O Chelsea de Londres, comprado em 2003 pelo bilionário russo Roman Abramovich, ganhou pela segunda vez a Liga dos Campeões da Europa, maior torneio de clubes do mundo, ao vencer por 1 x 0 o Manchester City, campeão inglês, na noite de ontem (29) de maio, no estádio do Dragão, no Porto, maior cidade do Norte de Portugal, diante de 14.110 torcedores. Foi o primeiro gol da carreira do atacante alemão Kai Havertz, de 21 anos, aos 42 do primeiro tempo.
BRASILEIROS – Ederson, Gabriel Jesus e Fernandinho com a camisa do City, campeão inglês, e Thiago Silva e Jorginho, os campeões europeus do Chelsea, que agora espera o campeão da Libertadores para decidir em dezembro no Japão o Mundial de clubes. O meia Jorginho, de 29 anos, catarinense de Imbituba, nunca jogou no Brasil. Foi para a Itália em 2007, formou-se na base do Verona e saiu do Napoli para o Chelsea em agosto de 2018. É titular da seleção italiana.
THIAGO SILVA, carioca de 36 anos, saiu do Fluminense, campeão da Copa do Brasil em 2007, foi campeão italiano 2010-11 no Milan; sete vezes consecutivas campeão francês no PSG – 2012-13 a 2019-20 – e saiu em agosto de 2020, a custo zero, para o Chelsea. Ele resume a emoção: “Ser campeão no Porto tem significado muito especial na minha vida. Fui nessa cidade abençoada que me curei da tuberculose e só lamento não ter tido chance de jogar no Porto”.
EM DÚVIDA – Thiago Silva sentiu a virilha aos 34 do primeiro tempo, foi atendido à beira do campo e voltou, mas não suportou a dor e foi substituído pelo dinamarquês Andreas Christensen aos 39. Ele se coloca como dúvida para os jogos da seleção nas eliminatórias e na Copa América, mas garante: “Sou ambicioso. Não poderia finalizar a carreira sem a Champions, como não vou encerrar sem a Copa do Mundo. Quero também a Libertadores, que não ganhei em 2008, mas posso ter a segunda chance” – referindo-se à volta ao Fluminense, clube do coração, onde quer concluir a carreira.
GRANDE FINAL – Chelsea e City valorizaram o jogo, com atuação de gala na grande final, em que o placar refletiu bem o equilíbrio. O City teve 87% de acerto nos 608 passes, e o Chelsea, de 85% nos 403 passes, ao adotar postura bem mais cautelosa, com seu impecável esquema de marcação. O lançamento do próprio campo do meia inglês Mason Mount, de 22 anos, para o alemão Kai Havertz ganhar dos zagueiros no pique e driblar o goleiro Ederson, foi primoroso.
A PROVA E A BOLA – Kai Havertz foi o mais jovem, aos 17 anos e 126 dias, a estrear no Bayer Leverkusen, seu único time na Alemanha. Ao marcar o gol do 1 x 0 no Freiburg, em maio de 2020, tornou-se o primeiro a fazer 35 gols no campeonato aos 20 anos, e em dezembro, o mais jovem a completar 100 jogos no campeonato. Deixar de participar de um jogo com o Atlético de Madrid, pela Liga dos Campeões, para não perder uma prova no colégio.
PRÊMIO DOS CAMPEÕES – Além do que ganhou nas fases anteriores, o Chelsea receberá da União Europeia de Futebol 19 milhões de euros – R$122 milhões – pelo título da Liga dos Campeões. O segundo lugar renderá ao Manchester City 15 milhões de euros, quase R$100 milhões. Não há estimativa de quanto o bilionário russo Roman Abramovic, com fortuna calculada em 30 bilhões de dólares, dará a cada jogador do Chelsea pelo segundo título da Liga dos Campeões.
OS CAMPEÕES – Mendy, Rudiger, Thiago Silva (Christensen) e Azpilicueta (c); James, Chilwell, Kanté e Jorginho; Mason Mount (Kovacic), Kai Havertz e Timo Werner (Pulisic). Édouard Mendy, de 29 anos, 1,97m, nascido no Senegal e naturalizado francês, tornou-se o primeiro goleiro africano, campeão da Liga dos Campeões. Ele foi comprado em 2020 do Rennes por 22 milhões de libras (R$140 milhões) e é o único goleiro negro do Campeonato Inglês.
14 TÍTULOS – O Chelsea tornou-se o décimo quarto time inglês a ganhar a Liga dos Campeões da Europa, depois de nove anos (2012). O maior vencedor é o Liverpool com seis títulos: 77, 78, 81, 84, 2005 e 2019. Os três títulos do Manchester United foram em 68, 99 e 2008. Os dois do Nottingham Forest em 79 e 80, e o único do Aston Vila, em 82. Na primeira decisão com o City, o técnico Guardiola esperava o terceiro título, após ganhar 2009 e 2011 com o Barcelona, o que o igualaria ao francês Zidane, único tricampeão 2016-17-18, e ao italiano Carlo Ancelotti, em 2003, 2007 e 2014.
