Carlos Maurício, Mário Sérgio Ribeiro, Deni Menezes e Rodrigo Oliveira, na tarde movimentada do feriado na Travessa Leblon. Foto do livreiro Flávio Pinto de Paula, torcendo muito para o seu Botafogo continuar na Série A.

A biografia do técnico do Flamengo, escrita pelo jornalista português Luis Garcia, está entre os livros mais bem vendidos na Travessa, livraria do Shopping Leblon, onde conversei com os livreiros Carlos Maurício, Mário Sérgio, Rodrigo Oliveira e Flávio de Paula, na tarde do feriado de ontem (20), Dia Nacional da Consciência Negra.

JESUS, AMADO E DESAMADO, lançado pela editora portuguesa Chiado, aproveitando o resultado do bom trabalho do técnico no Flamengo, é um livro de 250 páginas, em que fica evidente o interesse do treinador português pelo estudo da evolução tática do futebol, como me despertou a atenção uma declaração dele na contracapa.”Aquilo que eu estudo é futebol. Claro que tenho que ter um pouco de cultura geral, mas discurso não é percurso. E jogo falado é uma coisa, jogo treinado outra e jogo jogado outra ainda. O importante é conhecer o jogo e ter um discurso que os jogadores entendam, porque eles não estar a tirar um curso acadêmico” – reproduzo como está na contracapa, respeitando os termos e as acentuações usadas no idioma em Portugal.

DOIS MESTRES – Jorge Jesus é simples e discreto em suas análises, pouco externando o que costuma fazer. Por isso, raros são os que sabem, que antes do nascimento de seu filho Mauro com a esposa Ivone, ele saiu de Portugal para dois estágios, e diz ter aprendido muito com Johan Cruyff, no Barcelona, e com Telê Santana, no São Paulo.

CRUYFF – 1947 – 2016 -, notável craque do Carrossel Holandês, que encantou o mundo na Copa de 74. De 64 a 84, fez 660 jogos, incluídos os do Ajax, e marcou 514 gols. Jorge Jesus  viu Cruyff treinar o Barcelona, dirigiu em 315 jogos, de 88 a 96, ganhando 11 títulos, com destaque para a Champions e quatro campeonatos espanhóis consecutivos. Aprendeu muito da simplicidade de saber se comunicar com os jogadores. 

TELÊ SANTANA – 1931 – 2006 – aprendeu técnica, tática e disciplina com Zezé Moreira, seu mestre no Fluminense, e reaplicou tudo no São Paulo. Tornou-se em 92 o melhor técnico sul-americano, ao ganhar o Campeonato Paulista, a Libertadores e o Mundial de clubes, com a virada (2 x 1) no Barcelona, com dois gols do hoje diretor de futebol Raí. Jorge Jesus gostava muito da disciplina tática e do jogo limpo orientado por Telê Santana.

JORGE JESUS fez questão de destacar na contracapa do livro: “No final da minha carreira de jogador, aos 35 anos, estava no Almancil, da terceira divisão. Depois de um jogo contra o Amora, o presidente veio convidar-me para ser treinador. Eu disse-lhe que era jogador, mas ele disse-me que que tinha percebido que o verdadeiro treinador do Almancil era eu, dentro do campo”.

JORGE JESUS gosta da boa leitura, e pediu ao autor de sua biografia, que incluísse na introdução do livro o que gravou de Aldous Huxley – 1894 – 1963 -, escritor inglês: “O degrau da escada não foi inventado para repousar, mas apenas para sustentar o pé, o tempo necessário, para que o homem coloque o outro pé um pouco mais alto”. Aldous Huxley, humanista e pacifista, ganhou sete Prêmios Nobel de Literatura.

O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO, uma das obras do notável pernambucano Mario Filho – 1908 – 1966 -, diretor do Jornal dos Sports, criador da expressão Fla-Flu, e dos que mais se empenharam pela construção do Maracanã para a Copa de 1950, é outro livro, lançado em 1964 e em sua quinta edição, com muita procura na Travessa, contam-me os livreiros.

O FLAMENGO E O MUNDO, ANTES E DEPOIS DE ZICO, dos autores Aldizio Tabosa e Marcelo Rosenthal, lançado em 2014 pela editora Maquinária, continua entre os livros mais vendidos. Os livreiros Carlos Maurício de Souza e Rodrigo Oliveira (rubro-negros), Mário Sérgio Ribeiro (tricolor) e Flávio Pinto de Paula (botafoguense), que fez as fotos, prometeram novidades para os próximos dias na Travessa do Leblon.

BOM DIZER – O livro Jorge Jesus, Amado e Desamado, custa R$36. Os amigos livreiros me disseram que algumas figuras do esporte gostam de conferir as novidades literárias e vão com frequência à Travessa Leblon. Entre outros, Bernardinho – figura máxima do vôlei – e os técnicos Cristovam Borges e Ricardo Gomes, fã de livros franceses, por dominar bem o idioma, que aprendeu enquanto jogador do PSG, Mônaco e Bordeaux.