A tristeza do Flamengo pela perda do Mundial de clubes para o Liverpool deve ficar restrita ao resultado, definido aos nove minutos do primeiro tempo da prorrogação, em jogada tão rápida quanto bonita, concluída com a finalização fria do alagoano Roberto Firmino. O Flamengo fez jogo igual com o campeão europeu e novo campeão mundial.

BOM LEMBRAR, sem tentar justificar, que o Flamengo encerrou 2019 com 76 jogos, de janeiro a dezembro, enquanto o Liverpool chegou aos 56 jogos, no meio da temporada europeia, dividida entre os seis últimos meses de um ano e os seis primeiros meses do ano seguinte. Isso faz toda a diferença, afetando e muito o desgaste fisico dos jogadores.

AS SUBSTITUIÇÕES de Arrascaeta aos 32 e de Everton Ribeiro aos 37, pouco antes do fim do tempo normal, tiraram o poder de criatividade do time, mas o erro do técnico pode ter atenuante, desde que ambos tenham chegado ao limite fisico. Seja qual tenha sido o motivo, ficou evidente o declínio do rendimento da equipe.

O FLAMENGO não foi na final o time de grande postura ofensiva que o tornou avassalador, principalmente no Brasileirão e no segundo tempo da decisão da Libertadores. Ficou claro que ao sofrer marcação mais pesada, faltou-lhe criatividade e poder de finalização, em especial dos seus dois artilheiros da temporada, e principalmente de Gabriel. 

Matthew Ashton – AMA/Getty Images

NÃO HÁ MOTIVO para buscar culpado. O Flamengo fez boa apresentação, dentro do limite do desgaste do seu final de temporada, e se há um nome a ser exaltado é o de Diego Alves, sem culpa no gol e com defesas que evitaram outros gols que pareciam certos. A meu juízo, o goleiro foi a melhor figura do time no último jogo de 2019.

A JOGADA DO GOL que decidiu o jogo não chegou aos 20 segundos, a contar com lançamento preciso do volante Henderson, do próprio campo. Mané foi rápido ao driblar Rafinha, visivelmente extenuado, e Firmino teve calma para o drible em Rodrigo Caio, antes de finalizar com o gol vazio. Diego Alves fez o que pôde ao sair em apoio.

NÃO HOUVE nos 120 minutos chance melhor a que Lincoln não soube aproveitar, na pequena área, de frente para o gol. Algo incrível que ele tenha conseguido isolar uma bola tão simples de ser tocada para dentro. A oportunidade poderia ter recolocado o Flamengo no jogo e até criado ânimo novo para uma virada como na final da Libertadores.