“Ele quase não se alimenta e mal consegue se levantar” – resumiu Uschi Muller, mulher de Gerd Muller, artilheiro da Copa do Mundo de 1970, campeão da Copa do Mundo de 74, maior artilheiro da história de 120 anos do FC Bayern Munique e primeiro alemão a ganhar a ganhar a Bola de Ouro da FIFA, que nesta terça, 3 de novembro de 2020, completa 75 anos, passando por um drama comovente, que sensibiliza a todos os alemães. Ele sofre de demência, não fala e pouco abre os olhos.

DOCE PASSAGEM – Meiga e de fino trato, Uschi Muller diz com voz pausada e suave: “Gerd está fazendo docemente, enquanto dorme, sua passagem para o plano superiorÉ lindo quando ele abre um pouco os olhos, e às vezes consegue indicar, sim ou não, mexendo os cílios”. Gerd Muller está internado em um asilo, nos arredores de Munique, com toda assistência do clube em que se tornou ídolo e um dos imortais do futebol alemão, com admiração e respeito de todos os clubes, não só do Bayern.

HOMENAGEM – O Bayern Munique fará homenagem a Gerd Muller, pelos 75 anos, antes do jogo histórico de hoje (3) com o Salzburgo – primeiro entre os dois times -, em Salzburg, quarta maior cidade da Áustria, onde nasceu o genial compositor e maestro Richard Wagner – 1813 – 1883 -, a 295 km da capital Viena. O clube mantém sob o mais absoluto sigilo de que forma será a homenagem ao seu maior artilheiro, neste dia em que completa 75 anos, com a saúde muito debilitada.

709 JOGOS, 654 GOLS – Foram os números de Gerd Muller, entre 1963 e 1982, durante a carreira de 19 anos, iniciada antes dos 18, no FC Nordingen, com o nome da pequena cidade medieval do estado da Baviera, onde nasceu em 3 de novembro de 1945, no Sudoeste da Alemanha, a 518 km da capital Berlim. Fez 180 gols dos 204 do time, ao ganhar a terceira divisão. Em 15 anos com a camisa do Bayern, 608 jogos, 566 gols, sete vezes artilheiro do campeonato: 66-67 (28 gols), 68-69 (30), 69-70 (38), 71-72, 72-73 (36), 73-74 (30), 77-78 (24).

RECORDISTA – Gerd Muller detém dois recordes históricos no futebol alemão: o de 40 gols, no campeonato de 1971-72, e o de 365 gols em todos os campeonatos de que participou. Ele marcou 13 gols nos 12 jogos de mais alto nível, em quatro finais da Liga dos Campeões e em oito finais da Eurocopa e Copa do Mundo, com o gol da virada (2 x 1) sobre a Holanda, na decisão de 74, no antigo Estádio Olímpico de Munique. 

BOMBARDEIRO – Gerd Muller era tratado por Der Bomber (Bombardeiro, em alemão) pela potência do chute, e também ganhou o apelido de caubói, por ser muito rápido e certeiro nas finalizações. Ele dizia que não procurava ângulos ou efeitos plásticos, preferindo tornar tudo mais simples, resumindo assim: “A bola rasteira é mais difícil para o goleiro do que a bola alta”. Ainda garoto, queria ser tecelão, igual ao pai. Os outros meninos o chamavam de Kleines, dickes Muller (Pequeno e gordo Muller).

ÍDOLO PUSKAS – Gerd Muller está entre os que veem Pelé como o maior de todos, mas Ferenc Puskas foi seu ídolo: “Foi o primeiro canhoto genial que vi, antes de Rivelino”. O artilheiro alemão sempre disse que uma de suas maiores alegrias foi a de ter conseguido superar Puskas, pelo menos em um quesito: na seleção alemã, Gerd Muller fez 62 jogos e 68 gols, enquanto Puskas, na seleção da Hungria, fez 84 jogos e 83 gols.

BECKENBAUER – Em sua segunda temporada no Bayern, Gerd Muller passou a jogar com outros dois notáveis, o goleiro Sepp Maier e o volante Franz Beckenbauer, capitão da seleção de 74, e que em 90, passaria a ser o segundo campeão do mundo como jogador e técnico, depois de Zagallo. Pois é Beckenbauer quem resume: “Tudo o que o Bayern é hoje se deve ao Gerd Muller e aos seus gols. Se não fosse por ele, o clube ainda continuaria em uma velha barraca de madeira”.

BOM LEMBRAR – Durante 32 anos, com os 10 gols da Copa de 70, em que foi artilheiro, e os 4 gols da Copa de 74, em que foi campeão, Gerd Muller tornou-se o maior artilheiro das Copas, com 14 gols, só ultrapassado pelo Ronaldo Fenômeno, com 15 gols em 2006 (4 em 98; 8 em 2002, e 3 em 2006). O recorde atual, até que chegue a Copa de 2022, foi batido por outro alemão, Miroslav Klose, com 16 gols, após marcar o segundo dos 7 x 1, na tarde da terça-feira, 8 de julho de 2014, no Mineirão.

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