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A meu pedido, Carlos Alberto Lancetta, entre os grandes especialistas mundiais de treinamento físico, com passagens marcantes pelos quatro grandes do futebol carioca e técnico da seleção brasileira de atletismo nos Jogos Olímpicos do Canadá e da Rússia, respondeu a quatro perguntas que enviei por e-mail sobre a volta do futebol agora.

  • Na sua visão, como analisa a volta do futebol agora?

“Creio que treinos e jogos no futebol brasileiro só devam acontecer quando a pandemia estiver totalmente controlada. Penso que esse controle deve ser feito de forma gradativa. Cada cidade, município e estado têm caracteristicas diferentes, e os cuidados devem ser adotados, de acordo com com as caracteristicas da região e do seu povo.

  • Na sua opinião, a falta de público no estádio tira muito da motivação do jogador?

“Os jogos de futebol sem público tiram totalmente a motivação. O jogador necessita da presença do público para poder desempenhar, em toda sua plenitude, sua capacidade física e técnica. A presença do público aumenta, em muito, os aspectos emocionais do jogo, fator que determina o sucesso ou o insucesso do atleta”.

  • O isolamento social é uma das recomendações da Organização Mundial da Saúde para o combate à pandemia. Como ficaria o futebol, jogo de contato inevitável, na sua opinião?
  • “O futebol moderno traz uma grande aproximação, aumentando a intensidade do contato físico entre os jogadores. Com a recomendação da Organização Mundial da Saúde de isolamento total, creio ser muito temorosa a participação de atletas nos treinos coletivos, quando os técnicos fazem ajustes, e mais ainda nas competições”.
  • Você considera que, tanto no treino quanto no jogo, o jogador pensará duas vezes,  antes de uma disputa mais dura de bola com o companheiro e com o adversário, a fim de evitar problema ainda mais grave?

“Será muito natural que aconteça. A maior parte dos jogadores, no reinício das atividades de treinamento e de competição, terá receio com relação aos contatos físicos, além de muito cuidado com a higiene pessoal”.

PARA NÃO SER ESQUECIDO

Coloquei o espaço aberto para que Carlos Alberto Lancetta emitisse alguns conceitos, sob outros ângulos que considera o momento atual bastante delicado para o futebol. Ele resumiu.

” Os princípios básicos do treinamento desportivo não podem ser esquecidos: 1 – O princípio da integração teórica. 2 – O princípio da compactação do regime de treinamento. 3 – O princípio da especificidade do treinamento. 4 – A presença e o acompanhamento do profissional da Comissão Técnica é fator determinante no sucesso.

“Todos esses aspectos devem ser considerados em função da mudança do calendário de competições. Os atletas, individualmente, são diferentes, merecendo adaptação, maior ou menor, ao treinamento. A sobrecarga e a continuidade devem ser repensadas e aplicadas de acordo com a caracteristica de cada atleta, para que atenda à perfeita correlação/ Interdependência volume-intensidade”.

CARLOS ALBERTO LANCETTA, carioca de Vila Isabel, geminiano de 9 de junho de 1948, professor de Educação Física, sob registro 7332 no Ministério da Educação e Cultura, fez o curso de Técnico em Atletismo na Escola de Educação Física de Volta Redonda em 1975, e no mesmo ano o curso Internacional da Prática de Atletismo em Lusaka, capital de Zâmbia.

PRESIDENTE da Federação de Atletismo do Rio de Janeiro, em três mandatos, de 2005 a 2016, foi também secretário de Esporte e Lazer da Prefeitura do Rio de Janeiro em 2011 e 2012. Técnico da seleção brasileira de Atletismo nos Jogos Olímpicos de 1976 no Canadá e 1980 na Rússia. Preparador físico do Botafogo, Vasco, Fluminense, Flamengo e América, Lancetta foi também gestor de futebol do Vasco e do Botafogo.

Foto: Acontece em Petrópolis