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Foi um ano antes da Copa do Mundo de 1950, que Lamartine Babo compôs os hinos dos clubes cariocas, depois de muito protelar a entrega das letras à gravadora. Ele foi atraído para um baile fictício, um mês antes do Carnaval, e ao chegar, recebeu “voz de prisão” dos diretores, que o obrigaram a cumprir a palavra e a começar a escrever as letras. O primeiro que compôs foi o do Bangu, único em que citou o nome de um jogador, Domingos da Guia.

A ORDEM – O segundo hino composto por Lamartine foi o do Flamengo. Depois, o do Botafogo e o do Fluminense, único em que teve parceria, a do tricolor Lyrio Panicalli – 1906 – 1984 -, maestro, arranjador e pianista, que conheci e vi regendo sua orquestra, no auditório da Rádio Nacional, onde comecei aos 18 anos, em abril de 1958. Por último, o do América, clube do coração. Lalá, como o tratavam, era torcedor apaixonado do time da Rua Campos Salles 118.

MESMO ANO – Lamartine era sobrinho do botafoguense Osvaldo Sargentelli – 1923 – 2002 -, que conheci em 73 em Ipanema, em sua casa noturna de shows Oba-oba, onde apresentava “as mulatas que não estão no mapa”, entre elas Adele Fatima e Solange Couto. Só tive um contato pessoal com Lamartine, que me revelou a paixão: “Porque o América é da Tijuca, onde nasci, e do mesmo ano”. Lamartine nasceu em 10/1/1904 e o clube em 18/9/1904.

O ÚLTIMO – Três anos antes de morrer, Lamartine foi ao delírio, com o último título carioca do América, em 1960, na virada (2 x 1) sobre o Fluminense. Fantasiado de diabo – símbolo do clube desde 1940 , ele desfilou de carro pelas ruas da Tijuca, passou pelo Estácio e chegou ao Centro da cidade, desfraldando a bandeira vermelha, gritando e repetindo o nome do clube. Lamartine morreu de infarto, aos 59 anos, em 16 de junho de 1963. 

SUCESSOS – Lamartine estudou no São Bento, quando compôs músicas religiosas; formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, mas gostava mesmo era de compor. Entre muitos, seu maior sucesso foi O Teu Cabelo Não Nega, o mais cantado do Carnaval de todos os anos, desde 1932. Uma de suas letras de muita irreverência, que predominava em quase todas as suas composições.

BOM HUMOR -Lamartine Babo, magérrimo, era sempre bem-humorado, e fazia piada com ele mesmo: “Eu me achava um colosso, mas um dia, me olhando no espelho, vi que não tenho colo, só osso”…  Na agência dos Correios, ao mandar um telegrama, o telegrafista bateu o lápis na mesa, em morse, para seu colega: “Magro, feio e de voz fina”. Lamartine tirou seu próprio lápis do bolso e bateu na mesa: “Magro, feio, de voz fina… e ex-telegrafista”…