O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro foi concluído nesta quarta-feira, 17 de março de 2021, dois anos, um mês e nove dias depois do incêndio, em que dez jovens do futebol de base do Flamengo morreram dormindo, em contêineres inapropriados, no CT Ninho do Urubu. O relatório será levado ao plenário para aprovação e encaminhado ao Ministério Público pedindo o indiciamento de nove responsáveis, quatro do Flamengo.
HOMICÍDIO CULPOSO – Em janeiro de 2021 o Ministério Público denunciou onze pessoas por incêndio culposo, e agora, na aprovação do relatório final, a CPI indiciou nove por homicídio culposo. Com a decisão de passar o caso, de incêndio culposo para homicídio culposo, os réus irão a júri popular, com previsão de tempo mais longo de condenação, pelos crimes cometidos contra dez pessoas, que morreram queimadas, enquanto dormiam durante a madrugada, sem ter como escapar da tragédia.
QUATRO DO FLAMENGO – Dos nove indiciados pela CPI concluída hoje (17), quatro são do Flamengo: CARLOS NOVAL, ex-diretor do futebol de base; MÁRCIO GAROTTI, ex-diretor financeiro, e os engenheiros LUIS FELIPE PONDÉ e MARCELO SÁ. Os outros quatro indiciados são da NHJ DO BRASIL, fornecedora dos contêineres: FÁBIO HILÁRIO DA SILVA, WESLEY GIMENES, DANILO DA SILVA DUARTE e CLÁUDIA PEREIRA RODRIGUES, e o técnico em refrigeração EDSON COLMAN DA SILVA.
FALTA DE HUMANIDADE – O relatório da CPI da Assembleia Legislativa faz referência à falta de humanidade da atual diretoria do Flamengo, na negociação com as famílias dos dez jovens que morreram no incêndio, e ressalta: “Por fim, não se pode olvidar que a atual gestão do clube não se preocupou em averiguar o estado do Centro de Treinamento, visto que, “quando se chega numa casa nova, verifica-se se a mesma está dentro dos padrões de segurança, conforme a legislação vigente. O Sr.Luiz Rodolfo Landim nitidamente se autopromoveu com a inauguração do novo CT, em um claro “jogo de marketing”.
BANDEIRA SEM CULPA – O relatório salienta ainda “a ausência de manifestação positiva para negociar com as famílias, o que revela com clareza a falta de humanidade”. O relatório da CPI da Assembleia Legislativa também exime de culpa o ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo de forma bem clara, sem deixar dúvida alguma: “Na época dos fatos, ele já não era mais presidente do clube, não havendo indícios, portanto, de que qualquer ato seu tenha contribuído para o trágico evento”.
DESVIO DE CULPA – Bom lembrar: sem que se saiba por ideia de quem do Flamengo, o ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo teve o nome citado, foi convocado duas vezes e compareceu em ambas à CPI da Assembleia, mostrando firmeza e coragem, enquanto o presidente Landim não se fez presente na primeira reunião, mas disse que iria à segunda reunião e também não compareceu, evitando contato direto com parentes das famílias das vítimas. A CPI deveria ter iniciado os indiciamentos pelo presidente, posto que o presidente é a figura mais elevada do clube, mas Landim continua sendo poupado.
Foto: Google Street