AO SER APRESENTADO nesta 5ª feira (11) como técnico, até o final da Copa de 2026, Dorival Junior disse que “a seleção tem que aprender a jogar sem Neymar”, que considera um dos três melhores do mundo, e classificou o futebol como “muito dinâmico, sujeito a mudanças muito rápidas”, garantindo que “serão convocados sempre os melhores, que joguem no Brasil ou no exterior”. Para ele, “a Copa do Brasil é mais difícil que a Libertadores, e o Campeonato Brasileiro mais difícil que todos os da Europa”.

O NOVO TÉCNICO DA SELEÇÃO falou de passagem sobre o problema que teve com Neymar, em 2010 no Santos, quando impediu que o atacante batesse um pênalti, o que lhe custou uma ofensa do jogador e a demissão do clube: “Erramos, Neymar em campo, eu no vestiário, ao abordá-lo”. O técnico chegou a propor dois jogos de suspensão, mas no dia seguinte, antes de ser demitido, conversou com o jogador. “O problema houve, mas garanto que não ficou ressentimento das partes” – enfatizou Dorival Junior.

DURANTE A ENTREVISTA, de quase hora e meia, no auditório da Confederação Brasileira de Futebol, o técnico repetiu a preocupação com o resgate da imagem da seleção, que vem de três derrotas consecutivas e está em 6º lugar entre as 10 das eliminatórias, fora da classificação para a Copa de 2026: “Faremos o melhor para que o torcedor volte a participar do dia a dia da seleção, que não pode ser dividida. A seleção não é do Dorival; a seleção é do povo e o povo tem que voltar a confiar na seleção”.

A PRIMEIRA CONVOCAÇÃO de Dorival Junior será 6ª feira, 1 de março, para os amistosos com a Inglaterra, dia 23, no estádio de Wembley, em Londres, e com a Espanha, dia 26, no estádio Santiago Bernabeu, do Real Madrid. Com a têndencia de que a maioria seja dos que jogam na Europa, a apresentação está marcada para o dia 18, em Londres. Na sequência, a seleção disputará a Copa América, nos Estados Unidos, que em 2026 dividirão a Copa do Mundo com o Canadá e o México.

DORIVAL JUNIOR ressaltou que a mescla é sempre saudável e que adotará equilíbrio nas convocações: “O jogador tem que ter consciência de que veste uma camisa pesada, respeitada no mundo, e assumir a responsabilidade do espírito vencedor”. O técnico declarou-se emocionado ao assumir a seleção: “Eu me preparei e tenho convicção de que alcançarei todos os objetivos. Nunca planejei a minha vida, mas sempre sonhei estar aqui, e o dia chegou, embora meu nome já houvesse sido falado outras vezes”.

PAULISTA DE 61 ANOS, nascido em 25 de abril de 62 em Araraquarara, Dorival Junior lembrou que o futebol faz parte de sua vida desde cedo: “Aos seis anos eu já vivia no vestiário da Ferroviária, onde meu pai era diretor e me levava nas viagens com o time, em que meu tio, Dudu, foi tricampeão do interior, e depois formou com Ademir da Guia o meio-campo da primeira Academia do Palmeiras”. Dorival Junior foi volante dos 18 aos 40 anos, quando estreou técnico no Figueirense.

O PRESIDENTE Ednaldo Rodrigues disse ao apresentar o técnico: “Com a contratação de Dorival Junior, a CBF está consolidando o projeto vitorioso para a Copa de 2026”. Na sequência, o técnico tirou o paletó para vestir o agasalho escuro da CBF, que lhe foi dado pelo presidente, e ambos assinaram o contrato, que exibiram. O presidente fez questão de ressaltar que, independente de resultados, “a validade do contrato é pelos próximos três anos”. Foram aplaudidos pelos jornalistas que estavam no auditório.

ANTES DE RESPONDER às perguntas, sempre solícito e bem claro, Dorival Junior disse estar emocionado, lembrando os últimos seis, sete anos de sua própria vida pessoal, com o câncer agressivo sofrido por sua esposa e por ele próprio. Enfatizou algumas vezes que “a seleção não pode ser dividida, precisa de união para reencontrar o seu verdadeiro caminho, o da vitória”. Exaltou Zagallo, Mano Menezes, Tite, Fernando Diniz, e lembrou que “Scolari foi meu técnico e aprendi muito com ele”.

DORIVAL JUNIOR ganhou os últimos títulos mais importantes, de campeão da Libertadores de 2022 com o Flamengo, e de campeão da Copa do Brasil de 2023, inédito na história do São Paulo, que não conquistava uma competição nacional há 15 anos. O São Paulo também anunciou hoje (11) o seu substituto, o técnico argentino Thiago Carpíni, de 39 anos, mediante a multa de R$1 milhão, paga ao Juventude, de Caxias do Sul, que reconduziu à Série A em 2024.

Foto: Staff CBF