Os dirigentes do Flamengo estão apreensivos por terem que prestar depoimento na CPI da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, hoje (7), véspera de um ano da devastadora tragédia, em que dez jogadores das divisões de base morreram enquanto dormiam, no incêndio no Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na região da Zona Oeste. Nada pior no clube, desde a fundação em 15 de novembro de 1895.
PEDIDO NEGADO – A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa negou o pedido do presidente Rodolfo Landim, único a solicitar em carta para comparecer sozinho, e avisou que o vice-presidente jurídico Rodrigo Dunshee de Abranches, filho do ex-presidente Antonio Augusto – campeão do mundo em 1981 -, e o diretor Reinaldo Belloti também devem estar presentes, sob pena de serem alvo de condução coercitiva.
TODOS AMEAÇADOS – A sessão desta sexta (7), no Palácio Tiradentes, no Centro do Rio, será dirigida pelo deputado Alexandre Gomes Knoploch dos Santos, carioca de 33 anos, do Partido Social Liberal (PSL), quarto mais votado na eleição de outubro de 2018, com 103.639 votos. Ele antecipou que os dirigentes do Flamengo, da gestão anterior e da atual, estão sob ameaça de denúncia à Justiça pelas mortes, o que poderá levá-los à cadeia.
CULPA DO CLUBE – A Polícia Civil concluiu, depois de rigorosa perícia, que as instalações dos contêineres em que os jovens jogadores estavam e morreram queimados, em desespero, sem ter como escapar, eram inadequadas, o que vai estender a responsabilidade ao fabricante contratado pelo Flamengo. A falta de uma brigada de incêndio no local, no momento da tragédia, aumenta a culpa do clube, único responsável pela guarda dos adolescentes.
DENUNCIADOS – Os responsáveis pelo incêndio serão denunciados pelo Ministério Público no decorrer de março, o que envolverá todos os que contribuíram para a tragédia de 8 de fevereiro de 2019 no CT do Ninho do Urubu. A denúncia pode começar pelo vigia e se estender às mais altas figuras da administração do clube. Não são poucos os nomes envolvidos e a tendência é que todos sejam denunciados e enquadrados na forma da lei.
O FLAMENGO, apesar da repercussão internacional do problema, divulgado em todas as mídias do mundo, sempre evitou o contato direto para se explicar sobre a tragédia. Na semana passada, o presidente, o vice-presidente e um diretor, apareceram em vídeo gravado, em que só respondiam a perguntas de uma interlocutora do próprio clube. Um ano após a tragédia, o Flamengo nunca admitiu entrevista coletiva. Sempre se esquivou, sem falar de frente, olho no olho, sobre problema de tamanha gravidade.