O NOVO TÉCNICO DO VASCO, Ramon Ángel Diaz, foi personagem de um Brasil x Argentina que ficou na história das Copas do Mundo. Já se foram 41 anos, mas a memória me faz lembrar dele, autor do último gol da tarde da 6ª feira, 2 de julho de 1982, no Parque Sarriá, em Barcelona. Zico, Serginho Chulapa e Junior, que comemorou com samba no pé, já haviam feito 3 x 0, na última vitória, antes de a seleção do mestre Telê Santana ser eliminada pelos três gols de Paolo Rossi.
CINCO MINUTOS DEPOIS de substituir ninguém menos que Mario Kempes, campeão e artilheiro da Copa de 78, Ramon Diaz, habilidoso, criativo, inteligente, como todos os canhotos – Gerson, Tostão, Rivellino, entre outros que vi -, acertou o ângulo direito de Waldir Peres. Quem se lembra, sabe o quanto eram bons Fillol, Olguin, Galvan, Daniel Passarela (c) e Tarantini; Barbas, Ardiles e Calderon; Bertoni (Santamaria), Mario Kempes (Ramon Diaz) e Diego Maradona.
NÃO SÓ O BELO GOL de Ramon Diaz nem o futebol de alto nível da seleção de Cesar Luis Menotti, meia campeão paulista de 68, no auge do Santos de Pelé, e técnico campeão mundial de 78, se sobressaíam na seleção argentina. Já despontava Diego Maradona, aos 21 anos, um mês antes vendido pelo Boca ao Barcelona pela fábula da época de oito milhões de dólares, que, no entanto, perdeu a cabeça, agrediu Batista e foi expulso pelo árbitro mexicano Mario Rubio Vasquez.
TEMPOS DEPOIS, MARADONA confessou que se irritou com os gritos de olé dos torcedores brasileiros e com o samba no pé de Junior, cracaço de bola, mestre-sala da Mangueira, comemorando no ritmo do Voa, canarinho, voa, o 3º gol. Maradona foi além, ao revelar que o objetivo da falta dura não era Batista, era Falcão, outro de técnica de alto refino, cabeça em pé, olhando em todas as direções, deixando a bola ainda mais redondinha.
POR MAIS QUE O TEMPO PASSE, impossível deixar de lembrar da seleção que encantou o mundo e não ganhou a Copa. Nos 3 x 1 na Argentina, Waldir Peres, Leandro (Edevaldo), Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão e Zico (Batista); Sócrates (c), Serginho Chulapa e Eder. Após o jogo seguinte, Itália 3 x 2 Brasil, algo que só vi uma vez, nas oito Copas que cobri: ao entrar na sala de entrevistas, Telê Santana foi aplaudido de pé pelos jornalistas, e um inglês resumiu: “The Cup is over today” (“A Copa acabou hoje”).
Fotos: Site Alamy e Portal dos Times