RECORDISTA DE 876 JOGOS pelo Flamengo, com 508 vitórias, 78 gols, quatro vezes campeão brasileiro e da única equipe campeã da Libertadores e do Mundial de clubes, Junior disse na noite de ontem (22), que passou pelo drama que Vini Jr está vivendo na Espanha: “Já passei por isso. Quem não passou, não sabe o que é. Eu sei porque já passei” – resumiu Junior, solidarizando-se com o atacante que saiu do Flamengo para brilhar na Europa com a camisa do Real Madrid.
DEPOIS DE 10 ANOS, JUNIOR foi vendido em 1984 para o Torino, que defendeu em 98 jogos até 1987. Logo no primeiro ano na Itália, ele ouviu insultos, ao sair do estádio de San Siro com pessoas da família, após a vitória do Torino sobre o Milan: “Foi uma situação muito desconfortável, pelas palavras ofensivas e coisas piores, tipo até cusparadas. Estava longe de imaginar que pudesse ser recebido e tratado assim em uma cidade de gente tão elegante e educada”.
NO DÉRBI DE TURIM, JUNIOR sobrou manifestação forte racista, que o chocou ainda mais, sobretudo pelos padrões da época de quase 40 anos atrás. Torcedores da Juventus levaram faixas ofensivas, com citação à cor de sua pele. Mas se sentiu aliviado com a reação dos torcedores do Torino, que exibiram cartazes com os dizeres: “Melhor negro do que juventino”, o que provocou uma revolta, que mexeu muito com os torcedores da Velha Senhora, como a Juve é tratada.
JUNIOR ADMITE que o drama vivido agora por Vini Jr será bem resolvido: “A repercussão do caso tornou-se mundial e está envolvendo as mais altas autoridades, que precisam continuar pressionando os responsáveis. O problema atingiu o nível máximo, sem que se tenha lembrança de tantas ofensas, em tantos estádios, e em uma só temporada. Um dos grandes alentos, é a posição do presidente da Federação, censurando o presidente da Liga que organiza o campeonato”.
BOM LEMBRAR: em 1987, quando Junior, atuando pelo Pescara, foi o segundo melhor estrangeiro da Série A, depois do alemão Matthaus, campeão com vários recordes na Inter de Milão, o clube o homenageou com o amistoso das seleções da Itália e do Brasil, revivendo a Copa do Mundo de 1982.
PRESIDENTE DA REAL Federação Espanhola de Futebol desde maio de 2018, Luis Rubiales, ex-zagueiro de 45 anos, é conhecido pela firmeza de suas posições. Depois de duras críticas a Javier Tebas, presidente de La Liga, que organiza o campeonato, pela falta de postura nos casos de racismo, ele disse que gostaria que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol fosse ao seu encontro para ajudar na solução: “Se ele não puder, eu vou ao Brasil” – frisou Rubiales, interessado em solução rápida do problema.
DEPOIS DO ENCONTRO que teve ontem (22) com Florentino Perez, presidente do Real Madrid, que renovou o apoio integral, Vini Jr mostrou-se mais animado e agradeceu nas redes sociais o carinho de vários companheiros, solidarizando-se com seu momento. O atacante reafirmou: “Sou forte, tenho coragem e vou até o fim nessa luta”. O presidente do Real Madrid confirmou a renovação do contrato do técnico italiano Carlo Ancelotti e disse a Vini Jr que “esqueça a ideia de sair do nosso clube”.
Foto: Calciopédia e Divulgação / Site Oficial do Junior