Neymar.

Foto: Tite e Óscar Tabárez / UOL Esporte

CARINHO – Pouco antes do início, Tite e Óscar Tabárez trocaram abraço carinhoso na beira do campo. Sabendo da dificuldade de locomoção de Tabárez, com doença degenerativa, o técnico da seleção brasileira foi ao banco de reservas do Uruguai para cumprimentá-lo, repetindo o gesto com Martin Silva, goleiro do Vasco, e Arrascaeta, meia do Cruzeiro.  O goleiro Martin Campaña, 29 anos, 1,87m, joga no Independiente (Argentina), foi campeão da Copa Sul-Americana 2017 e um ano antes disputou os Jogos Olímpicos Rio 2016. Saiu do Defensor de Montevidéu em 2015.

TITE E A VITÓRIA – O técnico reconheceu que a seleção brasileira não fez grande exibição, mas destacou a importância da vitória: “Brasil e Uruguai não vão mudar nunca a história de um dos grandes clássicos mundiais. Será sempre, como voltou a ser, jogo equilibrado e muito pegado. O importante é que vencemos, completamos 30 jogos marcando gol em 28 e sem sofrer gol em 23 jogos” – ressaltou o treinador, com 85,71% de aproveitamento, desde junho de 2016 na seleção.

Foto: Paulo Rossi/Folhapress

HOMENAGEM – Foi observado um minuto de silêncio, com respeito absoluto dos 60 mil torcedores no Emirates Stadium, do Arsenal de Londres, pela morte do desenhista gaúcho Aldyr Garcia Schlee – 22/11/1934 – 15/11/2018 -, que criou a camisa amarela da seleção, usada desde a primeira Copa que o Brasil ganhou em 1958. Aldyr ganhou o concurso promovido em 1953 pelo Correio da Manhã, um dos grandes jornais do Rio, superando 201 concorrentes, e recebeu o prêmio, em valores atuais, de 20 mil reais.

VITÓRIA 35 – A seleção brasileira ganhou o jogo de número 75 com a seleção uruguaia, desde 18/9/1920, ampliando a vantagem no retrospecto: 35 vitórias, 20 vitórias do Uruguai e 20 empates. Foi a segunda vitória no estádio do Arsenal, onde o Brasil venceu (3 x 0, gols de Elano(2) e Kaká) a Argentina, no primeiro jogo de seleções, em 3/9/2006, dois meses após Arsenal 2 x 1 Ajax, de virada, na inauguração do estádio, em 22/7/2006.

O Arsenal FC, do norte de Londres, tem 132 anos e foi fundado em 1886. É o único time campeão invicto da Inglaterra e um dos cinco times do mundo que conseguiram vencer a seleção brasileira.

ÚLTIMO DO ANO – A seleção brasileira vai fazer na próxima terça (20) o último jogo de 2018. Brasil x Camarões será no estádio Milton Keynes – 30.500 lugares, todos sentados -, do Milton Keynes Dons, fundado em 1967 e participante da segunda divisão inglesa desde 2004. Milton Keynes é uma cidade de 190 mil habitantes, 70 km ao sudeste de Londres, e tem a sede da fábrica da equipe austríaca da Red Bull Racing, que disputa o Mundial de Fórmula 1.