Posse de bola é uma das grandes mentiras do futebol. O Flamengo dominou quase 80 por cento, mas não teve quem soubesse decidir o jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil, na noite de ontem (12), no Maracanã. O Corinthians se limitou aos contra-ataques, sem levar perigo, e no segundo tempo não deu sequer um chute na direção do gol. O objetivo do empate, bem claro desde o início, foi alcançado e a vaga para a final pode até mesmo ser decidida nos pênaltis, se não houver vencedor dia 26, no jogo de volta, na Arena Corinthians.

O FLAMENGO insistiu muito na troca de passes e nas bolas altas na área, repetindo o erro da maioria dos times brasileiros, sem chutar de meia distância. Uribe e Vitinho, figuras apagadas no jogo, mereceram as vaias, embora Henrique Dourado e Lincoln, que os substituíram, nada tenham acrescentado. As atuações ruins de Henrique Dourado, relegado à reserva, mostram que foi investimento caro e sem retorno. Vitinho está demorando a se ajustar ao time e o time a ele, e Lincoln, repito o que já escrevi, não teve as mesmas chances de Vinícius Júnior. 

O CORINTHIANS foi ao Maracanã com proposta de time pequeno, só para se defender, jogando quase o tempo todo no próprio campo. O goleiro Cassio fez valer a experiência e ainda que o Flamengo tenha chutado pouco em gol, fez defesas firmes, desviando algumas bolas que lhe pareceram mais difíceis e segurando a maioria no alto. O Corinthians concedeu 11 escanteios e não teve sequer um a favor. Foi o segundo jogo do técnico Jair Ventura em que o time não fez gol, após a derrota (1 x 0) do último domingo para o misto do Palmeiras. 

DECISÃO DA VAGA – O jogo de volta na Arena Corinthians pode mudar o comportamento do time da casa, mas para vencer precisará ser muito diferente do que foi no Maracanã. Poucas vezes vi o Corinthians adotar postura tão defensiva. Não sei se teve medo de se expor no ataque ou se queria mesmo não perder. Inacreditável, em jogo valendo vaga na decisão, em que só o campeão vai à Libertadores, que o Corinthians não tenha exigido sequer uma defesa do goleiro do Flamengo.

O FLAMENGO fez o que pôde para ter Paquetá em jogo tão importante e ele não deixou de corresponder em parte. Após os 38 minutos que jogou pela seleção, na noite anterior, nos Estados Unidos, ele mostrou empenho e só foi substituído aos 27 do segundo tempo, após dois chutes que Cassio defendeu, o segundo de pé direito no canto. Arão, que entrou em seu lugar, teve boa participação.

O ÁRBITRO Braulio Machado, da Federação Catarinense, só teve problema com os fones de ouvido, que precisou recolocar e até se viu obrigado a parar o jogo. Não cometeu erro algum e acertou no único cartão amarelo, mostrado ao meia Douglas, do Corinthians, por falta em Diego. Aplicou sempre com inteligência a lei da vantagem e os acréscimos de cinco minutos no segundo tempo. O jogo acabou com um chute do zagueiro Rever, capitão do Flamengo, bem longe do gol do Corinthians.

O ANÚNCIO da véspera, de que o jogo teria em torno de 70 mil torcedores, não se confirmou. Foram 48.822 pagantes e a renda de R$2.395.595,00. Em reta final, própria para conseguir vantagem no jogo de volta, o Flamengo, mais uma vez, não soube. A exemplo da Libertadores, quando perdeu (2 x 0) para o Cruzeiro, no Maracanã, e só ganhou de 1 x 0, no Mineirão, o time voltou a decepcionar seus milhares de seguidores, que não tiveram como esconder a tristeza. 

O FLAMENGO volta ao Brasileirão no clássico de sábado (15), em Brasília, com o Vasco, e ao Maracanã na rodada seguinte, com o Atlético Mineiro, antes de ir a São Paulo para decidir a vaga, dia 26, com o Corinthians.

Foto: Staff Images/Flamengo