Wagner e Deni Menezes no Mercado São Pedro, em Niterói.

MUITO BOM REENCONTRAR WAGNER, amigo querido de tantos anos, campeão e melhor goleiro do Campeonato Brasileiro de 1995; campeão da Taça Teresa Herrera de 1996, o mais importante torneio de verão da Espanha; campeão carioca 1997 e do Torneio Rio-São Paulo de 1998, e entre os que passaram de 400 jogos honrando a camisa do Botafogo: “O time está no caminho certo” – diz ele, alegre e feliz com a campanha de 2023, que está acompanhando jogo a jogo.

WAGNER, COM 412 JOGOS, igual a Jairzinho, também se sente feliz por figurar na lista dos oito com mais de 400 jogos, em que também estão outros dois goleiros excepcionais iguais a ele: Manga, bicampeão carioca 61-62, com 442 jogos, e Jefferson, campeão carioca de 2010, 2013 e 2018, terceiro com 456 jogos, depois dos dois maiores: Nilton Santos, 723, e Garrincha, 612 jogos. “É uma honra que me alegra e mexe muito com o meu coração” – resume Wagner.

FOI NO BAR DO WAGNER, no Mercado São Pedro, em Niterói, que nos reencontramos ontem (21), e ele foi logo falando sobre a campanha do Botafogo, clube do coração, líder do Campeonato Brasileiro de 2023: “O time está na direção certa do título e o que se sente é que todos se mostram comprometidos com a conquista. Vejo a equipe muito aplicada, sem estrelismo, se empenhando mais a cada jogo, o que explica bem a vantagem de tantos pontos do segundo colocado”.

WAGNER SE DESMANCHA em elogios a Lucas Perri, o menos vazado do Brasileiro, só 7 gols em 15 jogos: “Excepcional. Bom condicionamento físico, técnico e mental. Frio, seguro, ótima colocação, sai jogando com muita rapidez e precisão. Na minha visão, o Lucas Perri é completo, com todos os requisitos, e penso que já merece a seleção”. Wagner faz questão também de ressaltar que “o Botafogo está no mais elevado patamar de campeão”.

WAGNER diz que “o excesso de técnicos estrangeiros é uma sacanagem que estão fazendo com os técnicos brasileiros”, e vai além: “Os clubes têm mais paciência, mais tolerância com os estrangeiros”, mas também não deixa de admitir que “os técnicos brasileiros nunca souberam se valorizar. Faziam tipo um rodízio, hoje em um clube, amanhã em outro, tipo uma panelinha”. O ex-goleiro lembrou que “o futebol português só brilhou em Copa do Mundo com técnicos brasileiros”, citando Oto Glória, 3º na Copa de 66, e Luiz Felipe Scolari, 4º na Copa de 2006.

  • E a seleção brasileira, Wagner, que completou cinco Copas sem Copa?

-Chegou a esse ponto porque perdeu a identidade. O torcedor brasileiro não sente mais prazer em ver a seleção, que precisa voltar a valorizar os que jogam no Brasil. Os que jogam na Europa não sentem nada pela seleção, a não ser o Vinicius Junior, que joga com a vontade de ser o melhor do mundo. Os outros não estão nem aí pra seleção.

WAGNER faz questão de citar os sobrinhos Gabriel e João Pedro: “Eles sabem mais do Cristiano Ronaldo e do Messi do que de qualquer jogador da seleção brasileira, e quando jogam pelada, comemoram o gol como o Cristiano Ronaldo”.

-Wagner, e o VAR?

  • Atrapalha mais do que ajuda. Prefiro a decisão do árbitro, doa a quem doer. O VAR só atrapalha.

WAGNER INICIOU no Bangu em 90 e saiu em 93, depois de 178 jogos, grato ao ex-zagueiro Moisés, seu primeiro técnico: “Eu tinha 20 anos e o Moisés me bancou, passando por cima até mesmo do Castor, que mandava com mão de ferro, mas tinha muito respeito por ele. O Bangu tinha o Palmieri e o Gilmar, mas Moisés me disse: “Você é o meu goleiro e isso não posso esquecer”. Wagner também citou o técnico Antonio Clemente: “Foi importante, me deu muita força”.

-E o Paulo Autuori, teu técnico campeão brasileiro em 95?

  • Esse foi especial. Sabia fazer o profissional crescer. Falava fácil e simples, direto na orientação. Técnico, e psicólogo, ao mesmo tempo. Mas não posso deixar de citar o Joel Santana, tipo paizão, mas também sabia orientar e exigir.

O BAR DO WAGNER ocupa metade do salão principal do Mercado São Pedro, em Niterói, e está completando 12 anos: “Comecei com um quiosque, na Praia de Camboinhas, durante sete anos, e inaugurei a loja aqui no Mercado no dia 11 de julho de 2011”. Wagner arregaçou as mangas, e com o apoio da família, hoje tem cinco lojas, e dos seis funcionários, só um homem, o cozinheiro: “Se os clientes voltam sempre é sinal de que gostam e são bem tratados” – resume feliz.

Fotos: Acervo Deni Menezes