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Por mais que se entenda a situação do país, não há como deixar de lamentar a ingratidão do Botafogo com Leônidas, seu bicampeão carioca, titular em todos os 36 jogos de 67 e 68, dos primeiros títulos de Zagallo como técnico. O clube poderia ter proposto a redução de salário, ao invés de demiti-lo por um telefonema de um funcionário. Pegou muito mal.

LEÔNIDAS dedicou 54 de seus 82 anos ao Botafogo, primeiro como zagueiro de alto nível, em 247 jogos, de 1966 a 1971, e depois como técnico, em sete temporadas, nas equipes de juniores e profissionais, entre 1972 e 1998, até passar a observador das divisões de base. Trabalho dedicado, feito com seriedade e competência, que acabou sem reconhecimento.

BOM LEMBRAR – Leônidas participou das incríveis coincidências dos números do segundo bicampeonato do Botafogo, em 67-68, dirigido por Zagallo, ponta-esquerda titular do primeiro bicampeonato em 61-62. O Botafogo venceu (2 x 1) o Bangu, na final de 67, com 15 vitórias, 2 empates e a única derrota (2 x 0) para o Vasco. Leônidas foi titular nos 18 jogos.

REPETECO NO BI – O Botafogo goleou (4 x 0) o Vasco, na final de 68, também com 15 vitórias, 2 empates e a única derrota (2 x 0), igualmente no turno, para o Vasco. O Glorioso fez mais 10 gols que em 67, marcando 40, e sofreu menos um gol que os 10 gols em 67. Leônidas, nos 18 jogos, teve participação destacada, em um time em que se sobressaíam Manga, Gerson, Jairzinho, Roberto e Paulo Cesar. 

6 x 0 NO MESTRE – Leônidas era técnico do Botafogo nos 6 x 0 de 15 de novembro de 1972, dia do aniversário de 77 anos do Flamengo, dirigido por Zagallo. Dois anos antes, Zagallo só não convocou Leônidas para a Copa de 70 porque o zagueiro se contundiu.

NA SELEFOGO – Na noite de 7 de agosto de 1968, no Maracanã, Zagallo dirigiu Leônidas e mais sete do Botafogo, com a camisa da seleção brasileira, no amistoso (4 x 1) sobre a Argentina, com direito a 50 trocas de passes, sob os gritos de olé de 40 mil torcedores.

SEBASTIÃO LEÔNIDAS, capixaba de Jerônimo Monteiro, fez 82 anos dia 6 de abril. Campeão no América, mineiro em 1957 e carioca em 1960, saiu triste e magoado do Botafogo: “Recebi a decisão com surpresa, como falta de reconhecimento e até como uma violência. Fui demitido pelo telefone, por um funcionário. O Botafogo poderia ter tido um pouco de consideração comigo”.

Foto: Fernando Soutello/AGIF / Reprodução / Museu da Pelada / Marcelo Carnaval