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Barcelona e Real Madrid – maior clássico do futebol mundial – farão o jogo top da décima rodada de La Liga, como o Campeonato Espanhol é tratado, com a lotação completa de 92 mil torcedores, amanhã (28), último domingo de outubro, no estádio Camp Nou. Pela primeira vez, depois de dez anos, sem as principais figuras: Messi, com o braço direito fraturado, e Cristiano Ronaldo, agora na Juventus, líder do Campeonato Italiano, depois de dividirem o prêmio de melhor do mundo em dez temporadas consecutivas.
DIFERENÇA – Também pela primeira vez, há uma grande diferença na situação dos times. O Barcelona lidera com 18 pontos e 67% de aproveitamento – 5 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 23 gols marcados e 11 sofridos – e o Real Madrid é apenas sétimo colocado com 14 pontos e 52% de aproveitamento – 4 vitórias, 2 empates, 3 derrotas, 13 gols pró e 9 contra -, precisando vencer, após três derrotas consecutivas, para não terminar a rodada atrás do recém promovido Valladolid, sexto com 16 pontos, ao empatar (1 x 1) com o Leganés, no único jogo de ontem (26), na abertura da décima rodada.
FENÔMENO – O presidente Ronaldo Fenômeno, que recém comprou o Valladolid, levantou-se da tribuna do estádio José Zorrilla para aplaudir o time, que conseguiu o empate aos 47 do segundo tempo, com o gol do jovem Daniele Verde. Atacante de 22 anos, 1,68m, nascido em Napoli, sul da Itália, Daniele Verde é da Roma, que o havia cedido a quatro times – Frosinone, Pescara, Avellino e Verona -, antes de emprestá-lo ao Valladolid, que está só a dois pontos do líder Barcelona e do vice-lider Espanyol.
JOGO DAS GARRAFAS – A história de 116 anos do clássico foi iniciada em 13 de maio de 1902, na semifinal da antiga Copa da Coroa, que virou Copa do Rei, e o Barcelona venceu (3 x 1), no Camp Nou. 66 anos depois, em Madrid, na final da Copa do Rei, o Barcelona ganhou (1 x 0), sob muita revolta dos torcedores, pela não marcação de um pênalti para o Real Madrid. Durante anos foi lembrado como El partido de las botellas (Jogo das garrafas), que foram lançadas ao gramado.
DITADURA FRANCO – Durante os quase 40 anos da ditadura do general Franco, que governou o país com mão de ferro, os torcedores do Barcelona criaram muitos problemas, que o militar tolerava, nas manifestações em todos os jogos, em que agitavam as bandeiras catalãs e cantavam a plenos pulmões o hino da Catalunha: “Era bem mais fácil mantê-los sob controle em um estádio do que nas ruas” – resumia o então Generalíssimo Francisco Franco (4/12/1892 – 20/11/1975).
CABEÇA DE PORCO – O governo proibiu que torcedores entrassem com garrafa nos estádios de toda a Espanha. Então os do Barcelona, revoltados com a presença do meia português Luis Figo, seu ex-jogador, que voltou ao Camp Nou com a camisa do arquirrival Real Madrid, no ano 2000, lançaram na direção dele, quando entrou em campo, uma cabeça de porco. De ídolo durante cinco temporadas, Figo tornou-se “o maior inimigo do Barcelona, de todos, o mais odiado”.
LUIS FIGO disse pouco tempo depois que não esperava reação tão forte dos torcedores do Barcelona, que levaram faixas com dizeres“Mercenário”, “Pesetero”, em alusão ao peso, moeda da época na Espanha, porque ele havia saído para o Real Madrid pelo equivalente, na moeda atual, a 60 milhões de euros (algo, hoje, em torno de R$250 milhões). O ex-jogador também confessou nunca ter sido vaiado com tanta intensidade, antes, durante e depois de um jogo, que o Barcelona ganhou (2 x 0).
