O time do único título de campeão carioca do São Cristóvão (1926). Paulino, último em pé, à direita, na época em que o goleiro usava joelheira.
EM SEU ÚNICO TÍTULO, o São Cristóvão ganhou 14 dos 22 jogos, com saldo de 31 gols (70 a 39), empatou dois e só perdeu para o Fluminense (6 x 2) e o Vasco (3 x 2), e teve vitórias expressivas: 6 x 3 e 4 x 3 no Botafogo, 5 x 0 e 5 x 1 no Flamengo, 6 x 0 no Brasil e 7 x 5 no Syrio e Libanez. Naquele ano de 1926, duas mudanças nas regras do futebol: passou a valer o gol de escanteio (gol olímpico) e a redução de três para dois jogadores dando condição para não haver impedimento.
O SÃO CRISTÓVÃO campeão de 1926 era presidido pelo industrial Alvaro Novais, de muita visão, que logo após a vitória da estreia (6 x 3 no Botafogo), pediu ao meia Luis Vinhaes que passasse a técnico, pela liderança que exercia. Vinhaes passou a jogar na 2ª divisão e a comandar o time na 1ª. Oito anos depois, foi o técnico da seleção brasileira na 2ª Copa do Mundo (1934), única em que o Brasil só fez um jogo, eliminado no mata-mata pela Espanha (3 x 1).
O SÃO CRISTÓVÃO dos anos 40/50 era chamado de “alvos” pelo uniforme branco, adotado pelo Santos, que inaugurou o estádio da Rua Figueira de Melo, com arquibancada de madeira para seis mil torcedores, no amistoso (1 x 1) da tarde do domingo, 23 de abril de 1916. Também era chamado de “cadetes” porque vários oficiais do 1º Regimento de Cavalaria, torciam e até jogavam pelo clube, tais como o zagueiro Póvoa, que se tornou o 31º presidente do Vasco (1950-1952).
O FLAMENGO IMPÔS ao São Cristóvão a maior goleada do Maracanã (12 x 2), na tarde do sábado, 27 de outubro de 1956, na 3ª rodada do returno do Campeonato Carioca. Gols: Evaristo (4), Índio (4), Joel (2), Luis Roberto e Paulinho, superando Brasil 7 x 1 Suécia, do domingo, 9 de julho, da Copa do Mundo de 1950. Bom lembrar: na época, o placar do Maracanã era manual e só havia plaquinhas com números até 12… O 2º gol do São Cristóvão foi marcado de pênalti pelo meia Neca, que revelou nomes históricos do Botafogo, tais como Paulo Cezar, Roberto, Jairzinho e Carlos Roberto, bicampeões 67-68.
Carlos Alberto Parreira, aos 23 anos, preparador físico do São Cristóvão (1966). Em 1970, campeão com a seleção do tri, e em 1994, técnico campeão com a seleção do tetra.
SÃO MUITAS E BEM INTERESSANTES as historinhas do São Cristóvão de Futebol e Regatas, que completa 125 anos nesta 5ª feira, fundado em 12 de outubro de 1898. Só uma vez campeão carioca, em 1926, sete anos antes de o futebol do Rio se tornar profissional, foi protagonista de dois resultados históricos no Maracanã, então o maior estádio do mundo: o da maior goleada (12 x 2), que sofreu em 1956, e o da virada (3 x 2) no Flamengo, após dois gols de Zico, em 1975.
DEZENOVE ANOS depois, na noite do sábado, 29 de março de 1975, na 6ª rodada do turno, o São Cristóvão provocou uma das maiores surpresas do Campeonato Carioca, com a virada (3 x 2) no Flamengo, gols de Zico aos 3 e aos 39. Sena fez o 1º gol aos 44, empatou aos 36 do 2º tempo e Santos, aos 44, o gol da virada, todos com assistências de Fio, dispensado do Flamengo por excesso de peso. Fio havia sido homenageado em 72, por Jorge Ben, com a música Fio Maravilha.
BOM LEMBRAR: Leônidas da Silva, primeiro brasileiro artilheiro em Copa do Mundo (1938), nasceu no bairro imperial de São Cristóvão (1913) e iniciou no mirim do São Cristóvão (1923). O lateral Augusto da Costa, capitão do Vasco e da seleção, começou no São Cristóvão (123 jogos, de 1936 a 1944), tal como Ronaldo, maior artilheiro da seleção, na soma de gols das Copas. Ronaldo Nazario é o nome do estádio da Rua Figueira de Melo, onde se lê: “Aqui nasceu o Fenômeno”.
No São Cristóvão, Fio Maravilha, dentuço e com cabelo black. Foi para os Estados Unidos, onde jogou em três times e se aposentou, tornando-se entregador de pizza em 1985.
FIZ BOAS COBERTURAS no estádio do São Cristóvão, já com arquibancadas de cimento, e com iluminação, sempre bem recebido pelo presidente Neivas Maza; pelo vice de futebol Wilson Jansen, e pelo porteiro Mario, até em dias nublados, sempre de óculos escuros. O goleiro Orlando, que saiu para a então Portuguesa de Desportos, de São Paulo; o meia Ivo Sodré, ídolo dos anos 60-70, histórico no Club America, do México, e o artilheiro Jorge Luis Sena, que brilhou no Atletico de Madrid e no Palmeiras, foram os melhores que vi com a camisa do São Cristóvão.