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O Brasil ganhou a Copa América pela nona vez, menos cinco que a Argentina (14), menos seis que o Uruguai (15). O tempo de espera só foi curto entre as duas primeiras, de 1919 a 1922. Depois, precisou esperar 27 anos para ganhar a terceira em 1949. Até chegar às duas últimas, passaram-se 40 anos para festejar em 1989 e mais 30 para a comemoração em 2019. Foi a menos brilhante, pelo menos das duas últimas a que assisti. E não houve tanto esforço para carimbar um velho e conhecido freguês.

BEM SUPERIOR – O Brasil sempre foi superior ao Peru e não seria diferente na decisão deste primeiro domingo (7) de julho de 2019. Mesmo com menos um, pela incrível expulsão de Gabriel Jesus, que fez o segundo gol, o Brasil já saiu em vantagem (2 x 1) para o intervalo, e mesmo com menos um, desde a metade do segundo tempo, não correu nenhum risco. Os dois jogos que fizeram em duas semanas atestam o quanto o Brasil é melhor que o Peru: 5 x 0 e 3 x 1, ou seja, 8 gols, e só 1 sofrido. De pênalti.

R7 Esportes

RECICLAGEM – Há já algum tempo, Uruguai e Argentina, teoricamente as mais fortes, estão bem abaixo do Brasil, que por sua vez continua devendo nos confrontos com os europeus e correndo sério risco de completar em 2022 vinte anos sem Copa do Mundo. Basta citar que em 2006 foi eliminado pela França; em 2010, pela Holanda; em 2018, pela Bélgica. Pulei 2014 para não lembrar o que é difícil esquecer: os 7 a 1 e os 3 x 0 na decisão do terceiro lugar com a Holanda.

IMPENSÁVEL – Não há registro na história das 21 Copas, em que é o único 100% presente, que o Brasil tenha terminado uma Copa sofrendo 10 gols (7 da Alemanha e 3 da Holanda) e marcado apenas 1, como em 2014. Foi tão ou mais doloroso, quanto perder o título no Maracanã, precisando do empate, fazendo 1 x 0 no início do segundo tempo e levando a virada (2 x 1) do Uruguai em 13 minutos. É inadmissível que o futebol brasileiro complete em 2022, no Qatar, cinco Copas do Mundo sem voltar a ser campeão.

SEM ILUSÃO – Não há como querer tapar o sol com a peneira e se deixar iludir com a conquista de uma Copa América sem brilho, disputada em campos de má qualidade, com arbitragens fracas e ainda assim extorquindo os torcedores com preços incompatíveis com a qualidade dos jogos, que não podem ser chamados de espetáculos. Quem viu horas antes a final da Copa do Mundo Feminina, não será capaz de querer comparar gramados, arbitragens e organização, com o Brasil x Peru.

PREMIAÇÃO – O tempo de espera no Maracanã para a premiação, foi mais demorado que o tempo de duração da solenidade. O mesmo ato, nos eventos europeus, é quase imediato, e o pódio, onde os vencedores recebem a taça e as medalhas, só ocupado por dois ou três dirigentes. O que havia de gente no gramado, durante a premiação, só mesmo no futebol sul-americano, em que as federações e as confederações sempre encontram espaço para atender seus interesses.

JOGO POBRE – Do ponto de vista técnico, Brasil 3 x 1 Peru foi um jogo pobre. Everton fez 1 x 0 aos 15. Gabriel Jesus driblou Trauco e cruzou para Everton finalizar um pouco antes da pequena área. Guerrero – principal dos artilheiros em atividade na Copa América – empatou aos 43, deslocando Alisson no pênalti que Tiago Silva cometeu com a mão esquerda. E aos 47, com assistência de Arthur e escorregão de Zambrano, Gabriel Jesus recolocou a seleção em vantagem.

