Registro com alegria o aniversário do Bangu Atlético Clube, só duas vezes campeão carioca, mas com muitos craques em sua história de 116 anos, hoje, 17 de abril de 2020. Entre os nomes marcantes, Domingos da Guia e Zizinho, imortais do futebol mundial, e os artilheiros Tião, do primeiro título, em 1933, e Paulo Borges, do título de 1966. O Bangu teve técnicos da seleção brasileira em quatro Copas do Mundo.

ORIGEM DO NOME – Na língua tupi, Bangu significa parede escura. O Bangu teve três presidentes estrangeiros. O primeiro foi o da fundação, em 17/4/1904, o inglês William French, que voltou em 1906-07. O segundo, em 1905, o português José Vilas Boas, com outro mandato em 1918, e o terceiro, o inglês James Schofield, em 1922. Entre 2003 e 2006,o Bangu foi o primeiro clube brasileiro a ter uma mulher na presidência: Rita de Cassia Trindade.

AS INICIAIS – A letra B significa Pincinê – óculos sem haste, que se prende ao nariz por uma mola, muito usado no século passado -; a letra A é um suporte de pintura de telas, mostrando a vocação cultural, e a letra C representa uma ferradura, desejando sorte na atividade esportiva. O desenho do escudo da camisa, com as iniciais BACentrelaçadas, foi feito pelo presidente José Vilas Boas, chefe da seção de gravura da Fábrica Bangu.

AS CORES – Os ingleses da Fábrica Bangu torciam pelo Southampton (21/11/1885), camisa vermelha e branca, logo aprovada. E mais: no brasão do clube inglês, há três rosas – duas vermelhas e uma branca – e, poucos sabem, o Bangu completou a homenagem adotando São Jorge, soldado matador de dragões, padroeiro da Inglaterra, cujo sacrifício teria sido no dia 23 de abril, quando foi fervido vivo e envenenado, após sofrer sete anos de torturas.

TODOS OS TEMPOS – Autor do livro “Nós é que somos banguenses”, o jornalista Carlos Molinari, nascido e criado em Bangu, mas há tempos na Empresa Brasileira de Comunicação, em Brasília, coordenou o Bangu de todos os tempos. A escalação ficou assim: Ubirajara Mota, Fidélis, Domingos da Guia, Zózimo e Nilton; Fausto, Zizinho e Arturzinho;Paulo Borges, Ladislau e Marinho. Técnico – Tim. 

Luís Augusto Vinhais

PRIMEIRO TÍTULO – Vinte e sete anos após o primeiro campeonato, o profissionalismo no futebol do Rio foi implantado em 1933 e o Bangu ganhou o título com 7 vitórias, 2 empates, 1 derrota, 35 gols a favor e 10 gols contra. Time, no 2-3-5 da época: Euclides, Mário e Sá Pinto (Camarão); Paulista, Santana e Médio; Sobral, Tião, Ladislau, Plácido e Orlandinho. Tião foi o artilheiro com 15 gols. Técnico – Luis Vinhais.

33 ANOS DEPOIS – O Bangu só voltou a ser campeão carioca em 1966, com 15 vitórias, 2 empates, 1 derrota, 50 gols marcados e 8 gols sofridos. Time, no 4-2-4 da época: Ubirajara Mota, Fidélis, Mário Tito, Luis Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Ladeira, Cabralzinho e Aladim. Paulo Borges foi o artilheiro com 16 gols. Técnico – Alfredo Gonzalez. Vale lembrar: em 1999, a escrita dos 33 anos não funcionou…

TÉCNICOS DE SELEÇÃO – Luis Augusto Vinhais, do primeiro título carioca em 1933, foi o primeiro técnico do Bangu a dirigir a seleção brasileira, no único jogo da segunda Copa do Mundo, em 1934: Espanha 3 x 1 Brasil. Ademir Pimenta, técnico da Copa de 1938; Flávio Costa, técnico da seleção na Copa de 1950; Aymoré Moreira, técnico da seleção na Copa de 1962, e Zagallo, técnico da seleção nas Copas de 70, 74 e 98, também foram técnicos do Bangu.

Ladislau da Guia

GRANDES NOMES – Outros grandes nomes foram técnicos do Bangu: Martin Francisco, Yustrich, Evaristo, Zizinho, Vavá, Didi, Pinheiro, Zózimo, Plácido Monsores, o uruguaio Ondino Viera e o argentino Alfredo Gonzalez, que comandou o time campeão carioca de 1966. O Bangu foi o primeiro a ter CT, em 1921, o Chalé dos Ingleses, e a Vila Hípica, nos anos 50, onde a seleção da Espanha treinou e ficou concentrada na primeira Copa do Mundo no Brasil.

Tricolores, banguenses e vários dirigentes posam para uma emblemática fotografia antes da partida nas Laranjeiras. Fluminense 2 x 3 Bangu. 13 de abril de 1930.

TORCEDOR SÍMBOLO – Nos anos 60 conheci o contador e securitário Juarez Silva, torcedor-símbolo do Bangu, que usava sempre a camisa do time. Após a final de 66, ele desceu da arquibancada, ajoelhou-se no grande círculo e  fincou a bandeira do clube exatamente sobre a marca da saída do jogo. Ergueu as mãos aos céus e não parou de chorar. Poucas vezes um título tão esperado foi comemorado com tanta emoção.

Fotos: Historiadores dos Esportes e Bangunet