SURPREENDENTE – Uma das reações mais surpreendentes da história do clássico foi a da torcida do Real Madrid, em seu estádio Santiago Bernabeu, em 26 de junho de 83. O time vencia (2 x 1) e o jogo parecia ganho. Nos minutos finais, Diego Maradona foi passando por todos os marcadores e fez um gol de placa na saída do goleiro. Além de aplaudi-lo, os torcedores do Real Madrid também gritaram o nome do craque argentino.
ROMÁRIO, 3 GOLS – Pouco antes de ser o artilheiro do Brasil na campanha do tetra, em 94, Romário teve atuação esplendorosa no clássico e marcou três gols nos 5 x 0, todos antes do intervalo, e cada um mais bonito que o outro. O Barcelona era dirigido por seu ex-jogador, o notável holandês Cruyff, e tinha o que os torcedores chamavam de time dos sonhos, com destaque para Romário e o dinamarquês Laudrup, e o excelente goleiro Zubizarreta.
BANANA BRASILEIRA – O meia paraense Giovanni, revelado na Tuna Luso, que o emprestou ao Remo e ao Paysandu, e depois negociado com o Santos, foi considerado “o jogador mais alto com técnica refinada”, do final dos anos 90 do Barcelona, após ser eleito o melhor do Campeonato Brasileiro de 95. Em 98, ao marcar o gol da vitória (3 x 2), em Madrid, ele deu várias bananas para os torcedores do Real, que nunca tinham visto esse tipo de comemoração.
FIM DO TABU – O Real Madrid ficou 19 anos sem ganhar do Barcelona. O tabu foi quebrado em 2002, com os 2 x 0 na semifinal da Liga dos Campeões. O francês Zidane fez 1 x 0, e Steve McManaman – primeiro inglês a ganhar duas vezes a Liga – marcou o segundo gol. Ele deixou o time depois de 152 jogos e 14 gols.
DOIS GOLAÇOS – Ronaldinho Gaúcho gravou o nome de vez na história do Barcelona na vitória (3 x 0), em 19 de novembro de 2005, aplaudido de pé pelos torcedores do Real Madrid, no estádio Santiago Bernabeu. Samuel Eto’o fez o primeiro; ele marcou o segundo e o terceiro. Foi a melhor exibição de sua carreira, reconhecida por ele mesmo, que naquele ano foi o penúltimo brasileiro a ganhar a Bola de Ouro (último foi Kaká, em 2007).
CORREDOR e PALMAS – O Barcelona sempre foi mais cortês e o exemplo que marcou foi o do campeonato de 2008. O Real Madrid havia ganho o título com duas rodadas de antecedência. O Barcelona formou um corredor para a entrada do rival em campo e seus jogadores aplaudiram os campeões. O Real Madrid ganhou (4 x 1) o superclássico. No ano seguinte, o Barcelona também não perdoou: 6 x 2, o jogo com mais gols da história do superclássico.
QUE ANIVERSÁRIO!!! – Coisa rara: Barça x Madrid numa segunda à noite, em 29 de novembro de 2010, no Camp Nou, para comemorar os 110 anos, com todos os ingredientes: Messi x Cristiano Ronaldo. Guardiola x Mourinho. 100 mil torcedores. Barça 5 x 0, com show de Messi, Iniesta, Xavi, Puyol e companhia.
NEYMAR – O primeiro Barça x Real de Neymar foi em novembro de 2013. E não poderia ter sido melhor. Ele fez o primeiro gol e deu a assistência ao chileno Alexis Sanchez para marcar o segundo (2 x 1).
500 GOLS – Entrou para a história do Barça a noite de 23 de abril de 2017, em que Messi chegou aos 500 gols, ao marcar os dois (2 x 0) e tirar a camisa para mostrar aos torcedores do arquirrival.
VIOLENTO – Entre os jogadores não houve clássico mais violento que o de 2017-18, no Camp Nou, em que o Barça manteve a invencibilidade (35 jogos), ao empatar (2 x 2) quase no fim. Sergi Roberto, lateral-direito do Barça, deu um soco em Marcelo, lateral-esquerdo do Real, e foi o único expulso. Houve discussões e ofensas até mesmo entre jogadores mais tranquilos, tipo Iniesta e Bale. Luis Suarez e Sergio Ramos, Modric e Alba também trocaram ofensas.
