Foto: Roslan Rahman / AFP
Promotor da próxima Copa do Mundo, a primeira a ser disputada no Oriente Médio, em 2022, o Catar ganhou ontem (1), pela primeira vez, a Copa da Ásia – 7 jogos, 7 vitórias, 19 gols marcados e só 1 gol sofrido -, ao derrotar (3 x 1) o Japão, diante de 36 mil torcedores, no estádio Xeique Zayed, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes.
SEM TORCIDA – Por problemas diplomáticos entre os dois países, os Emirados Árabes impediram a entrada de torcedores do Qatar nos estádios. E fizeram ainda pior: no jogo das quartas de final, em que o Catar goleou (4 x 0) os Emirados Árabes, atiraram vários objetos contra os jogadores visitantes, um deles atingido por um sapato na cabeça.
A CAMPANHA – Na fase de grupos, o Catar ganhou da Arábia Saudita (2 x 0), Coreia do Norte (6 x 0) e Líbano (2 x 0). Na fase final, venceu o Iraque (1 x 0), Coreia do Sul (1 x 0), Emirados Árabes (4 x 0) e na grande final, ontem, 1 de fevereiro, 3 x 1 no Japão, que estava invicto há 17 jogos e, pela primeira vez, perdeu uma decisão das cinco que disputou, ganhando quatro, como o maior vencedor da Copa da Ásia, realizada em 2019 pela décima sétima vez.
SHOW DE BOLA – O Catar deu um show de bola no Japão e já saiu para o intervalo com 2 x 0. Almoez Ali, 22 anos, nascido no Sudão, fez 1 x 0 com o golaço de bicicleta, de canhota. O segundo gol foi de Abdulahziz Hatem. No segundo tempo, Minamino Takushi marcou de fora da área o gol do Japão. O terceiro gol do Qatar, de Akram Afif, foi de pênalti, e o árbitro Ravsham Imatov, do Uzbequistão, recorreu ao árbitro de video para confirmar a marcação.
TÉCNICO ESPANHOL – A seleção do Catar é dirigida desde 2017 pelo espanhol Felix Sanchez Bas, 43 anos, nascido em 13/12/75, em Barcelona. Sem histórico como jogador, começou na comissão técnica da base do Barcelona, mas logo se mudou para Doha – capital do Catar -, onde iniciou em 2006 o trabalho de base. De 2013 a 2015, na seleção sub-19, e logo na sub-20 e sub-23, até 2017, quando assumiu a seleção principal, que ontem (1) ganhou o primeiro título internacional de sua história.
RECORDISTA – Autor do primeiro gol, de bicicleta – eleito o mais bonito da Copa da Ásia 2019 -, o sudanês Almoez Ali tornou-se artilheiro e recordista com 9 gols. Ele superou os 8 marcados pelo iraniano Ali Daei na Copa da Ásia de 1996. Dos 23 jogadores do Catar, 22 jogam em times do país. O único que atua fora é Khaled Mohamed, do Cultural y Deportiva Leonesa, time da cidade de Leon, no noroeste da Espanha, que disputa o campeonato da terceira divisão.
51 JOGOS, 130 GOLS – A média de 2.55 gols por jogo da Copa da Ásia 2019 foi considerada boa pelos observadores, que elogiaram o nível técnico da maioria dos jogos. O Catar teve o ataque mais positivo com 19 gols e aplicou a maior goleada (6 x 0) na Coreia do Norte. A média de público – 12.633 pagantes por jogo – também foi tida como satisfatória. O total de pagantes nos 51 jogos foi de 644.307.
NOVE CAMPEÕES – O Japão é o maior vencedor da Copa da Ásia com quatro títulos. O técnico Hajime Moriyasu, 50 anos, ex-volante do Sanfrecce Hiroshima – 271 jogos, 34 gols, de 1987 a 2001 -, e 35 jogos pela seleção japonesa, mostrava-se abatido com a perda do título, sua primeira derrota em 12 jogos na história bonita do Japão na Copa da Ásia. Irã e Arábia Saudita ganharam três vezes e a Coreia do Sul, duas. O Catar se juntou ao Iraque, Kuwait, Austrália e Israel, que também foram campeões uma vez. A Copa da Ásia de 2019 foi a primeira disputada por 24 seleções.
O ÍDOLO XAVI – No Catar desde 2015 e perto de completar 100 jogos pelo Al Sadd, o meia espanhol Xavi Hernandez, 39 anos, tornou-se ídolo no país. Xavi foi um dos destaques do Barcelona – 769 jogos, 92 gols -, de 1998 a 2015, além de ter brilhado catorze anos na seleção da Espanha, campeã do mundo em 2010, com 133 jogos e 13 gols, entre 2000 e 2014. Xavi levou os torcedores à empolgação, na véspera da abertura da Copa da Ásia, ao afirmar na TV que “o Catar será campeão”.
COPA AMÉRICA – Convidados da Confederação Sul-Americana, Catar e Japão participarão da Copa América 2019, que Brasil e Bolívia abrirão dia 14 de junho, no estádio do Morumbi. O campeão Catar disputará o Grupo B com Argentina, Colômbia e Paraguai. O vice-campeão Japão é do Grupo C com Uruguai, Chile e Equador.
A POTÊNCIA – O Catar tornou-se estado soberano e uma grande potência, ao conseguir a independência em 3 de setembro de 1971, depois de muita pobreza até o final dos anos 1940, quando suas atividades econômicas se limitavam à criação de camelo e à pesca de peixes e pérolas. Depois, com a exploração dos campos petrolíferos, passou a ser uma das três maiores reservas de gás e petróleo do mundo. No Catar, com população de 2 milhões de habitantes, nenhuma pessoa nascida no país paga imposto.