Em momento muito favorável, em que começava a se firmar como uma das promessas mais seguras entre os jovens atacantes do futebol brasileiro, Pedro perde a primeira chance de confirmar sua subida na carreira, ao ser cortado da seleção, devido à torção do joelho. Não é motivo para perder o ânimo, por ser jovem, porque a recuperação será curta e, principalmente, porque o técnico já antecipou que está nos planos das próximas convocações.

Surgiu a chance para Richarlison, que em dois jogos fez três gols e está no topo da artilharia do Campeonato Inglês, assim como Pedro, com dez, lidera os goleadores do Campeonato Brasileiro. A chance chegou para reanimar o ex-atacante do Fluminense, após a suspensão automática por ter atingido adversário com o braço, após livrar o Everton da derrota na estreia e de fazer o gol da vitória no segundo jogo. Uma convocação não só para reanimar, mas, também, para refletir.

PEDRO é de 20 de junho e Richarlison de 10 de maio, ambos com 21 anos, nascidos em 97. A vantagem de Richarlison é a de já estar no cenário europeu, depois de aparecer bem em 2017-2018 no modesto Watford, com três gols em três jogos, o que lhe valeu uma das transferências mais caras do verão 2018-2019 para o tradicional Everton FC, que pagou 45 milhões de libras para tê-lo em Liverpool. E ele começou dando (bom) retorno com três gols em dois jogos.

RICHARLISON teve boa formação na base do América Mineiro e o aproveitamento aceitável de 9 gols em 24 jogos, em 2015-2016, o suficiente para melhorar em 2016-2017, quando fez 19 gols em 68 jogos pelo Fluminense. A subida também foi refletida nos valores porque o Fluminense conseguiu ganhar R$46 milhões, após a conversão dos 12.500 mil euros pagos pelo Watford. Não chegam a ser tantos os de 21 anos que começam abrindo duas portas em um ano na Premier League.

PEDRO, com certeza, após a rápida e completa recuperação, viverá os momentos alegres e felizes reservados a um profissional jovem, aplicado e consciente como ele tem mostrado ser. Formado no futsal e no campo, ele não esmoreceu, em momento algum, ao ser dispensado pelo Flamengo, aos 14 anos, após cinco anos no clube. Tanto que, no ano seguinte, foi artilheiro e campeão carioca sub-20 pelo Duquecaxiense, com 17 gols em 14 jogos.

NO FLUMINENSE, onde chegou em 2014, Pedro recorda que o apoio foi excelente e o trabalho já lhe permitiu, antes de passar à equipe principal, ganhar em 2015 o Torneio de Terborg (Holanda), vencendo na final os ingleses do Tottenham, depois de perder a decisão de 2014 para o Cruzeiro, maior ganhador do torneio; a Copa Spax (Alemanha), e o Brasileiro sub-15. Pedro e Richarlison compartilham da ideia de que os grandes clubes têm sabido fazer bom trabalho de base.

BOM LEMBRAR que Richarlison, convocado para o lugar de Pedro, nesta segunda (26), para os amistosos da seleção brasileira com Estados Unidos e El Salvador, em setembro, são sete anos mais velhos que Pinheiro – 13/1/1932 – 30/8/2011 -, zagueiro do Fluminense, campeão sul-americano da juventude, aos 15 anos, em 1947, e o mais jovem da seleção brasileira em Copa do Mundo, aos 22 anos, em 1954, na Suíça.

PINHEIRO, ao chegar de Campos, norte do estado, às Laranjeiras, não apenas teve a orientação segura de Zezé Moreira – 16/10/1907 – 10/4/1998 -, seu técnico nos títulos cariocas de 51 e 59, e na Copa de 54, mas também se destacou como o segundo a vestir a camisa tricolor (605 jogos), de 1948 a 1963, depois de Castilho, o maior goleiro da história do clube, com 697 jogos. Pinheiro foi técnico da base e formou campeões como os zagueiros Abel e Edinho e os volantes Pintinho e Delei.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF