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Nada melhor do que a indefesa Honduras para o Brasil ter a impressão de que a seleção é um primor, ao chegar ao placar mais elevado desde que Tite assumiu. A cinco dias da estreia na Copa América, a goleada de 7 x 0 é ilusória, diante de adversário inexpressivo, sem tradição e que só ocupa a posição 61 no ranking da Fifa. Nem mesmo os três jogos da fase inicial com Bolívia, Venezuela e Peru, velhos fregueses do futebol brasileiro, poderão servir como parâmetro. Essa seleção não consegue convencer.

TREINO DE LUXO – O que se viu neste domingo (8), na Arena Beira Rio – R$1.202.890,00, 16.521 pagantes – não foi um jogo, mas um treino de luxo, com ingresso pago e preços acima do aceitável para um espetáculo sem qualidade. Tiveram a coragem de cobrar de 80 a 450 reais! Só mesmo os mais fanáticos compareceram, a maioria para rever Alisson, formado no Internacional, de onde saiu para a Roma e hoje campeão europeu com o Liverpool. De uniforme todo preto, ele homenageou  Lev Yashin – 1929 – 1990 –, um dos melhores do mundo, goleiro russo na Copa de 58, no primeiro jogo de Garrincha e Pelé, juntos na seleção.

EXPULSÃO – Como se não bastasse a fragilidade de Honduras, a seleção teve que jogar com menos um desde os 29 do primeiro tempo, quando o atacante Romell Quioto, de 27 anos, do Houston Dynamo, da MLS, a Liga de Futebol dos Estados Unidos, foi expulso por entrada dura no joelho do meia Arthur, obrigado a sair de maca. O Brasil já vencia (2 x 0) com os gols de cabeça de Gabriel Jesus aos 8 e Tiago Silva aos 13, e ampliou com o de Philippe Coutinho, aos 37, convertendo o pênalti sofrido por Richarlison.

MAIS QUATRO – O que estava bom ficou melhor logo no primeiro minuto do segundo tempo, quando Gabriel Jesus marcou seu décimo sexto gol, tornando-se o principal artilheiro em 29 jogos, desde que Tite assumiu. O quinto gol, aos 11, foi o primeiro que David Neres marcou, no único jogo em que começou e terminou titular. O sexto, de Firmino, aos 19, em tabela com Neres, nove minutos depois de substituir Gabriel Jesus. Ainda havia tempo de sobra para mais gol.

MUITO ANSIOSO – Antes de fechar a goleada, aos 25, livre na pequena área, após cruzamento de Everton, o capixaba Richarlison demonstrava muita ansiedade. Chegou a morder a camisa depois de três ou quatro chances que perdeu, talvez sentindo que só o gol é capaz de mantê-lo titular. Com os 7 x 0, sentiu-se que deu uma relaxada, ainda que o desempenho tenha sido abaixo dos últimos jogos da temporada 2018-19, que disputou pelo Everton, de Liverpool.

BRASIL – Alisson, Daniel Alves (cap), Marquinhos (Eder Militão, intervalo), Tiago Silva (Miranda, 32 do segundo tempo) e Filipe Luis; Casemiro (Fernandinho, intervalo), Arthur (Allan, 32 do primeiro tempo) e Phillppe Coutinho (Everton, 20 do segundo tempo); Richarlison, Gabriel Jesus (Firmino, 10 do segundo tempo) e David Neres. Antes dos 7 x 0, desde que Tite assumiu, as vitórias mais amplas da seleção foram de 5 x 0, nos também inexpressivos El Salvador e Bolívia.

TRÊS CARTÕES – O árbitro Andrés Cunha, de 42 anos, da Associação Uruguaia de Futebol, teve atuação tranquila. Foi correto em expulsar o atacante Romell Quioto pela falta grosseira em Arthur aos 29, dois minutos após aplicar em Casemiro o único cartão amarelo da seleção brasileira, por falta no atacante Alberth Elis. O outro amarelo, aos 32, foi do atacante Rojas, por falta em Filipe Luis. A seleção de Honduras, treinada pelo uruguaio Fabián Coito Machado, de 52 anos, disputará a Copa Oro na Jamaica.Bom dizer: Honduras significa profundezas em espanhol. É referência às águas profundas do litoral sul do país da América Central, descoberto em 1500 pelo navegador italiano Cristovam Colombo, nascido em 1451 em Gênova e falecido em Valladolid, na Espanha, em 1506.

Imagem: Mike Hewitt/Getty Images