DEPOIS DE 21 EDIÇÕES DE QUATRO EM QUATRO ANOS, DESDE 1930, a Fifa quer que a Copa do Mundo passe a ser disputada de dois em dois anos, a partir de 2028, mas a mudança tem causado discussão, e ainda não foi bem aceita pela União Europeia de Futebol. Em maio de 2021, o Congresso da Fifa pediu um estudo para o projeto e usou o termo “viabilidade”, que, no entender da Uefa, “deve abranger todos os efeitos e consequências”.

IMPACTOS – Sempre bem fundamentado em suas teses, o advogado Aleksander Ceferin, de 53 anos, presidente da Federação de Futebol da Eslovênia, entre 2011 e 2016, quando assumiu a presidência da União Europeia de Futebol, diz que “a ideia de reduzir o tempo de disputa da Copa do Mundo deve ser analisada pelos impactos que causará no calendário dos clubes, na saúde mental dos jogadores e dos próprios torcedores. Não é tão fácil quanto parece”.

A UNIÃO EUROPEIA DE FUTEBOL deixou claro que não gostou da divulgação aberta da ideia de encurtar o período de disputa da Copa do Mundo, feita pela Fifa, sem realizar qualquer reunião de consulta. Mantendo o respeito a todas as 53 Federações filiadas à Uefa, o presidente Ceferin fez questão de ressaltar: “Itália e Alemanha, cada uma com quatro títulos mundiais, têm história no futebol e precisam ser consultadas sobre a mudança do projeto”.

AUMENTO DE SELEÇÕES – A realização da Copa do Mundo, a partir de 1930, baseou-se nas edições de 1924 e 1928 dos Jogos Olímpicos em que o Uruguai foi o primeiro a ganhar duas vezes consecutivas a medalha de ouro, merecendo então ser escolhido sede da primeira Copa do Mundo. No entanto, a maioria das seleções europeias não se deslocou à América do Sul, sob a alegação de que era muito distante, e apenas França, Bélgica, Iugoslávia e Romênia participaram.

BOICOTE DO CAMPEÃO – A segunda Copa do Mundo, disputada em 1934 por mais três seleções (16) que a primeira (13),  não teve a participação do Uruguai, bicampeão olímpico (1924-1928) e primeiro campeão mundial (1930), que boicotou a primeira Copa na Europa, realizada na Itália (campeã), porque a maioria dos europeus não prestigiou a Copa de 1930. O Uruguai também não foi à Copa de 1938 na França (Itália bicampeã), só reaparecendo na Copa de 1950 no Brasil.

SETE COM 16 SELEÇÕES – A Copa de 1950 no Brasil, em que o Uruguai ganhou o segundo e último título, voltou a ter só 13 seleções, seis da Europa. A partir de 1954, quando a Fifa estabeleceu de vez o rodízio entre Europa e América do Sul,com exceção do México-70, a Copa teve 16 seleções até 1978, na Argentina (campeã). De 82 a 94, quatro Copas com 24 seleções, sendo bom lembrar: em 86, a segunda Copa no México, por desistência da Colômbia, e em 94, nos Estados Unidos.

DE 32 PARA 48 SELEÇÕES – A partir de 1998 e até a mais recente, em 2018, o número de seleções participantes da Copa do Mundo aumentou de 24 para 32 seleções, e a próxima, em 2022, no Catar, primeira no Oriente Médio, será a última com 32 seleções. A Copa do Mundo de 2026, além de ser a primeira da história com 48 seleções, será também a primeira em três sedes, superando à de 2002, primeira na Ásia, disputada no Japão e na Coreia do Sul (quinto título do Brasil). Apertem os cintos: a Copa do Mundo de 2026 será simultaneamente no Canadá, Estados Unidos e México. Com 48 seleções.

Foto: El Pais