CATADOR DE LIXO – Filho de imigrantes da República do Mali, sétimo maior país da África, sem saída para o mar, o volante N’Golo Kanté, de 30 anos, nasceu em um dos subúrbios mais pobres de Paris e catava lixo para ajudar no sustento da família. Após atuar em vários times franceses inexpressivos, foi campeão inglês em 2015-16 com o Leicester, e em 2016-17 com o Chelsea. Ganhou, com justiça, o prêmio de melhor da Champions 2020-2021. Campeão do mundo em 2018, foi muito importante no esquema do técnico Didier Deschamps, da seleção francesa.
14.110 TORCEDORES – A final da Champions teve 14.110 torcedores no estádio do Dragão, no Porto, de acordo com a informação oficial da União Europeia de Futebol, que autorizou, junto com o governo de Portugal, a venda de 16.500 ingressos. A Uefa recebeu 1.700 convidados e cada clube ficou com 6.500 ingressos. Os torcedores apresentaram exame PCR negativo, com datas de 26 a 29 de maio. Os testes rápidos de antígenos, com datas de 28 e 29, também foram aceitos.
SÓ TRÊS CARTÕES – Arbitragem excelente do espanhol Antonio Miguel Mateu Lahoz, valenciano de 44 anos, o melhor da Real Federação Espanhola de Futebol e um dos melhores da Fifa desde 2011. Foi o árbitro da abertura dos Jogos Olímpicos 2016, em Brasil 0 x 0 África do Sul, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Só fez três advertências com cartão amarelo, em Gundogan por falta em Mason Mount aos 34 do primeiro tempo, e em Rudiger, por falta em De Bruyne, aos 10, e em Gabriel Jesus, aos 42 do segundo tempo, por falta em Kai Havertz, autor do gol.
ALTÍSSIMO NÍVEL – Além do espetáculo técnico de altíssimo nível, Chelsea e City deram show de disciplina e educação esportiva. Técnicos e jogadores, incluídos os reservas, trocaram apertos de mão e abraços. Os campeões fizeram a guarda de honra e aplaudiram os árbitros, que receberam medalhas, e depois aplaudiram quando os jogadores do City se dirigiam ao pódio para receber as medalhas.
BEIJO NA TAÇA – Todos os jogadores do Chelsea beijaram a taça, chamada de “orelhuda, colocada logo após o pódio. O advogado esloveno Aleksander Ceferin, de 53 anos, presidente da União Europeia de Futebol, encerrou a premiação entregando a taça ao ala espanhol Cesar Azpilicueta, de 31 anos, capitão do Chelsea. Ceferin lamentou que pelo segundo ano consecutivo a Turquia não tenha podido sediar a final, devido aos problemas da pandemia, e elogiou a organização de Portugal: “Não faltou nada. Um trabalho perfeito da Liga Portuguesa de Futebol”.
PREOCUPAÇÃO – O presidente da Uefa designou um assessor para acompanhar o trabalho dos médicos do City na recuperação do volante belga De Bruyne, que teve choque forte, no alto, com o zagueiro alemão Rudiger, aos 10 minutos do segundo tempo, e teve que ser substituído quatro minutos depois pelo paulista Gabriel Jesus. Com muita dor, De Bruyne nem viu o final do jogo, retirando-se antes dos 40 minutos para o vestiário. Rudiger recuperou-se rápido.
DESPEDIDA – O atacante argentino Sergio Aguero, de 32 anos, fez o último jogo pelo Manchester City, desde 2011. Cinco vezes campeão da Premier League, considerado o campeonato mais organizado e rentável do mundo, Aguero marcou 290 gols em 389 jogos, tornando-se o maior artilheiro da história inglesa pelo mesmo time. Ídolo maior da torcida com o gol da vitória (3 x 2) sobre o Blackburn, em 13 de maio de 2012, dando o título ao City, que não era campeão há 44 anos.Ele substituiu Sterling aos 31 do segundo tempo.
TRÊS CAPITÃES – Um dos times com três capitães no mesmo jogo, fato inédito em uma final da Liga dos Campeões da Europa, foi o que aconteceu ontem (29) com o Manchester City. Quando o belga De Bruyne foi substituído, a braçadeira foi para o atacante inglês Sterling, que, ao ser substituído pelo volante brasileiro Fernandinho, passou-lhe a braçadeira. O meia croata Mateo Kovacic, de 27 anos, incluiu-se entre os que ganharam quatro vezes a Champions (3 no Real Madrid, que tem o recordista, Francisco Gento, ponta-esquerda seis vezes campeão, entre 55-56 e 65-66).
Fotos: Página Oficial do Chelsea | Foto: Pierre-Philippe Marcou/Gettyimages