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Gordon Banks, único goleiro inglês campeão do mundo, morreu ontem (12), enquanto dormia em sua casa, em Stoke-on-Trent, a cidade da cerâmica, entre Manchester e Birmingham, no norte do Reino Unido. Banks tinha câncer nos rins, que chegou a retirar, após o diagnóstico dos médicos que o atendiam. Nascido em Sheffield, em 30 de dezembro de 1937, estava com 81 anos e havia perdido parte da visão, depois de um desastre de carro em 72, o que antecipou o encerramento de sua carreira.
A DEFESA DO SÉCULO – Foi aos onze do primeiro tempo, diante de 66 mil torcedores no estádio Jalisco, em Guadalajara, que Banks fez a maior defesa da história das Copas. Jairzinho arrancou pela direita, driblou o lateral Terence Cooper e o zagueiro Bobby Moore, que se agarrou à trave esquerda, e antes que a bola transpusesse a linha de fundo, fez o cruzamento sob medida. Pelé subiu bem mais que o zagueiro Brian Labone e cabeceou para baixo. A bola quicou e ganhou altura, quando Banks saltou e defendeu com a mão direita, junto à trave, evitando que entrasse. Pelé e Tostão, que acompanhava, chegaram a comemorar.
O Brasil só ganharia o jogo aos 14 do segundo tempo, quando Jairzinho finalizou forte e não deu chance de defesa a Banks. Foi o único dos seis jogos em que a seleção não sofreu gol, na primeira das cinco Copas que conquistou, em que venceu todos os jogos. Bom lembrar: Jairzinho tornou-se o único da história da seleção a fazer gol em todos os jogos de uma Copa.
O PÊNALTI DE 2000 – Gordon Banks e o Rei Pelé tiveram um encontro histórico em 2000, antes da demolição do então Estádio Imperial de Wembley, cenário da única Copa do Mundo que a Inglaterra ganhou em 1966. Uniformizados, foram ao gramado para uma cobrança de pênalti. Sorridente e com elegância própria do fair-play britânico, Banks viu Pelé tomar pouca distância e bater rasteiro de pé direito do seu lado esquerdo. Nem esboçou defesa; só viu a bola entrar, e bateu palmas. Os dois se abraçaram.
CENÁRIO QUE FALTOU – Pelé nunca escondeu a tristeza por jamais ter jogado em Wembley, estádio de 82 mil lugares, inaugurado em 28 de abril de 1923. Teria tido a única chance em 66, em sua terceira e penúltima Copa, mas o Brasil ficou nos três jogos no Goodison Park, em Liverpool, onde só venceu na estreia (2 x 0 sobre a Bulgária), no último jogo em que Pelé e Garrincha, que jamais perderam com a seleção, fizeram os gols. As derrotas (3 x 1) para Hungria e Portugal eliminaram o Brasil.
O PÊNALTI DE 1971 – Embora o mundo tenha comentado anos a fio a defesa da Copa de 70, o goleiro inglês dizia que sua melhor defesa fora no ano seguinte. O Stoke City, time que Banks defendeu de 67 a 72, jogava com o West Ham pela Copa da Inglaterra, em 15 de dezembro de 71, estava 1 x 1 e Geoff Hurst, seu companheiro na seleção campeã do mundo em 66 e autor de três gols na final (4 x 2) com a Alemanha, ia bater o pênalti. Banks conhecia bem seu estilo de cobrança e fez a defesa. Essa, sim, a defesa da sua vida de goleiro.
A CARREIRA – Gordon Banks sempre dizia que começou mesmo a se firmar como goleiro em 1959, quando estreou no Leicester, que defendeu até 67 em 356 jogos, antes de se transferir para o Stoke City, onde ficou até 72, em 250 jogos, quando também se aposentou da seleção inglesa, em que só fez 73 jogos, entre 66 e 72. O início foi difícil porque ao se mudar de Sheffield, onde nasceu, para uma cidade pequena, seu irmão foi morto por uma discussão na loja de apostas que seu pai havia comprado.
ESTÁTUA DE BRONZE – Em maio de 2015 o Stoke City homenageou Gordon Banks com uma estátua de bronze em frente ao estádio Britannia, o reconhecimento que mais o sensibilizou. Depois de eleito seis temporadas consecutivas pela Fifa como o melhor goleiro, ele também recebeu o prêmio de segundo melhor do mundo, na mesma solenidade em que estava o russo Lev Yashin, o primeiro em Copa do Mundo a enfrentar Garrincha e Pelé, no primeiro jogo que fizeram juntos em 1958.
GORDON BANKS sentia-se lisonjeado ao ser reconhecido como o goleiro que só sofreu o primeiro gol na Copa que a Inglaterra ganhou em 1966, na vitória (2 x 1) sobre Portugal – o gol foi de Eusébio, de pênalti, artilheiro da Copa com 9 gols – e que na final com a Alemanha não teve culpa nos gols de Haller e Weber. Gordon Banks foi um dos raros goleiros a sofrer apenas três gols em uma Copa do Mundo.
Fotos: Sky Sports , R7.com , Gazeta Online , BBC , The Telegraph ,
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