Com o primeiro gol do meia baiano André, de 19 anos, aos 47 minutos do segundo tempo, o Fluminense venceu o primeiro Fla-Flu em São Paulo, depois de dois 0 x 0, em 1942 e em 2016. O resultado deste primeiro domingo (4) de julho, na Arena Corinthians, inverteu a situação dos times, após nove rodadas do Campeonato Brasileiro de 2021: o Fluminense subiu três posições, oitavo com 13 pontos, e o Flamengo caiu três posições, nono com 12 pontos.
DOMÍNIO INÚTIL – O Flamengo teve mais posse de bola, que continua sendo uma das grandes mentiras do futebol, mas o domínio que exerceu na maior parte do jogo foi inútil, sem ter que finalizasse com precisão, em tarde apagada de Pedro e Bruno Henrique. O Fluminense soube se defender bem, com atuação destacada dos zagueiros Nino e Lucas Claro, mas só melhorou o rendimento ofensivo após a entrada de Nenê, que criou as melhores jogadas.
GOL DECISIVO – Quando parecia ser o terceiro Fla-Flu sem gol na capital paulista, Nenê dominou a bola no grande círculo e deu passe de pé direito para Kayky, rápido ao esticar a Luis Henrique, que driblou Filipe Luis e cruzou rasteiro. Lucca fez o corta-luz e André completou de pé direito, no alto, sem chance para o capitão Diego Alves defender. Bom dizer: os cinco que participaram do gol decisivo estavam na reserva e só entraram a partir dos 22 minutos do segundo tempo.
ALGODÕES – André Trindade da Costa Neto, autor do primeiro gol no terceiro Fla-Flu em São Paulo, completará 20 anos no próximo dia 16, nascido em Algodões, distrito do município de Quijingue, na divisa com a cidade de Euclides da Cunha, na região Nordeste da Bahia, a 322km da capital Salvador. Destro, 1,76m, André foi formado na escolinha de futebol do Fluminense, em Xerém, quarto distrito de Duque de Caxias, segundo maior município do Rio de Janeiro.
MARCOS FELIPE, Samuel Xavier, Nino, Lucas Claro e Egídio; Martinelli (André), Yago e Cazares (Nenê); Caio Paulista (Luiz Henrique), Fred (Lucca) e Gabriel Teixeira (Kayky) – o Fluminense, do técnico Roger Machado, preciso nas cinco substituições, que levaram o time à vitória, no primeiro jogo do mês dos 119 anos de fundação do clube (21/7/1902). Oitavo com 13 pontos – 3 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, saldo negativo de 1 gol (8 a 9) -, o Fluminense jogará com o Ceará, quarta (7), no estádio de São Januário.
O TOMBO – Quando o árbitro Luiz Flavio de Oliveira, da Federação Paulista, apitou o final do Fla-Flu, os jogadores que estavam no banco de reservas entraram em campo correndo para abraçar os companheiros. Fred ficou na beira do gramado e abraçou Roger Machado com tanto entusiasmo, que o técnico levou um tombo e seus óculos caíram. Ele reagiu bem: “Ganhamos. Vitória é para se comemorar, ainda mais uma vitória importante como essa”.
DIEGO ALVES, Mateuzinho, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filipe Luis; Willian Arão, João Gomes (Tiago Maia), Vitinho (Rodrigo Muniz) e Michael (Max); Pedro e Bruno Henrique – o Flamengo, do técnico Rogerio Ceni, único que ainda não empatou, sofreu a terceira derrota, segunda com o mando de campo, após a virada de 3 x 2 do Bragantino, no Maracanã, caiu para o nono lugar com 12 pontos, e joga quarta (7), no Mineirão, com o Atlético. Bom dizer: o Flamengo teve dois jogos adiados, como visitante, com Grêmio e Athletico Paranaense.
SEM ENTENDER – Muito criticado pelas substituições e mais ainda pela derrota, o técnico Rogerio Ceni disse não entender certas cobranças, como a de Michael, trocado por Max, aos 34 do segundo tempo: “Não o tirei por cansaço nem por motivo técnico, mas por opção tática. Esses críticos são, no mínimo, curiosos: no jogo anterior, o Michael ficou até o fim e perguntaram por que não o tirei; agora cobram porque ele foi substituído”.
MUITA CHUVA – O primeiro Fla-Flu em São Paulo foi pelo torneio Quiniela de Ouro, nome que antecedeu o do torneio Rio-São Paulo. Por muita chuva, o jogo passou de 11 para 12 de março de 1942, no estádio municipal do Pacaembu, então o maior do país com 70 mil lugares, inaugurado em 1940 pelo presidente Getúlio Vargas, em plena ditadura do Estado Novo. Sob intenso temporal, 0 x 0 e dois expulsos de cada time: Pirilo (Flamengo) e Spinelli (Fluminense).
74 ANOS DEPOIS – O segundo Fla-Flu em São Paulo, foi em 20 de março de 2016 pelo Campeonato Brasileiro, com outro 0 x 0, mas em belíssima tarde de céu azul e sol forte, de novo no estádio municipal do Pacaembu, já então com o nome de Paulo Machado de Carvalho, justa homenagem ao chefe da delegação brasileira que ganhou em 1958 e 1962 as primeiras das cinco Copas do Mundo. Muricy Ramalho dirigia o Fluminense e Levir Culpi era o técnico do Flamengo.