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Poucos devem pensar que Flamengo x Internacional não seja o jogo decisivo, descartando o empate, que deixaria a definição para a última rodada. No entanto, a hipótese do empate, considerando-se o equilíbrio do confronto, figura de forma bem acentuada no contexto. Em caso de igualdade de pontos, o primeiro ítem é vitória, e os dois estão iguais com 20; o segundo ítem, saldo de gols, e a vantagem é do Internacional: 27 a 20. Terceiro ítem, ataque mais positivo, vantagem do Flamengo: 65 a 60.

ÚNICA HIPÓTESE – O Campeonato Brasileiro de 2020, primeiro da história iniciado em seu ano de origem e concluído no ano seguinte, só conhecerá o campeão domingo (21), na tão esperada decisão, se o Internacional vencer. Em havendo outro empate, como no turno – 2 x 2 na Arena Beira Rio -, o desfecho fica para quinta (25), sem que possa dizer que haverá vantagem do Internacional, que receberá o Corinthians, nem desvantagem do Flamengo, que visitará o São Paulo.

OS ESTILOS – Com razão, costuma-se dizer que os times refletem a personalidade de quem os comanda. Flamengo e Internacional têm técnicos com estilos diferentes: o de Rogerio Ceni é mais sóbrio, sem que até hoje tenha sido visto mais exaltado na beira do campo, como nos tempos em que foi um goleiro bem tranquilo; o de Abel Braga, mais explosivo, temperamento que sempre teve, desde quando se tornou um zagueiro que soube usar estatura e porte fisico para se impor.

OS NÚMEROS – Nem é preciso que o jogo seja decisivo, como pode ser o do próximo domingo (21). O torcedor brasileiro é muito apegado aos números, sempre interessado em querer saber que ganhou e quem perdeu mais. Não raro, recorrem a jogos encravados no fundo do baú. Pois o Flamengo x Internacional decisivo, na opinião talvez da maioria, coloca os técnicos no patamar da igualdade, com 10 vitórias, 3 derrotas, 3 empates. E se quiserem arredondar a igualdade, iniciaram no mesmo dia.

A VELOCIDADE é um dos pontos fortes do Flamengo e do Internacional, que se baseiam na saída rápida da defesa ao ataque. O Flamengo talvez exerça essa transição com um pouco mais de troca de passes, enquanto o Internacional se mostra mais direto, objetivo. Os times também têm semelhança em um ponto pouco adotado pela maioria dos outros: os chutes de meia distância, raros entre os brasileiros, que quase sempre marcam os gols de dentro da área.

DIFERENCIAL – Há algumas coisas, no universo da bola, só encontradas no futebol brasileiro. Uma delas é, ao mesmo tempo, imoral e amoral, o chamado efeito suspensivo, sempre concedido para beneficiar infratores. Só está faltando a aplicação do efeito suspensivo para anular a suspensão automática pelo terceiro cartão amarelo, mas deve estar a caminho. Outra: o pagamento de multa pela escalação de um jogador contra o clube que o emprestou. Na pauta da vez, Rodinei.

EMPRESTADO em janeiro de 2020 até maio de 2021, o Internacional só terá o direito de o escalar no jogo de domingo (21) se pagar R$1 milhão ao Flamengo. Isso só existe no futebol brasileiro. A cessão por empréstimo deixa claro que o jogador não faz parte dos planos do clube, pelo menos no período em que foi liberado. É o caso de demissão de técnico, algo tão corriqueiro no futebol brasileiro, como gostava de dizer Vampeta: “Eu finjo que jogo e vocês fingem que me pagam”.

BOM ENCAIXE – O Internacional sinaliza que vai pagar o que o Flamengo para que possa escalar Rodinei, que com o argentino Eduardo Coudet foi preterido por Heitor, mas que Abel Braga soube encaixar bem. Forte na marcação, com boa arrancada e bom cruzamento, pode ser um grande trunfo, daqueles que saem da manga da camisa. Abel Braga terá que recompor o miolo da defesa, com a suspensão do argentino Victor Cuesta. Ao que tudo indica, Zé Gabriel será o parceiro da vez de Lucas Ribeiro.

REPETECO – Ainda que o Flamengo não tenha feito uma exibição de gala nos 2 x 1 no Corinthians, é quase impossível não acreditar no repeteco da escalação inicial. Há os que defendem a volta de Arão ao meio, com Gustavo Henrique ao lado de Rodrigo Caio, que reapareceu bem, mas alterar tanto a equipe de uma só vez não soa aconselhável. Afinal, como gostam de repetir os mais experientes, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Foto: GZH