A EXPULSÃO – Gabriel Jesus, único advertido no primeiro tempo, por uma sola no meia Yotun, aos 29, levou o segundo amarelo e ato contínuo o vermelho, ao subir para uma disputa e cair sobre Zambrano. Falta comum e o árbitro o expulsou aos 24. Revoltado e com toda razão, ele saiu de campo fazendo com as mãos o gesto de roubo. Foi o mais grave dos equívocos de Roberto Tobar, da Federação Chilena, cuja história registra alguns casos de escândalos, que o afastaram por algum tempo das arbitragens.

TRÊS MINUTOS – Foi de novo o tempo de espera para a segunda cobrança de pênalti, desta vez claro, com Zambrano puxando Everton pelo braço. Em cobrança rasteira no canto direito, depois de paradinha, Richarlison fez 3 x 1, aos 47, e no minuto seguinte o jogo acabou. “Brasil campeão…Mas os árbitros é que vão entrar para a história da Copa América de 2019”, como destacou o diário MARCA, de Madrid, e cujo título está bem de acordo com o que se viu.

Foto: Lance

O ARTILHEIRO – Na premiação, depois de Brasil 3 x 1 Peru, Everton foi o primeiro a ser chamado e recebeu o prêmio de melhor do jogo. Depois que Daniel Alves recebeu como capitão o troféu Fair Play, ganho pela seleção, e Alison, o troféu de melhor goleiro, Everton voltou para receber o prêmio de artilheiro da Copa América 2019. Ele terminou empatado com três gols com Guerrero, mas ganhou o troféu, de acordo com o regulamento, por ter dado mais cinco assistências que o atacante peruano. No momento da foto, não deixou de olhar para ver se a marca do patrocinador estava aparecendo bem…

Foto: Celso Pupo

TÉCNICO E CAPITÃO – Daniel Alves voltou ao pódio para receber o prêmio de melhor jogador da Copa América e depois fez questão de destacar na entrevista: “O verdadeiro capitão é o nosso técnico”. Daniel Alves deu um abraço em Tite, sem ter hora para acabar. Conforme a praxe, os jogadores brasileiros formaram o corredor (pasillo, como se diz na Espanha) e aplaudiram os peruanos que se encaminhavam para receber as medalhas do segundo lugar.

Foto: site Metropoles.com

PRESIDENTE E A TAÇA – A solenidade foi encerrada com o presidente Alejandro Dominguez, da Confederação Sul-Americana de Futebol, entregando a Copa América a Daniel Alves. Os jogadores fizeram questão de chamar o presidente da República para posar com eles. Jair Bolsonaro agachou-se, segurou a taça e se retirou com o aceno para os campeões.

Foto: Carolina Antunes/PR

NOVO RECORDE – Com os preços cobrados pela Confederação Sul-Americana de Futebol, Brasil 3 x 1 Peru registrou o novo recorde de renda em estádios brasileiros: R$38.769.850,00. Só que o número de pagantes – 58.584 – ficou bem abaixo do esperado, e nem se pode comparar com o Brasil 1 x 0 Uruguai, de 1989, quando o Brasil voltou a ganhar a Copa América depois de 40 anos: 132.743 pagantes. A diferença é de 74.159 pagantes, na comparação com o Brasil 3 x 1 Peru deste 7 de julho de 2019.

BOM LEMBRAR – A seleção que ganhou a Copa América de 1989, venceu a Venezuela (3 x 1), empatou 0 x 0 com Peru e Colômbia, derrotou o Paraguai e a Argentina 2 x 0, voltou a vencer (3 x 0) o Paraguai, na semifinal, e fez 1 x 0 no Uruguai, gol de Romário, na tarde de 16 de julho de 1989, no Maracanã dos bons tempos. Basta recordar a escalação, que o técnico Sebastião Lazaroni armou no 3-5-2: Taffarel, Aldair, Ricardo Gomes e Mauro Galvão; Dunga, Mazinho, Silas (Alemão), Valdo e Branco; Bebeto e Romário.

2020 VEM AÍ – A edição 42 da Copa América será no próximo ano e pela primeira vez em dois países: Argentina e Colômbia vão dividir a organização em 2020.

Foto: El País