Dezenove anos depois da conquista inédita da quinta Copa do Mundo, com 2 x 0 sobre a Alemanha, no domingo, 30 de junho de 2002, o Brasil voltou ao palco do Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, e entrou no grupo seleto das cinco seleções que ganharam duas vezes consecutivas o ouro olímpico do futebol, ao vencer a Espanha por 2 x 1, na prorrogação deste sábado, 7 de agosto de 2021. Foi a sétima medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2020.

OS CINCO BI – Ouro na primeira edição do futebol dos Jogos Olímpicos, em 1900, a Inglaterra, que competia como Grã-Bretanha, foi também a primeira a ganhar duas vezes consecutivas o ouro, em 1908 e 1912. O Uruguai foi o primeiro sul-americano, em 1924 e 1928, merecendo a honra da Fifa de promover em 1930 a primeira Copa do Mundo, que também ganhou. A Hungria, ouro em 1964 e 1968; Argentina, ouro em 2004 e 2008, e o Brasil, ouro em 2016 e 2020. 

CAMPANHA – Sob a direção do técnico André Jardine, gaúcho de 41 anos, sem retrospecto como jogador, a seleção brasileira ganhou a medalha de ouro de 2020 do futebol olímpico, com 4 vitórias e 2 empates. Na estreia, 4 x 2 na Alemanha, a quem havia vencido nos pênaltis (5 x 4), após 1 x 1, na final de 2016. Depois, 0 x 0 com a Costa do Marfim; 3 x 1 na Arábia Saudita; 1 x 0 no Egito; 0 x 0 com o México (4 x 1 nos pênaltis), e 2 x 1 na final com a Espanha.

SETE MEDALHAS – Além das duas de ouro em 2016 e 2020, o futebol do Brasil é recordista de medalhas nos Jogos Olímpicos, com as de prata em 1984, 1988 e 2012, e as de bronze em 1996 e 2008. Daqui a três anos, na edição 33 dos Jogos Olímpicos de Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto de 2024, o futebol brasileiro poderá se igualar, com a terceira  medalha de ouro, aos da Inglaterra (1900, 1908 e 1912) e da Hungria (1952, 1964 e 1968). 

SANTOS, Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Arana; Douglas Luis, Bruno Guimarães e Claudinho (Reinier, intervalo da prorrogação); Antony (Gabriel Menino, 7 minutos do segundo tempo da prorrogação), Mateus Cunha (Malcom, início da prorrogação) e Richarlison (Paulinho, 9 minutos do segundo tempo da prorrogação) – os medalhistas olímpicos de ouro de 2020 em Tóquio, sendo sempre bom dizer que os Jogos foram adiados para 2021, em virtude da pandemia).

GOL DO TÍTULO – Paulistano de 24 anos (26/2/97), 1,71m, Malcom Filipe Silva de Oliveira foi revelado no Corinthians, campeão brasileiro 2015. Em janeiro de 2016, vendido por 5 milhões de euros ao Bordeaux, que o vendeu por 41 milhões de euros em julho de 2018 ao Barcelona, campeão espanhol 2018-19. Em agosto de 2019 vendido por 40 milhões de euros ao Zenit, time em que ganhou o bicampeonato russo em 2019-2020 e 2020-2021.

ÚNICO E HISTÓRICO – Malcom não foi titular em nenhum dos seis jogos. Substituiu Mateus Cunha, autor do primeiro gol, no início da prorrogação, e marcou seu único e histórico gol, o da medalha de ouro, aos três minutos do segundo tempo, no primeiro lance em que tocou na bola, em jogada iniciada por Antony. Ao vencer na corrida o zagueiro Jesus Vallejo, ele finalizou fora do alcance do goleiro Unai Simon para fazer o gol da medalha de ouro olímpica.

ARTILHEIRO – Mesmo sem brilho, o capixaba Richarlison, de 24 anos, foi o artilheiro dos Jogos 2020 com 5 gols, mas teve atuações apagadas na semifinal com o México e na final com a Espanha, em que perdeu pênalti do goleiro Unai Simon em Mateus Cunha, chutando por cima da trave, aos 39 do primeiro tempo. O paraibano Mateus Cunha, de 22 anos, comprado do Leipzig pelo Hertha Berlim por 20 milhões de euros, em janeiro de 2020, fez 1 x 0 aos 47 do primeiro tempo, após passar entre três marcadores.

GOL DO CAPITÃO – Mikel Oyarzabal, de 24 anos, capitão da seleção da Espanha, fez o gol de empate aos 14 do segundo tempo, após cruzamento de Carlos Soler. Foi a terceira final da Espanha, ouro em 1992, com 3 x 2 na Polônia, e prata em 2000, ao perder (5 x 3) para Camarões, na primeira final decidida em pênalis. Nos Jogos de 1920, a Espanha ficou com a prata, devido à desclassificação da Tchecoslováquia, que abandonou o campo, em protesto contra o árbitro, quando perdia (2 x 0) para a Bélgica.

QUINTA PRORROGAÇÃO – Brasil e Espanha fizeram a quinta prorrogação para decidir o ouro dos Jogos Olímpicos. Em 1928, em Amsterdam, Uruguai 2 x 1 Argentina; em 1936, em Berlim, Itália 2 x 1 Áustria; em 1988, em Seul, na Coreia do Sul, União Soviética (hoje Rússia) 2 x 1 Brasil; em 2016, no Maracanã, Brasil 5 x 4 Alemanha (nos pênaltis), e em 2020, no Japão, Brasil 2 x 1 Espanha. Bom lembrar: não houve Jogos Olímpicos em 1916 (primeira Guerra Mundial) e em 1940 e 1944 (segunda Guerra Mundial), assim como não houve Copas do Mundo em 1942 e 1946.

OURO E COPA – Sete países ganharam ouro no futebol dos Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo: Uruguai, 1924-1928, e Copas 1930 e 1950. Itália, 1936, e Copas 1934-1938, 1982 e 2006. Inglaterra, 1900, 1908 e 1912, e Copa em 1966. França, 1984, e Copas em 1998 e 2018. Espanha, 1992, e Copa em 2010. Argentina, 2004-2008, e Copas em 1978 e 1986. BRASIL, 2016 e 2020, e Copas do Mundo em 1958-1962, 1970, 1994 e 2002.

ARBITRAGEM – Brasil 2 x 1 Espanha foi a primeira final olímpica de futebol apitada por árbitro da Oceania, região geográfica composta por várias ilhas do oceano Pacífico. Chris Beath, de 36 anos, árbitro Fifa desde 2011, nasceu na cidade portuária de Sydney, uma das maiores da Austrália, onde cobri em 1988 o Torneio Internacional do Bicentenário, que o Brasil ganhou da Austrália por 1 x 0, gol de Romário. 

NOVIDADES – Já se pode antecipar que a edição 33 dos Jogos Olímpicos de 1924, em Paris, terá novas modalidades, uma delas a breakdance, lançada com sucesso nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018 em Buenos Aires e aprovada pelo Comitê Olímpico Internacional. A outra novidade será a canoagem slalom extremo. Skate e surfe serão mantidos, mas caratê e beisebol serão excluídos. O Comitê decidiu também reduzir o número de participantes, de 11.092 para 10.500, e igualar em 50 por cento a participação de homens e mulheres nos Jogos Paris 2024.

Foto: CBF / Lucas Figueiredo/CBF | REUTERS/Stoyan Nenov | Extra Online | EBC