O CARIOCA NILTON SANTOS, recordista de 721 jogos, em 16 anos seguidos com a única camisa que vestiu, completaria hoje 99 anos, nascido no sábado, 16 de maio de 1925, na então pacata Ilha do Governador, onde iniciou no Flexeiras. O mito foi titular em todos os 12 jogos das únicas Copas consecutivas que o Brasil ganhou.
TIVE A FELICIDADE de conviver com a figura simples de Nilton Santos, e certa vez, quando lhe perguntei por que nunca beijou o escudo da camisa do Botafogo, ele sorriu: “Precisava? Eu nunca vesti outra”. Sobre o compadre Garrincha: “Pedi que fosse contratado porque queria ele no meu time, não tendo que marcá-lo”.
NILTON SANTOS estreou campeão carioca em 1948, e gostava de dizer, sempre brincando: “Fui o único invicto. Não joguei na única derrota, na estreia (4 x 0, em General Severiano, para o São Cristóvão). Nesse ano aprendi a gostar de gemada, que o Carlito Rocha (presidente) obrigava o time a tomar antes dos treinos”.
A FAIXA DE CAMPEÃO era o momento marcante da época em que Nilton Santos ganhou o primeiro título carioca no Maracanã, a três dias do Natal de 1957, na final com mais gols de toda a história do campeonato: 6 x 2 no Fluminense, única em que um jogador (Paulo Valentim) fez cinco gols. O outro gol foi do Garrincha.
NILTON SANTOS recordava: “Numa excursão que fizemos em 55, o Garrincha já tinha vendido o Dino da Costa para a Roma e o Vinicius para o Napoli. Ele deixava os dois na cara do gol e os italianos enlouqueciam. Foi o que ele também fez na final de 57, quando o Boca levou o Paulinho Valentim para a Argentina”.
A ENCICLOPÉDIA, foi como o gaúcho Luiz Mendes, com quem tive a honra de aprender muito, definiu Nilton Santos. Mas o acreano Armando Nogueira, colunista do Jornal do Brasil, teve outra definição genial: “Em campo, parecias tantos, mas, no entanto, eras só um, Nilton Santos”.
NILTON SANTOS foi um dos cinco titulares absolutos do Botafogo na seleção bicampeã do mundo, na virada (3 x 1) sobre a Tchecoslováquia, em 17 de junho de 62, no Estádio Nacional do Chile: Gilmar, Djalma Santos, Mauro (c), Zózimo e NILTON SANTOS; Zito e DIDI; GARRINCHA, Vavá, AMARILDO e ZAGALLO.
SÓ ELE SERIA CAPAZ de dizer após o jogo: “Acabou. Foi o último. O que posso querer mais, depois de ganhar duas Copas aos 37 anos?” Foi a 64ª vitória em 85 jogos, desde a estreia no domingo, 17 de abril de 1949, no estádio do Pacaembu, com 5 x 0 na Colômbia. Nilton Santos fez três gols com a camisa da seleção.
NA ÉPOCA, OS LATERAIS tinham mais a missão de marcar e Nilton Santos só não foi titular na Copa de 50, que o Brasil perdeu de virada no Maracanã, porque Flávio Costa, técnico linha-dura da época, não gostava de vê-lo passar do meio do campo: “Ele gritava comigo e pedia que não avançasse”.
NILTON SANTOS, imortal da Fifa desde 2000, prêmio de melhor lateral-esquerdo de todos os tempos do futebol mundial. Estádio Nilton Santos, em Palmas, capital do estado do Tocantins. Estátua em tamanho natural no Estádio Nilton Santos, do Botafogo, com seu nome desde 2017, decreto 42883 da prefeitura do Rio.
NILTON SANTOS até evitava falar sobre os da sua época: “É melhor, não. Dizem que somos saudosistas, mas os que viram Leônidas, Da Guia, Zizinho, Ademir, e depois Garrincha e Pelé, serão sempre saudosistas. Só se pode sentir saudade do que foi bom, embora tenha gosto pra tudo”.
Fotos: Twitter oficial do Botafogo, Divulgção e ND mais