O Rio de Janeiro, capital do país, precisava de um grande estádio para o Brasil sediar a Copa do Mundo, depois que o Uruguai organizou e foi campeão da primeira (1930), feito que a Itália repetiu em 1934, ao promover e ganhar a segunda, tornando-se a primeira bicampeã, ao conquistar o título de 1938, na França. A Segunda Guerra Mundial – 1/9/39 a 2/9/45 – impediu que a Copa fosse disputada em 1942 e 1946. Mas, após a Copa de 38, o Brasil já tinha dado o passo inicial, ao receber o francês Jules Rimet – 1873 – 1956 -, terceiro presidente da FIFA, que visitou o Rio e aprovou a ideia.
PEDRA FUNDAMENTAL – O lançamento da pedra fundamental foi feito em 2/8/1948, no terreno comprado em 1885 pelo Derby Club para as corridas de cavalo, que logo perderam interesse. Abandonada, a área virou depósito de carros do Exército, na região denominada Tijuca, ao lado do rio Maracanã, bairro que só foi criado em 1981. Maracanã vem do tupi Maraka’nã, que significa semelhante a um chocalho. A região era habitada por várias espécies de aves, entre elas o papagaio Maracanã-Guaçu, que fazia barulho parecido com o de um chocalho.
FORÇA DE UM NOME – A ideia de construir o estádio na área do Derby Club provocou muita discussão, entre o marechal Angelo Mendes de Moraes – 1894 – 1990 -, prefeito de 1947 e 1951 do então Distrito Federal, e o vereador Carlos Lacerda – 1914 – 1977 -, que preferia Jacarepaguá. Quem interveio, e decidiu que o estádio seria no Maracanã, foi o jornalista Mario Leite Rodrigues Filho – 1908 – 1966 -, fundador e diretor do Jornal dos Sports, primeiro jornal especializado do Rio de Janeiro. Quando Mario Filho morreu de ataque cardíaco, em 17 de setembro de 1966, o estádio passou a ter seu nome como grande homenagem.
OBRAS À MOSTRA – A construção do Maracanã demorou dois anos, mas é possível dizer que não chegou a ser concluída antes da primeira reforma, quando ficou sete meses fechado, após três pessoas morrerem e 82 ficarem feridas, no domingo, 19 de julho de 1992, antes do Flamengo x Botafogo, que decidiu o Campeonato Brasileiro. Treze metros da grade de proteção da arquibancada cederam e os torcedores do Flamengo caíram de uma altura de oito metros sobre as cadeiras azuis, também lotadas.
ROUBALHEIRA – Frequentei o antigo Maracanã desde 1958, ano em que cheguei de Manaus e comecei na Rádio Nacional. Em conversa com alguns funcionários, que trabalhavam antes mesmo das obras, eles me disseram que “os caminhões de cimento entravam por um portão e saíam por outro”, roubalheira que foi ganhando dimensão até levar o governador à cadeia. Basta lembrar que na reinauguração, em 27 de abril de 2013, um ano antes da Copa, as obras ultrapassaram 1 bilhão de reais!
PODERIA SER MAIS – Quando o Brasil foi oficializado sede da Copa do Mundo de 2014, em 30 de outubro de 2007, os políticos ladrões, em número crescente à medida que o tempo passa, não queriam outra reforma, não; queriam a implosão, a fim de ser construído outro estádio, o que, com certeza, aumentaria ainda mais a roubalheira insaciável. A FIFA cobrou rapidez em 2009 e insistiu em 2010 porque as obras estavam lentas. Cada vez que passava nas obras, o custo era maior. O roubo aumentava.
Fotos: bbc.com / divulgação suderj, IG Esportes, site um rio que passou em minha vida, agência Estado, Torcida do Flamengo, Lance, Diário do Comércio, Mega Arquivo, Médium, Justiça Global, Panela de Pressão, wikipédia, cariocadorio’s blog, Cidade Verde, Divulgação e Imagens&Visions.