Foto: robertoassaf.com.br
Flamengo e Vasco decidirão o Campeonato Carioca pela décima nona vez, com doze títulos do Flamengo, 34 vezes campeão, e seis títulos do Vasco, 24 vezes campeão. A única decisão, antes do Maracanã, foi em 1944, com o Flamengo ganhando o primeiro tricampeonato de sua história, 32 anos depois da implantação do futebol no clube em 1912. Durante anos, foi a final mais comentada porque o ponta argentino Agustin Valido teria se apoiado no lateral Argemiro para fazer o gol único do jogo.
A GRÁFICA E O TÍTULO – Valido participou de todos os 27 jogos e marcou 11 gols no título de 1942, mas em 1943 não disputou a campanha do bi. Saiu do clube e abriu uma gráfica. Em 1944, pediu ao técnico Flávio Costa o campo da Gávea para um jogo de confraternização de sua empresa e participou com excelente atuação. O técnico fez o apelo para que voltasse. Valido aceitou, foi inscrito como amador e só disputou os dois últimos jogos – 6 x 1 no Fluminense e 1 x 0 no Vasco -, marcando o gol do primeiro tri, aos 43 do segundo tempo, em sua despedida memorável do futebol.
14 ANOS DEPOIS – Após o tri de 42-43-44, o Flamengo só voltou a ser campeão com outro tri: 53-54-55, mas a primeira decisão com o Vasco, no Maracanã, foi a do Supersupercampeonato de 58, disputada em janeiro de 59, que o Vasco ganhou porque jogava pelo empate. Roberto Pinto fez o gol do Vasco e Babá empatou, também de fora da área, no segundo tempo. Foi a primeira final carioca em que trabalhei, aos 19 anos, como repórter da Rádio Nacional, um ano depois de chegar de Manaus.
RECORDE DE ZICO – Três dias antes do Natal de 1974, foi a vez de o Flamengo ser campeão com empate em decisão com o Vasco: 0 x 0, com 165.358 pagantes. Foi o ano da inauguração da ponte Rio-Niterói e do bi mundial de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1. E da afirmação de Zico, que com 19 gols no campeonato e 49 no ano, bateu o recorde de 1959 de Dida, seu ídolo e até então o maior artilheiro do clube. O ex-lateral Jouber estreou como técnico e, além de Zico, promoveu Rondinelli, Júnior, Geraldo e Jayme, que se destacaram entre os mais experientes como o goleiro Renato, o lateral Rodrigues Neto e o atacante argentino Doval.
VASCO ABSOLUTO – Na quarta decisão com o Flamengo, o Vasco foi campeão absoluto em 1977, dirigido por Orlando Fantoni, o técnico que mordia palito o jogo inteiro: ganhou turno e returno, terminando com 5 x 4 nos pênaltis, após 0 x 0 em 120 minutos. O time ganhou 25 dos 30 jogos – 4 empates e 1 derrota (1 x 0 América), teve o artilheiro Roberto Dinamite (25), um ataque arrasador – 69 gols, média de 2.3 gols por jogo – e uma defesa que sofreu apenas cinco gols, nenhum no segundo turno.
CLÁUDIO COUTINHO – De volta da Copa do Mundo na Argentina, com a frase “Somos campeões morais”, porque o Brasil ficou em terceiro, invicto, Claudio Coutinho fez em 78 o que o Vasco fizera em 77, ganhando turno e returno. Com Zico, Júnior, Tita, Adilio, Carpegiani, montou a base que ganharia três anos depois (1981) a Libertadores e o Mundial de clubes, e o Flamengo venceu turno e returno, derrotando (1 x 0) o Vasco, com o gol histórico de cabeça de Rondinelli, nos minutos finais. Em 22 jogos, só a derrota (2 x 0) no Fla-Flu. Ganhou 17, empatou 4, fez 60 gols (média de 2.72 gols por jogo) e sofreu 11.
O LADRILHEIRO – Na decisão de 1981, o Vasco venceu (2 x 0) o primeiro jogo e ganhou o segundo (1 x 0, gol de Roberto, após a bola parar em uma poça, em noite de temporal no Maracanã), mas o Flamengo fez 2 x 1 no terceiro. O Vasco pressionava pelo empate, quando de repente um ladrilheiro pulou a geral e invadiu o campo, esfriando o jogo. O Flamengo terminou campeão, vencendo o terceiro turno e com mais pontos no campeonato. Gols: Adilio e Nunes, e Ticão, o do Vasco. 161.989 pagantes. Zico artilheiro (25).
ANO HISTÓRICO – Em 1982 o Vasco foi campeão em tacada de mestre do técnico Antonio Lopes, que antes das finais barrou cinco, entre eles o então absoluto goleiro Mazaropi. Roberto Dinamite marcou seu gol 500 no 1 x 1 com o Campo Grande (31/10), três depois de Zico ter feito seu gol 600, nos 5 x 0 sobre o Madureira (28/10). Na final, com 113.271 pagantes, Vasco 1 x 0, gol do ponta-esquerda Marco Antonio Rodrigues. Júnior foi expulso pelo árbitro José Roberto Wright, pivô de cena inusitada, ao esconder um microgravador sob o uniforme, a pedido da televisão. Sem êxito, o Vasco tentou anular o jogo (Flamengo 1 x 0, gol de Adílio) da decisão da Taça Guanabara, em 23/9, com 100.967 pagantes.
O TÍTULO DE 1986 – O Flamengo cedeu jogadores para a Copa do Mundo, outros se contundiram, e o técnico Lazaroni lançou novatos, o que realçou a renovação. Vencedor da Taça Rio, o Flamengo decidiu com o Vasco, que ganhou a Taça Guanabara. Nos três jogos finais, só houve gol no último (2 x 0, Bebeto e Julio Cesar) e o Flamengo foi campeão diante de 127.806 pagantes. Sócrates só participou da estreia (16/2/86), na goleada (4 x 1) no Fla-Flu.