EVARISTO DE MACEDO – Carioca do Grajaú, hoje aos 65 anos, com vida tranquila em Ipanema, Evaristo conseguiu ser ídolo nos dois: 1957 a 1962, no Barcelona, e de 62 a 65 no Real Madrid. Até hoje recebe convite para os grandes eventos dos dois clubes. Mas, não esconde que gosta mais do Barcelona: 226 jogos, 178 gols, após sair do Flamengo 103 gols em 191 jogos, entre 53 e 57. Bom dizer: Evaristo é o único da história da seleção brasileira a fazer 5 gols em um jogo, nos 9 x 0 na Colômbia, no Sul-Americano de 1957, em Lima, capital do Peru.
RONALDO FENÔMENO – Carioca de Bento Ribeiro, hoje aos 42 anos e dono do clube Valladolid, deixou a marca no clássico espanhol, no periodo em que ganhou três vezes o prêmio de melhor do mundo, em 96, 97, com 47 gols em 49 jogos pelo Barcelona, e de 2002 a 2007 no Real Madrid, com 104 gols em 177 jogos. Ídolo das duas torcidas.
RONALDINHO GAÚCHO – Dos 301 gols em 788 jogos na carreira, alguns dos mais importantes que marcou estão na história do Barcelona, onde gravou o nome em letras de ouro, entre 2003 e 2008, com 108 gols em 249 jogos. Foi o primeiro, e ainda é o único, campeão da Liga dos Campeões, da Libertadores, Copa do Mundo e os prêmios de melhor jogador do mundo de 2004 e 2005. É embaixador do Barcelona em todos os continentes.
ROBERTO CARLOS – Melhor lateral-esquerdo da história do Real Madrid, que defendeu de 97 a 2006, com 71 gols em 584 jogos, ganhando quatro títulos de campeão espanhol e sendo, em 2002, único a conquistar a Liga dos Campeões da Europa e a Copa do Mundo. Em janeiro de 2006 tornou-se o estrangeiro com mais jogos (329) no Campeonato Espanhol.
VANDERLEI LUXEMBURGO – Recordista de títulos de campeão brasileiro (5) e com 11 títulos de campeão estadual, foi o único técnico brasileiro a dirigir o Real Madrid, em 2005, com 28 vitórias, 7 empates e 10 derrotas.
OS TÉCNICOS DE AMANHÃ – Coisa rara o clássico mais importante do futebol mundial ter dois técnicos espanhóis no comando dos times: Ernesto Valverde, do Barcelona, tem 54 anos e vai completar 64 jogos, com 78,3% de aproveitamento, desde que assumiu em maio de 2017.
JULEN LOPETEGUI, do Real Madrid, é o primeiro técnico da história do clube a perder três jogos consecutivos dos nove disputados no começo do Campeonato Espanhol. Tem 52 anos, foi goleiro em 114 jogos em 11 temporadas no Real Madrid, mas também jogou no Barcelona. Técnico da seleção da Espanha, foi demitido dois dias antes da estreia na Copa do Mundo 2018, por estar tratando ao mesmo tempo dos problemas do clube.
BRASILEIROS EM CAMPO AMANHÃ – BARCELONA – Arthur e Philippe Coutinho. REAL MADRID – Marcelo, Casemiro e, talvez, Vinícius Júnior.
OS MAIORES GOLEADORES do superclássico que Barcelona e Real Madrid vão reviver amanhã, no último domingo (28) de outubro, diante de quase 100 mil torcedores no Camp Nou: Messi, 21 gols. Di Stefano, 18. Cristiano Ronaldo, 16. Raul Gonzalez, 15. Ferenc Puskas, Gento e Cesar Rodriguez, 14. Carlos Santillana, 12. José Samitier e o mexicano Hugo Sanchez, 10 gols.