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– Modric com os troféus – site rtp.pt / Neil Hall – EPA

O momento mais especial e marcante do fim da festa do prêmio The Best, na noite de ontem (24), no Teatro Apollo Victoria, em Londres, foi quando Luka Modric – melhor jogador da temporada 2017-2018 -, capitão da Croácia, vice-campeã do mundo pela primeira vez, levou às lágrimas o ex-meia Zvonimir Boban, hoje aos 49 anos e braço-direito do presidente da Fifa, ao chamá-lo de “meu ídolo e minha fonte de inspiração.

Modric, meio-campo do Real Madrid desde 2012 – 263 jogos, quatro títulos da Liga dos Campeões, três Mundiais de clubes -, 115 jogos pela seleção da Croácia desde 2006, quando disputou a primeira Copa, sensibilizou a todos ao falar de Boban, meia que brilhou 10 anos no Milan, em 251 jogos, ganhando oito títulos, com sua técnica refinada e ampla visão do campo. Um dos destaques da seleção croata, terceiro lugar pela primeira vez na Copa do Mundo de 1998.

– Jovem Modric com a camisa azul – site newtimes.co.rw

INFÂNCIA – Modric nasceu em Zadar, a mais antiga cidade croata, no mar Adriático, onde sua família foi perseguida pelos sérvios, que mataram seu avô. Um belo documentário produzido por Pablo Balenovic e exibido pela BBC de Londres, em 90, mostra a família Modric, em Jasenice, no ambiente em que ele cresceu. Luka foi um menino criado em ambiente de guerra, mas, orientado pelos pais, desde os cinco anos, soube usar a vara do pastoreio de cabras.

– Modric (foto preto e branco) – site goal.com

EXEMPLO – Modric, aos 33 anos, evita comentar os tempos difíceis em que os pais tiveram que voltar para Zadar, onde nasceu, depois que não havia como continuar em Jasenice, sem casa, com alimentação escassa e praticamente sem perspectiva. Ele gosta, sim, de recordar dos primeiros caminhos que percorreu, com o apoio de figuras que não esquece, até chegar aos dias em que começou a se destacar no Tottenham, que defendeu de 2008 a 2012 em 160 jogos.

TREINADOR – Modric recorda muito das primeiras orientações de Tomislav Ivkovic, treinador que brilhou no Dínamo de Zagreb, um dos que lhe mostraram o caminho para vencer no futebol: “Se você não tiver vontade e coragem para jogar num grande time, também não terá para vestir a camisa de outro” – lembra o hoje melhor jogador do mundo. Sentiu muito a morte de Tomislav em 2014 e teve permissão do Real Madrid para assistir o funeral.

Modric, a esposa e os filhos no evento Fifa The Best — Foto: ASSOCIATED PRESS

A ESPOSA – Modric estava superfeliz na festa de gala, ao lado dos filhos e da esposa Vanja: “Ela não é só importante e especial, ela é uma figura essencial na minha vida“. Quando o presidente da Fifa anunciou seu nome, levantou-se da plateia, onde estavam 2.500 convidados especiais, e beijou Vanja com carinho e ternura. Depois de se referir a Salah e ao ausente Cristiano Ronaldo, Modric fez questão de ressaltar o exemplo para as próximas gerações.

Da mesma forma como Boban foi meu ídolo e minha inspiração, hoje faço questão de contribuir para que amanhã os jovens da atualidade possam citar a minha geração, no Real Madrid e na seleção da Croácia, como suas fontes de inspiração. A vida é difícil, exige determinação e nada se consegue sem trabalhar duro, seja qual for o setor da atividade. Eu me sinto orgulhoso porque desde cedo enfrentei muitos problemas e tive quem me ajudasse a superá-los” – disse Modric, símbolo de uma geração de ouro a ser sempre lembrada na história do futebol mundial.