TÍTULO DE 1986 – O Flamengo cedeu jogadores para a Copa do Mundo, outros se contundiram, e o técnico Lazaroni lançou novatos, o que realçou a renovação. Vencedor da Taça Rio, o Flamengo decidiu com o Vasco, que ganhou a Taça Guanabara. Nos três jogos finais, só houve gol no último (2 x 0, Bebeto e Julio Cesar) e o Flamengo foi campeão diante de 127.806 pagantes. Sócrates só participou da estreia (16/2/86), na goleada (4 x 1) no Fla-Flu.
TÉCNICOS DIFERENTES – O Vasco foi bicampeão nas decisões de 87 e 88, com técnicos diferentes. Joel Santana, campeão em 87, venceu o Flamengo (1 x 0, gol de Tita), com 114.628 pagantes, e foi para a Arábia Saudita, atraído pelos petrodólares. Ganhou 19 dos 31 jogos, com Dunga (cap) e Tita, Dinamite e Romário, com 61 gols. Em 1988, no terceiro bi do Vasco, o time ganhou três jogos seguidos do Flamengo: 3 x 1, último do returno, e 2 x 1 e 1 x 0 nas finais. O lateral Cocada, reserva em todo o campeonato, entrou aos 43 e fez o gol aos 44, comemorando com três cambalhotas. Lazaroni foi o técnico.
FLAMENGO INVICTO – Oito anos depois, o Flamengo foi campeão invicto em 1996 – 18 vitórias, 4 empates -, vencendo (2 x 0) o Vasco no turno e empatando (0 x 0) no jogo final do returno, em 30 de junho, com um dos menores públicos da história do clássico: 65.782 pagantes. O time voltou a ser dirigido por Joel Santana, que em 1995 ganhou (3 x 2) o Fla-Flu, com o gol de barriga de Renato, no ano do centenário do Flamengo. TERCEIRO TRI – O Flamengo deu a grande arrancada para o terceiro tri em 1999, ao vencer o Vasco na final (1 x 0, gol de Rodrigo Mendes), após 1 x 1 no primeiro jogo, gols de Edmundo e Fabio Baiano. O Flamengo ganhou a Taça Guanabara e o Vasco a Taça Rio. Em 20 jogos, 15 vitórias, 2 empates, 3 derrotas. Técnico – Carlinhos. O do Vasco, Alcir Portela.
TRÊS TÉCNICOS – Em 2000, a situação se inverteu: o Vasco venceu a Taça Guanabara e o Flamengo a Taça Rio. Na decisão do campeonato, Flamengo 3 x 0, gols de Athirson, Fabio Baiano e Beto, e 2 x 1, gols de Reinaldo e Tuta, e Viola (Vasco). 68.419 pagantes, em 17 de junho. Em 22 jogos – 16 vitórias, 3 empates, 3 derrotas -, o Flamengo teve três técnicos na campanha: Carpegiani em 11 jogos, demitido após Vasco 5 x 1 Flamengo, em 23/4, na décima primeira rodada.Carlos Cesar Ramos – 30/4 a 20/5 – e Carlinhos, de 28/5 a 17/6, nos cinco jogos finais.
O GOL DE PETKOVIC – Em 2001, o Flamengo ganhou a Taça Guanabara e o Vasco a Taça Rio. Nas finais, o Vasco venceu (2 x 1, de virada) o primeiro jogo, gols de Viola e Juninho Paulista, e Petkovic. No segundo jogo, o Flamengo precisava ganhar por dois gols, e conseguiu: 3 x 1. Edilson, artilheiro do campeonato, com 16, fez 1 x 0; Juninho Paulista empatou, e aos 43, em primorosa cobrança de falta no ângulo esquerdo do goleiro Elton, Petkovic fez o gol do título, último de campeão carioca que Zagallo ganhou como técnico.
LEVANTOU POEIRA – A penúltima decisão que Flamengo e Vasco disputaram em 2004 foi marcada pela comemoração dos rubro-negros, entoando no Maracanã o sucesso da baiana Ivete Sangalo, “Poeira, poeira, levantou poeira”. O Flamengo havia ganho a Taça Guanabara e o Vasco a Taça Rio. Nos dois jogos finais, Flamengo 2 x 1 (Rafael e Fabiano Éller, e Philippe Coutinho) e Flamengo 3 x 1, de virada (três gols de Jean, e Valdir, o do Vasco). 74.444 pagantes. Na campanha de 15 jogos, 8 vitórias, 3 empates, 4 derrotas. Técnico – Abel Carlos da Silva Braga, 15 anos depois em outra decisão com o Vasco.
A DECISÃO DE 2014 – Flamengo e Vasco decidiram pela última vez em 2014. Nas semifinais, o Flamengo passou pela Cabofriense (3 x 0 e 3 x 1) e o Vasco eliminou o Fluminense (1 x 1 e 1 x 0). Nas finais, 1 x 1 nos dois jogos. No primeiro, gols de Rodrigo (Vasco) e Paulinho, e no segundo, dia 13 de abril, com 49.139 pagantes, Douglas fez o gol do Vasco e Marcio Araújo empatou em completo impedimento. Marcelo de Lima Henrique, o árbitro, é cotado para apitar um dos jogos decisivos de 2019. O técnico do Flamengo era Jayme de Almeida Filho. O do Vasco, Adilson Batista.
A SEQUÊNCIA DA HISTÓRIA promete novas emoções, com os jogos dos dois próximos domingos (14 e 21). O Flamengo ganha o título 35 ou o Vasco conquista o título 25?