RAMON ÁNGEL DIAZ, ex-meia canhoto de 63 anos, é o nono técnico estrangeiro, terceiro argentino da história de quase 125 anos do Vasco (21/8/1898), com chegada ao Rio nesta 4ª feira (12), para cumprir 18 meses de contrato, até dezembro de 2024. Com ele, o filho e principal assistente, Emiliano Diaz, napolitano de 40 anos, nascido em 23/6/83, quando o pai jogou a primeira das sete temporadas na Itália pelo Napoli, e depois pelo Avellino, Fiorentina e Inter de Milão.
O VASCO É O 13º CLUBE de Ramon Diaz, técnico das sete primeiras temporadas no River Plate (1995 a 2002), campeão da Libertadores de 1996, dirigindo jogadores do nível de Hernan Crespo, Ariel Ortega, Enzo Francescoli e Marcelo Gallardo, os quatro mais destacados e que também ajudou a formar como treinadores. Seu trabalho mais recente foi em maio, no saudita Al-Hilal, que venceu o Flamengo, e foi à final do Mundial de clubes, perdida para o Real Madrid, no Marrocos.
É A PRIMEIRA VEZ que Ramon Diaz vai dirigir uma equipe brasileira. Em sua curta passagem de 17 dias pelo Botafogo, onde ficou de 5 a 22 de novembro de 2020, não assumiu porque teve problema renal, precisou fazer cirurgia, e o clube não teve paciência para esperar que se recuperasse. No Vasco, Ramon Diaz terá dois assistentes, um analista de desempenho e um preparador fisico, que integram sua comissão técnica permanente.
RAMON DIAZ só estreará na 16ª rodada com o Athletico Paranaense, domingo (23), em São Januário, o que lhe dará mais tempo para conhecer e treinar a equipe. Vasco x América Mineiro, do próximo sábado (15), foi adiado, pelos jogos do América, nos playoffs da Sul-Americana, o primeiro com derrota (2 x 1) para o Colo-Colo, na noite de ontem (11), no Chile. Na estreia de Ramon Diaz, o Vasco vai cumprir o terceiro jogo sem público como mandante.
DEPOIS DE TRÊS TÍTULOS no River, que ganhou a referência de time mais técnico, Ramon Diaz assumiu a seleção do Paraguai, com bom desempenho na Copa América de 2015 e 2016. Em 2016-17 ganhou o título saudita no Al-Hilal, voltou ao Paraguai para dirigir o Libertad em 2019, e ao retornar em 2021-22, foi de novo campeão saudita. O 2º lugar no Mundial de clubes, depois de eliminar o Flamengo e perder para o Real Madrid, aumentou o conceito de Ramon Diaz.
BOM LEMBRAR: depois dos quatro times italianos, Ramon Diaz foi campeão da Copa da França no Mônaco, e encerrou a carreira em 1993 no Yokohama Marinos, artilheiro e campeão japonês de 1993. Na seleção argentina, artilheiro e campeão mundial sub-20 em 1979, e na seleção principal, dirigido pelo ex-meia Cesar Luis Menotti, técnico campeão do mundo de 1978, Ramon Diaz fez 10 gols em 22 jogos, entre 79 e 82, ao encerrar a carreira na Copa da Espanha.
OS TÉCNICOS ESTRANGEIROS DO VASCO
O PRIMEIRO TÉCNICO estrangeiro do Vasco foi o uruguaio Ramon Platero, de 1922 a 1927, bicampeão carioca de 1923-1924, nove anos antes de o futebol do Rio se tornar profissional (1933). O segundo, Henry Welfare, inglês, com os títulos cariocas de 1929, 1934 e 1938, quando trocou o futebol pelo basquete e também foi campeão. O terceiro, Carlos Scarone, ítalo-uruguaio, que comandou o futebol do Vasco em 1937.
O 4º TÉCNICO ESTRANGEIRO do Vasco foi o uruguaio Ondino Viera, primeiro campeão carioca invicto em 1945, com 13 vitórias, 5 empates, saldo de 43 gols (58 a 15). Foi o ano da criação do Expresso da Vitória, mais duas vezes campeão invicto, sob o comando de Flavio Costa, em 1947 – 17 vitórias, 3 empates, saldo de 48 gols (68 a 20) -, em 1949 – 18 vitórias, 2 empates, saldo de 60 gols – 84 a 24 -, e primeiro campeão do Maracanã (1950).
O 5º TÉCNICO ESTRANGEIRO do Vasco, 1º português, foi Ernesto Santos, ex-zagueiro do Porto, professor universitário, que leu nos classificados do Jornal do Brasil o anúncio de que o clube precisava de um treinador, após a saída de Ondino Viera. Depois de apenas seis meses no Vasco, Ernesto Santos só voltou ao cenário 12 anos depois, quando entrou na comissão técnica da seleção, como observador dos adversários do Brasil na Copa do Mundo de 1958.
O 6º TÉCNICO ESTRANGEIRO do Vasco, primeiro argentino, foi Nelson Filpo Nuñez, em 1960, com campanha apagada, mas depois muito bem-sucedido no Palmeiras, tornando-se símbolo da Academia liderada pelo notável meia carioca Ademir da Guia. Em 1965, na inauguração do Mineirão, Filpo dirigiu o Palmeiras, com a camisa da seleção brasileira, que deu um show de bola na vitória sobre a seleção do Uruguai por 3 x 0.
O ARGENTINO ABEL PICABÉA foi o 7º técnico estrangeiro do Vasco, 11º e último time brasileiro que dirigiu, em 1961, após passagens pelo São Cristóvão, Madureira, Santos, Palmeiras e Canto do Rio. O oitavo técnico estrangeiro do Vasco, segundo português, de curta e triste passagem, foi Ricardo Sá Pinto: 3 vitórias, 6 empates, 6 derrotas, em dois meses e meio; entrou em 14 de outubro, saiu em 29 de dezembro de 2020, após a derrota para o Athletico Paranaense por 3 x 0.
Fotos: Michel Barrault / Onze / Icon Sport via Getty Images, Voxpopuli, Facebook