POUCO DEPOIS da perda da Copa do Brasil, os muros da sede do Flamengo, na Gávea, bairro da Zona Sul do Rio, foram pichados por torcedores revoltados pela sexta tentativa perdida de ganhar um título em 2023: “Fora, Landim”. “Fora, Braz”, “Fora Gabigol”, “Elenco Safado”, “Vergonha”. Este ano o Flamengo perdeu a Supercopa do Brasil; o Campeonato Carioca, em que poderia ser o primeiro tetra no Maracanã; a Recopa Sul-Americana; ficou em 3º no Mundial de clubes; foi eliminado nas oitavas da Libertadores, e a Copa do Brasil, que poderia ganhar pela segunda vez consecutiva.

OS DIRIGENTES não desceram ao gramado do Morumbi para acompanhar a premiação dos jogadores, que receberam as medalhas em clima de muito abatimento, especialmente Bruno Henrique, autor do gol que chegou a dar esperança à equipe, que se sentou no gramado, após o apito final, chorando como poucas vezes se viu. O sentimento de Bruno Henrique, que pode até deixar o clube no fim do ano, sensibilizou milhares de torcedores nas redes sociais.

O TÉCNICO SAMPAOLI também não apareceu, a não ser na entrevista coletiva, que é obrigatória, sob pena de multa pesada ao clube, e perguntado sobre sua situação limitou-se a dizer: “A decisão é do presidente”. O técnico tem contrato até dezembro de 2024 e a multa pela rescisão é em torno de R$15 milhões. Sampaoli está isolado, sem o apoio do presidente, que o manteve o quanto pôde, mas nas próximas horas pode anunciar sua saída.

SAMPAOLI FEZ QUESTÃO de dizer: “Não passa pela minha cabeça pedir demissão. A avaliação é do presidente. O que posso dizer é que cheguei em um clube em crise, após o time perder a chance de ganhar quatro finais. Durante cinco meses trabalhei muito para mudar essa realidade, o que ainda não foi possível conseguir”. Sampaoli chegou a dizer que seu objetivo era transformar o Flamengo em um “time invencível”. O Flamengo não vence há três jogos, com derrota e dois empates, e só um gol marcado.

HÁ MUITA ESPECULAÇÃO em torno do nome do novo técnico, alguns bancando a contratação de Tite, sem trabalho desde que terminou o contrato com a CBF, após a Copa do Mundo de 2022. A se confirmar, poderia ser um estranho retrocesso no critério do Flamengo, que tem desprezado os técnicos brasileiros, preferindo bancar estrangeiros, que representaram fracasso completo, tipo o espanhol Domènec Torrent, os portugueses Paulo Sousa e Vitor Pereira, e agora Sampaoli.

A ÚLTIMA TÁBUA DE SALVAÇÃO do Flamengo é o Campeonato Brasileiro, em que o time é 7º, com 40 pontos, 11 vitórias, 7 empates, 6 derrotas e saldo de seis gols (36 a 30). A volta do time ao Maracanã, sábado (30), no jogo da 25ª rodada com o Bahia, 16º com 25 pontos, deve ser marcada por muitos protestos, com faixas, cartazes e vaias dos torcedores, não só aos jogadores, mas também aos dirigentes.

Fotos: Álvaro Santana